quarta-feira, maio 29, 2013

Expletiva

expletiva | s. f.
fem. sing. de expletivo

Sabia que? Pode consultar o significado de qualquer palavra abaixo com um duplo clique.Experimente em:
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expletiva |eisplè|

s. f.

Palavra ou expressão redundante ou desnecessária, mas que dá ênfase, força, graça, etc.


expletivo |eisplè|

adj.

1. Redundante; desnecessário.

2. Epentético.
3. [Gramática]  Que é usado sem qualquer necessidade semântica ou sintática, mas apenas por questões de estilo ou de ênfase.

terça-feira, maio 28, 2013

“Sr. Euro” debaixo de fogo


Lido no Presseurope.eu
JEROEN DIJSSELBLOEM: “Sr. Euro” debaixo de fogo

NRC HANDELSBLAD AMESTERDÃO

28 maio 2013



Hajo / Caglecartoons

O presidente do Eurogrupo está a receber cada vez mais críticas. Depois de algumas gafes políticas, é agora acusado de ser excessivamente influenciado pela sua equipa de arrogantes funcionários do Ministério das Finanças holandês.
Às oito da noite de 13 de maio ficou a saber-se que os 17 ministros das Finanças da zona euro tinham acabado a sua reunião. “Finalmente, o Eurogrupo tem um gestor eficiente”, foi o comentário de um diplomata de um dos países do euro. Que gosta de manter as rédeas curtas quando lidera reuniões é um dos poucos elogios que o ministro holandês Jeroen Dijsselbloem recebeu desde que assumiu a presidência do Eurogrupo, em janeiro.
Basta fazer algumas perguntas a altos funcionários europeus e de governos nacionais e a outras partes envolvidas para obter uma longa ladainha de queixas. Um dos aspetos que irrita muita gente é o facto de os funcionários holandeses do Ministério das Finanças estarem paulatinamente a assumir a coordenação do Eurogrupo. Como resultado, os pontos de vista coletivos têm um pendor holandês muito maior do que era costume até então.

Nomeação orquestrada pelos alemães

Ao contrário do seu antecessor, Jean-Claude Juncker, Dijsselbloem contratou um grande número de funcionários do Governo holandês para o Eurogrupo, o que parece confirmar a antiga fama de que os holandeses “falam muito e gostam de dizer aos outros como devem fazer”.
A nomeação de Dijsselbloem foi orquestrada pelos alemães. Quando, no ano passado, Juncker anunciou que deixava o cargo, o ministro alemão das Finanças Wolfgang Schäuble quis ser o seu sucessor. No entanto, quase toda a gente discordou dessa ideia porque uma Alemanha já dominante passaria a ser dona e senhora da zona euro. Quando, em novembro, Dijsselbloem sucedeu a [Jan Kees] de Jager e a Holanda pareceu adotar uma postura mais moderada, Schäuble passou a olhá-lo como uma alternativa leal. Não faltou quem manifestasse as suas dúvidas. Outros perguntaram: “Esta é uma missão que um ministro pode desempenhar ‘a meio tempo’?”, “especialmente alguém novo no cargo”, acrescentavam outros. Mas Schäuble, no entanto, não queria um presidente permanente e a tempo inteiro, temendo vir a deparar-se com mais uma instituição europeia. Schäuble queria que a presidência continuasse nas mãos de uma “capital europeia” porque, pelo menos ali, sabe-se o que se passa no mundo.
Mas, aparentemente, Schäuble mudou de opinião. Segundo algumas fontes bem informadas, a chanceler alemã Angela Merkel começa a estar convencida de que a Europa deve ter uma presidência e, isto, por várias razões.

Nostalgia de Juncker em Bruxelas

Para começar, em fevereiro, Dijsselbloem recusou excluir a possibilidade dos titulares de contas terem de ajudar a pagar as perdas dos bancos de Chipre. E isso acabou por provocar uma fuga de capitais. Depois, em março, aconteceu a tristemente célebre longa noite de negociações sobre Chipre. Foram tantos os participantes a ameaçarem opor o seu veto que contornar todos esses vetos se tornou um objetivo em si mesmo. E isso acabou numa decisão lamentável: os aforradores que tinham menos de €100 mil no banco, cobertos pelo Sistema Europeu de Garantia de Depósitos, perderam parte do seu dinheiro. Muitos observadores se perguntaram se Juncker teria permitido tal coisa. “Mas Jeroen Dijsselbloem, que ouve sobretudo os seus colaboradores em Haia, não fez nada”, diz um alto funcionário europeu.
Outro dos problemas que Dijsselbloem enfrenta é um certo vento de nostalgia a favor de Jean-Claude Juncker que sopra em Bruxelas. Juncker, o único outro presidente que o Eurogrupo alguma vez teve (desde 2005), é um federalista de uma espécie rara: tem autoridade. O seu espírito confuso e o seu problema de álcool parecem esquecidos.

Berlim irritada

A seguir, no final de março, Berlim não gostou das declarações de Jeroen Dijsselbloem ao Financial Times. O presidente do Eurogrupo defendeu que os titulares de contas bancárias deveriam, a partir de agora, dar uma contribuição financeira mais frequente em caso de resgate dos bancos. Os países europeus ainda estão a negociar este assunto. Nem todos os países são favoráveis a esta solução. Entre os seus partidários, o calendário suscita desacordo, bem como a questão de saber quem devem ser os primeiros sacrificados: os acionistas, os detentores de obrigações ou os titulares de contas?
Depois destas declarações de Dijsselbloem, as ações dos bancos europeus caíram. Isso não lhe custará a cabeça, diz um funcionário europeu. “Mas basta que a notação de um único banco europeu desça para que a cabeça dele role.”

Uma pessoa a tempo inteiro para o cargo

Pode perguntar-se se a escolha de um outro ministro como presidente do Eurogrupo não levantará os mesmos problemas. Assim, em vez de encararem a possibilidade de o substituírem, alguns defendem, para aquele cargo, uma pessoa a tempo inteiro, que não esteja à frente de um ministério nacional e que possa servir o interesse coletivo. “A melhor solução para o Eurogrupo”, diz Peter Ludlow, reconhecido historiador do Conselho Europeu, “seria a nomeação de um presidente permanente e com experiência. Uma pessoa a meio tempo e com dois cargos, não funciona”.
Toda a gente concorda que não é fácil liderar o Eurogrupo. Para além de 17 ministros é também composto por três membros da troika: o BCE, a Comissão Europeia e o FMI. Por vezes, as reuniões são tão tensas que há pequenos grupos que se isolam para tentarem primeiro entender-se entre si e, depois, convencerem os outros. Umas vezes, são os países dotados de um “triplo A” que preparam as decisões, nos bastidores. Outras, é o “clube de Frankfurt”: alguns dos maiores países da zona euro, o BCE e o FMI. Tudo se passa fora das estruturas, de maneira que os grandes, por vezes, espezinham os mais pequenos.

“O Eurogrupo é do século passado”

“O Eurogrupo é do século passado. Simboliza todos os falhanços da arquitetura da Europa”, diz Guntram Wolff, do grupo de reflexão Bruegel. No entanto, para retirar o direito de veto aos países do Eurogrupo e funcionar com votações por maioria, se os governos assim quiserem, será preciso alterar o tratado europeu.
Uma tal alteração do tratado pode demorar anos a ser feita. Uma alternativa poderia ser a celebração de um tratado diferente para a zona euro, que dissesse unicamente respeito aos países da zona euro. Mas essa iniciativa também não pode ser posta em prática de um dia para o outro. Enquanto espera, o Eurogrupo tem de fazer aquilo que pode. É por isso que tudo depende do peso e do tato do presidente. Talvez seja pedir demais a um ministro.

A Maria

À porta de casa,

Maria
bateu com a boca
no vidro
da janela
fechada
do carro.

Álvaro,
sentado,
no lado de dentro,
ao volante,
tinha esticado o braço,
levando a mão à frente,
para com o dedo abrir a porta.

O seu gesto
foi,
por Maria,
entendido
como
o pedido de lambidela
carinhoso.

O terceiro milagre da política

Quanto a méritos pessoais já falámos e quase tudo deve estar melhor escrito e mais bem dito. Miguel Poiares Maduro passará o teste a que se apresentou se decidir de acordo com a sua melhor consciência e o seu melhor conhecimento. Não conheço outra forma de um humano decidir.

Um dos lados positivos da experiência em curso a que damos o nome de União Europeia era, até há algum tempo atrás, a decisão em grupo, em equipa, no Conselho e agora apenas no Conselho Europeu nas matérias que lhe está reservado esse privilégio.
Necessariamente, as decisões suportadas por uma base alargada terão maior tempo de vida, se se revelarem acertadas. Diz-nos a História que as tomadas por consenso, mas erradas, podem conduzir e acabar através de uma Guerra.

Miguel Poiares Maduro é responsável pela sua equipa. Não acredito que lhe tenham sido impostos os nomes: de António Leitão Amaro como Secretário de Estado da Administração Local, de Joaquim Pedro Cardoso da Costa como Secretário de Estado para a Modernização Administrativa, de Manuel Castro Almeida como Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional e por fim de Pedro Lomba como Secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional.

Ficamos assim a saber que temos um doutorando em Direito nomeado adjunto do Ministro Adjunto, um belo estágio, em pleno Governo; um doutorando em Direito Público, ex Secretário-Geral da JSD, promovido de Deputado a Secretário de Estado da Administração Local; temos como Secretário de Estado para a Modernização Administrativa um fundador e vice-presidente do partido político Movimento Esperança Portugal, que anda nos gabinetes do poder desde 1988, teria à data uns 23 anos; por fim, como Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Manuel Castro Almeida, homem que subiu a escada do poder e a escada social, sempre com a bengala partidária, começando como Deputado na Assembleia da República, com menos de 35 anos, apesar dos seus já longos 19 anos de vida profissional.


A responsabilidade por estas escolhas é de quem? Tratam-se de imposições partidárias, presidenciais, de ambas ou de sua livre, ponderada, conhecedora e esclarecida vontade? Ficam as perguntas.
Há sempre o terceiro lado da política, normalmente o mais baixo. Aquele que nos tempos de hoje está completamente dominado pelos aparelhos dos partidos. Todo e qualquer outro grupo de pressão não passa de pedra no sapato. A menos que diga ámen, discuta futebol e de Cultura apenas conheça fado. Em suma, a alma da raça lusitana.
É um caso, multiplicado por quatro, em que claramente o elevado desemprego pressionou para baixo as decisões políticas. A escolha de uma equipa é já um ato político de decisão, que se quer esclarecida.





segunda-feira, maio 27, 2013

O Político

Miguel Poiares Maduro chegou apenas recentemente à Política. À chegada, foi, devido às suas capacidades e ao nível de conhecimento, já sobejamente provados, agraciado por outros de igual valia

Como académico tem e dá provas de Macau a Chicago, passando, entre outras, por Londres, Florença, Madrid e Lisboa.

Como político, digamos que a sua capacidade estava como que adormecida. Em termos apenas de intervenção porque, o processo indispensável de aquisição de conhecimento necessário à tomada de decisão leva o seu tempo. Antes de emergir está como que adormecido, em estado latente.

Apenas alguns se dão ao trabalho de formiga que é armazenar conhecimento e apenas esses poderão estar na posição de decisores políticos.

Estas duas fases e formas de se ser político são as que mais falta fazem à Política.

A Política vem sempre antes e só depois o Político.

Em construção...

Busco, Pedro, Miguel Poiares Maduro. Fico a saber que nomeou, entre os secretários de estado, Pedro Lomba. Pesquiso Pedro Lomba e chego ao artigo por si assinado, como jurista, e publicado num blog de jornal. Isto de escrever e gravar o texto num blog tem o que se lhe diga. Associada à ideia de blog está a perenidade que a Internet pode oferecer. Por vezes dá-se o fenómeno da multiplicação e os nossos escritos podem fugir do nosso controlo. Por mais que se elimine um endereço, coisa possível, há sempre um registo atrás de qualquer esquina. A Internet também tem esquinas, muitas.

Que lamentável! De nada.






Quinta-feira, 17 de Março de 2011; Lamentável é a ingratidão; Público, 2011-03-17; Pedro Lomba.


"A guerra colonial começou há 50 anos. Não é do meu tempo.
Só não tem o significado da guerra do Peloponeso,
porque,
digamos,
foi uma guerra que envolveu Portugal,
e Portugal sempre é o país onde nascemos.

É difícil falar dela sem ceder às brigadas do politicamente correcto.
Não foi o caso do Presidente da República,
que,
numa cerimónia
de homenagem
aos antigos combatentes,
invocou o exemplo 
da "coragem"
e do "desprendimento
com que os jovens de há 50 anos
assumiram a sua participação
na guerra do Ultramar".


Isto, que em qualquer democracia digna não mereceria mais do que uma nota de pé de página, no nosso
Portugalinho ainda não se pode dizer.
O policiamento a que somos invariavelmente sujeitos deprime.
A terreiro tinha logo de vir o Danton do burgo, Francisco Louçã, criticar 
Cavaco por "reescrever a História"
e "distinguir a intervenção militar".
E acrescentou a seguir o líder do Bloco de Esquerda:
"Cavaco Silva está em guerra com o passado. Só assim se compreende
comparar as "Forças Armadas de hoje com as da ditadura e do colonialismo."

Nunca me ocorreu fazer o mais leve reparo
sobre aqueles que, tendo sido forçados pelo regime
a combater
uma guerra
de que discordavam frontalmente,
resolveram desertar,
fugir
ou exilar-se.

(Recordo que essa infâmia
foi arremessada contra Manuel Alegre
nas últimas presidenciais.)

Não é só por falta de legitimidade histórica ou política.
Por uma questão básica de respeito:
eles tinham convicções
e se há exercício que testa
genuinamente
a consciência liberal de uma pessoa
é esse.

Nenhum Estado,
nem mesmo numa democracia
quanto mais numa ditadura,
pode dispor
em absoluto
das convicções de consciência
de uma pessoa.

E não preciso dizer que muitos são credores do nosso agradecimento:
lutaram por uma democracia que,
apesar de ter chegado a este estado doentio,
será
sempre
superior
às alternativas.

Pelas mesmas razões,
tenhamos a coragem de "vestir a pele"
dos muitos portugueses nascidos na década de 30-40
que tomaram a decisão precisamente contrária.


Melhor,
que não tomaram qualquer decisão,
porque encararam a participação
na guerra
como
um facto inevitável.


Foram muitos.
Entenderam que o seu dever era estar ali.
Fizeram-no pagando um preço pessoal elevado.

Para a maioria, presumo, não era Salazar nem Caetano.


Eram eles próprios,
era o sentido do dever,
da dignidade
e da sobrevivência.

Muitos eram milicianos,
não eram bem-nascidos nas burguesias
de Lisboa como o próprio Louçã e outros,
não tinham tempo para pensar em política.

E o que tem Louçã para dizer a esses portugueses:
que estavam enganados,
que todo aquele empenho,
coragem
e honra
não merecem nenhum respeito,
reverência
ou admiração.

Que eles não são,
nem podem
ser
exemplo
para
ninguém.


É isto que a cabeça totalitária de Francisco Louçã tem para lhes dizer.

Pois, como outros dizem,
não apaguem a memória.

Os antigos combatente são mesmo um exemplo.
E isto, repito, não é reescrever a História.
A História está escrita.
Tem sido escrita.
Não pode é ser a História contada pelos que dela se apropriaram.


Se Louçã percebesse,
já não digo valorizasse,
um mínimo da ética militar,
um mínimo da continuidade
de valores
que deve animar um país,
não diria que existiam
umas Forças Armadas
da "ditadura e do colonialismo"
e outras da democracia.


Existia um regime da ditadura,
tal como existe outro regime da democracia.
Sim,
não são iguais.

Mas
o dever militar,
que, entre outras coisas,
requer obediência e prontidão,
esse tem de ser o mesmo.

A culpa e a responsabilidade
pertencem aos políticos.

Os portugueses impreparados
que irresponsavelmente
partiram para a Flandres
em 1918
sabiam disso.

Louçã e companhia,
na sua falta de gratidão
e respeito pelo passado,
gostariam de esconder
os antigos combatentes,
fechá-los num armário
para que eles não apareçam,
porque
são a memória de um tempo iníquo.
E dizem-se eles democratas e liberais."


Não vejo onde, Jurista!



quinta-feira, maio 23, 2013

Um desaguisado

A propósito de uma suposta Ratoeira Alemã, vem, num artigo de opinião, André Macedo alertar para um suposto desaguisado entre a Comissão Europeia e a Alemanha. Tudo se passa em volta do encontrar de alvo a quem apontar por responsável no falhanço social - o mais sofridamente  experienciado, ainda que não resignadamente - e político em que nos vemos mergulhados desde o verão de 2010.
Como refere no artigo acima mencionado:
"...depois de termos engolido tudo, depois de termos sido acusados de todas as patifarias e desperdícios, agora que estamos de joelhos, com a dívida pública nas nuvens, agora que falta um ano para o fim do resgate... os pretensos salvadores zangam-se e reconhecem: este modelo não funciona e está carregado de erros".
O plural empregue no sujeito, o nós, que tem a barriga cheia e sente dores de acusação injusta, representa hoje 199 658 281 cidadãos. Salvo algum erro meu no uso da ferramenta excel, trata-se da população da Islândia, do Reino Unido, da Grécia, da Irlanda, de Portugal, de Itália, de Espanha, do Chipre e com a da Eslovénia já incluída. Esta é apenas uma das dimensões do falhanço, pois outros tantos podem juntar-se nem que seja por adesão empática. Em qual destas regiões da Europa se podem sentir os seus cidadãos a salvo da onda de insanas - pela excessividade e continuidade - decisões políticas?

Os programas de assistência estão na base da discórdia entre a Comissão Europeia e a Alemanha, ao que parece. Por mim, manifesto o conflito que me leva a discordar do suposto desaguisado. Um barulho surge através dos meios de comunicação social como um lavar de mãos seguido de um elogio. Nada mais errado para o meu ouvido. Se a poderosa região alemã é a quem se aponta, então é porque se reconhece implicitamente que é de lá que vem a liderança europeia. Não é César que lava as mãos mas sim Pilatos. Não passa o apontar, no entanto, de um erro de percurso. Também não é à Comissão Europeia que cabe o papel de administrador provincial. Para quem sentiu vocação para Administrador, o lavar de mãos ainda está por fazer. Mais tarde virá o dia, quem sabe.

O papel da Comissão Europeia na sinfonia de Bruxelas, no que de forma direta se relaciona com o desaguisado, resume-se a administrar a competência exclusiva da União no que concerne ao "Estabelecimento das regras de concorrência necessárias ao funcionamento do mercado interno"; e à "Política monetária para os Estados-Membros cuja moeda seja o euro1"; de acordo com o Tratado que em Lisboa foi assinado, depois de escrito em primeira mão na língua alemã. A primeira competência abrange os quase duzentos milhões de europeus em cima contabilizados. A segunda quase exclui cerca de 63 000 000 de europeus, mas apenas quase.

As assimetrias no mercado interno sempre existirão e, ao seu funcionamento, de pouco lhe valem as regras, estabelecidas ou não pela União. Os excedentes comerciais apenas deixarão de ser vistos com maus olhos, ou até como excedentes, quando vivermos de fato em União. Já alguém ouviu um texano a queixar-se da balança comercial comercial californiana? Ou vice versa? Um lisboeta de um berlinense ou parisiense? No tempo de Trajano, a Capadócia tinha ainda administrador romano mas, por certo, um que falava a língua dos cultivadores de trigo e dos chicoteadores de cavalos.

Se os erros apontados são de diagnóstico ou de má prescrição pouco ou nada interessa aos mais de 500 000 000 de europeus e seus associados. Parece sim que voltámos ao tempo das províncias imperiais e dos estados-clientes. No entanto, nem o Império Romano sofria ainda do complexo de Ingenuity Gap nem a televisão é hoje o único fornecedor de critical actors.

"In this new world we are entering, producers of content for electronic media, especially television, are critical actors: In a time of increasing fragmentation of audiences and message, they must work to build that broader moral community - and the global human identity - that will allow us to bridge the widening gulfs of wealth and power, and to begin the common search for solutions to the enormous problems we face"2.

Temos por hábito o apontar de dedo que não é mais do que aquela posição de chofer que comenta o texto no Correio da Manhã. Mas teremos ainda dinheiro para nos sentarmos no banco de trás?


1- Tratado de Lisboa que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que institui a Comunidade Europeia, assinado em Lisboa em 13 de Dezembro de 2007; in Jornal Oficial da União Europeia, de 17 de Dezembro de 2007; 2007/C 306/01

2 - The Ingenuity Gap in a Fragmented World, Thomas Homer-Dixon, address to Banff TV Festival, June 11, 2001

quarta-feira, maio 08, 2013

Keynes, Keynesians, the Long Run, and Fiscal Policy


Keynes, Keynesians, the Long Run, and Fiscal Policy

One dead giveaway that someone pretending to be an authority on economics is in fact faking it is misuse of the famous Keynes line about the long run. Here’s the actual quote:
But this long run is a misleading guide to current affairs. In the long run we are all dead. Economists set themselves too easy, too useless a task if in tempestuous seasons they can only tell us that when the storm is long past the ocean is flat again.
As I’ve written before, Keynes’s point here is that economic models are incomplete, suspect, and not much use if they can’t explain what happens year to year, but can only tell you where things will supposedly end up after a lot of time has passed. It’s an appeal for better analysis, not for ignoring the future; and anyone who tries to make it into some kind of moral indictment of Keynesian thought has forfeited any right to be taken seriously.
And there’s an important corollary: how you should go about getting to some desired long-run outcome may depend a lot on how you think the economy works in the short run.
I don’t like the framing of this Blanchard-Leigh piece , which simply takes it as a given that we should be engaged in fiscal consolidation even in the short run, and the only question is how much. The truth is that the economics suggests strongly that we should be engaged in fiscal expansion right now. Still, framing aside, Blanchard and Leigh do get at the right issue: because the short-run effects of fiscal policy may differ greatly depending on the state of the economy, appropriate policy depends hugely on where we are right now.
And look, this isn’t hard. The overwhelming fact about our current situation is that conventional monetary policy is played out, with short-run interest rates at zero. This means that there is no easy way to offset the contractionary effects of fiscal austerity (maybe there are exotic ways to do something, but they’re tricky and unproved). And this in turn means that austerity right now is a terrible idea: any fiscal savings come at the expense of reduced output and higher unemployment. Indeed, even the fiscal savings are likely to be small and maybe even nonexistent: lower output and employment reduces revenues, and may inflict long-run economic damage that actually worsens the long-run fiscal position.
The other things B-L mention,like credit constraints, just reinforce this basic point. (By the way: Gillian Tett notes today that consumer spending is now fluctuating dramatically with the timing of paychecks, suggesting a lot of people living hand to mouth. What she doesn’t point out is that this is a world in which Ricardian equivalence, in which expectations of future taxes drive current spending, is even wronger than usual — and fiscal multipliers will be large).
The point, then, is not to ignore the long run; it is to recognize that the boom, not the slump, is the time for austerity, and spending cuts right now are disastrous policy. In the long run we are all dead; the point is to avoid killing our economy before its time.

terça-feira, maio 07, 2013

A Presidência Tripartida


A Presidência tripartida.






Actualmente o Conselho da União muda de figuras a cada seis meses. Numa presidência tripartida, cada estado estaria por um ano e meio no centro das decisões. Por se fazer a presidência de forma tripartida, ganhava-se rotina de trabalhar em conjunto em busca de uma mesma estratégia. A cada cinco anos um estado fazia parte da Presidência pelo menos uma vez, por um período de ano e meio. Isso mudaria muita coisa. As políticas ganhavam uma cara, senão três. A rotatividade faria-nos aumentar se não ainda criar laços de conhecimento. Isto numa atmosfera de bastante entusiasmo. Todos os resultados teriam um horizonte histórico ao qual reportar. A prestação de contas seria assim constante. Nem que fosse por uma questão de dignidade ética aquando da passagem da presidência.

quinta-feira, maio 02, 2013

...que sem pernas viva.


No site do Governo lê-se, numa pequena caixa assinalada com o título "sabia que",

"...cerca de 75% dos trabalhadores do Estado trabalham nas áreas da Educação, Saúde e Segurança?

(Fonte: DGAEP/OBSEP – SIOE; Caracterização do emprego público por ministério; Dados referentes a 30/06/2011

Falta uma onde se possa ler que apenas 31% do Orçamento de Estado é destinado a essas áreas. Quanto daí vai para salários de funcionários é-me por agora desconhecido. A minha pergunta é o porquê de se destacar estas três funções nobres em qualquer sociedade.

Se o Governo não for parado agora, virá a discussão sobre as funções do estado e a ladainha dos cortes permanentes. Dizia um funesto achador-mor com tiques de comentador económico que já não chega ir às gorduras nem mesmo à carne. É já necessário ir ao osso e mesmo até ao tutano. Coisa estranha de se dizer e de pensar. É de um sadismo mor mas enfim. Esse tutano, coisa tenrinha e suculenta quando comida do osso da vaca pode cheirar a pitéu para alguns. Parece-me no entanto que não se pára para pensar que esse tutano é de pessoas e que a isso se chama canibalismo.

Para protecção social disponibiliza o Governo 35% do dinheiro do Estado. Daqui, encaminha 6o% para uma categoria que designam por Velhice.

Para assuntos designados por económicos destina 10%.

Por cada euro que o Governo destina a assuntos económicos, dois vão para velhinhos e três vão para polícias e afins, professores e afins, médicos e afins.

É sempre bom dar um nome, ainda que o social, a alguns que vão sentir umas dentadas valentes.

Aos velhos já poucos lhes valem nem por vezes a própria família. Os polícias e afins, coitados, já se suicidam por desespero. Quanto aos nossos médicos e professores, desejo-lhes tudo de bom e que sejam sempre os melhores profissionais possível. Cortar em qualquer uma destas categorias sociais é cortar-nos as pernas a todos, por muitos e bons anos. Nunca ouvi falar de um povo que sem pernas...
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