Traição
Traição a Portugal. A luta política pelo poder, numa democracia como a portuguesa, está a ser financiada por poderes estrangeiros com interesses opostos ou pelo menos concorrentes. A corrida é para ser maior e mais feliz. Se é só para ser mais feliz, abandonemos de vez a ideologia do capitalismo económico. Ao longo da história, aquela que conhecemos, a história por nós feita acerca dos outros, as nossas interacções com os outros, no decurso da história os povos passaram fases de crise, de guerra ou conflito. Cresceram, prosperaram, entraram em declínio. Quase desapareceram ou pelo menos afundaram-se como protagonistas do seu destino coletivo: a essência da soberania. Neste momento, Portugal está a lutar para crescer, para ser uma sociedade mais próspera e mais feliz. Ninguém corre e luta com o intuito de piorar as condições materiais de vida.
Quem neste momento luta para que fiquemos mais pequenos e mais pobres é a extrema-direita. Líder e partido traem o interesse de Portugal e dos Portugueses.
O interesse de todos é ficar mais prósperos e felizes. Estamos a competir com outros interesses para crescer. Todos os recursos têm um valor máximo disponível e cada um luta por uma sua parte. A escala de cada bloco regional afigura-se no horizonte como decisiva para atingir o nosso interesse. É sabido a quem interessa o nosso declínio.
Não falo aqui de mais um declínio do ocidente. O nível de sofrimento ou de felicidade que temos pela frente deve poder ser definido em conjunto. Como comunidade. Mas de acordo com o nosso interesse.
Ao defender leis que impedem ou pretendem impedir o nosso interesse no sentido da prosperidade estão a defender o interesse alheio. São, de resto, por eles financiados e têm-nos como fontes de inspiração. A intervenção nas eleições e nos seus resultados repetem-se. Querendo o poder ou influenciando o poder eleito a seguir leis infames, correm o risco de ganhar lugar na história como os que lutaram politicamente pela expulsão dos estrangeiros. É necessário pôr fim à traição e a democracia permite-nos fazê-lo com o voto.
Portugal é um país em declínio populacional. As sucessivas crises deixaram-nos com taxas de fertilidade de 1,23537 em 2014 até 1,44770 em 2023. Sempre abaixo de 2,1, aqui indicado com um nível de precisão de acordo com o determinismo que o conceito encerra.
Seguindo, assim, a lista das páginas mais tristes, negras e infelizes da história. Da nossa e de todos os povos. As expulsões do Judeus, ao longo da história, não trouxeram grandes alegrias aos povos ou ao poder por elas responsáveis. Foram no entanto marcantes e decisivas no sentido do continuar da história, como a lemos, aprendemos e contamos. Sobretudo a dos ocidentais, mas também com repercussão na dos outros povos espalhados pelo globo.
A nossa história ajudou a apagar a ilusão de um mundo planar. Honrar a nossa história é atuar tendo em vista uma perspectiva global. Com maior ou menor pendor globalista, se todos tiverem uma relação saudável e estável com os seus vizinhos, em princípio estarão todos no bom caminho. Mesmo sendo esse um percurso dinâmico e constante. Os fundamentos da nossa existência coletiva desenrolam o seu papel num palco virado para o mundo global. Termos permanentemente consciência de estar a ser espectador e ator é a nossa condição.
Traição, por luta financiada por interesses estrangeiros. Traição por defender leis em Portugal contrárias ao seu interesse. Traição ao povo, mais grave ainda por enganá-lo conscientemente em favor de interesses concorrentes. Traição à nossa história. Traição à nossa cultura e identidade. Traição ao interesse dos próprios cidadãos que neles votam.
Não se pode ser ao mesmo tempo imensamente orgulhoso da sua história e recusar o seu desenrolar. Alguns episódios na história da civilização humana estão associados a guerras, a pestes e pandemias, mas também a fabulosas descobertas possibilitadoras de progresso humano. É infindavelmente maior e melhor a compreensão que temos sobre o que se vai passando ao nosso redor. Estamos todos a assistir em direto, 24 horas por dia, à realidade dos povos. Nunca antes isso aconteceu. Por que razão haverá um cidadão de querer deixar de fazer parte da história?
Toda esta história não significa nada para a minha vida real como ser humano, como pessoa na sua circunstância, mas ocupa uma grande parte da minha existência.
Se quisermos, quem luta pela sua existência luta pelo seu futuro, procurando modificá-lo. Podemos ajudar a escolher as mãos que irão moldar o nosso ouro, prata ou simplesmente barro. As páginas da história que ainda nos cabe escrever não têm de ser só tristes. Muito menos as suas estátuas.
