Fomos convocados a pensar a Europa. O futuro da União Europeia. A convocatória foi aberta a todas e a todos os cidadãos da União Europeia sendo que quem se quiser juntar ao debate, vindo de fora, será a meu ver bem vindo.
Pensar a Europa
Vendo a Europa lá do alto, a bordo de um avião, perco-me no pensamento enquanto passo os olhos pela paisagem. Campos verdes, florestas, rios, montanhas, vales, estradas, vilas e cidades, caminhos de ferro, outros de terra, mares e Oceano. Um voo entre quaisquer duas cidades europeias, mais longo ou mais curto, permite observar, lá do alto, a diversidade geográfica que constitui a Europa. Em certa medida, permite também constatar a diversidade económica, mas mais importante, talvez, a sua diversidade cultural de cidade em cidade. É quase certo poder-se afirmar que não existem duas cidades iguais. Não existem mesmo. É ao conjunto homem e edificado que chamamos cidade. Visto do ar por volta dos 10 000 pés de altitude, distingue-se muito bem do resto da paisagem a extensão de terreno pela qual se estendem as cidades. Como que panos deixados cair por uma mão criadora, a mão humana. Ao longo de milénios, foram-se aglomerando, adensando, nascendo, morrendo, deixando-nos história e uma base para avançar no futuro. Uma base que é fonte de cultura, de riqueza, de vida, com tudo o que esta contém.
Cada cidade está organizada politicamente por uma de diversas categorias administrativas. A gestão pública do espaço comunitário é a regra. Uma regra com sabores do passado, quase absolutos e ainda bem. É o passado comum dessa comunidade, ali estabelecida já desde há vários séculos, umas com mais e outras com menos história para contar, é o passado e a fidelidade e lealdade a essa história, o que ajuda a compreender os diversos níveis de organização política a que cada cidadão se submete. É a contingência de cada cidadão. A cidade onde se nasce ou a cidade onde se decide viver, isto se para elas não tenhamos sido apenas levados enquanto crianças e portanto, como sujeitos tutelados. A variedade nas pessoas é imensa quando analisada ao nível da cidade. Entre semelhanças e diferenças que marcam a nossa convivência na cidade enquanto cidadãos. Que me recorde, dos tempos de criança, a hospitalidade é um valor querido.
A tensão entre o afunilamento do nacional e a realidade da vida como cidadão.
Que valores partilhamos de cidade para cidade.
A estação de comboio é um valor querido.
O rio ou a serra em seu redor ou onde se implanta ou estende este pano deitado pela mão humana criadora é um valor querido.
As praças, os museus, as ruínas do passado são valores queridos.
A saúde, a educação, o trabalho, o lazer, são valores queridos.
A moeda não é um valor assim tão querido. A língua é uma circunstância individual e parte da identidade de cada ser humano. Não é uma questão de valor. De cidade para cidade vou encontrar mais lojas e casas iguais ou apenas muito parecidas do que pessoas iguais, que falem só uma língua, que tenham só um tipo de moeda no bolso. A diversidade é o normal no ser humano. Muito ainda que ele produz é uma repetição.
A liberdade de eleger e de ser eleito é uma característica em todas as cidades, de facto é um valor.
Caracterizam-se por serem concretas ou só abstractas. As ideias que estão na base dos valores.
Todos os valores são também uma ideia, ou sendo mais preciso, todos os valores são necessariamente uma ideia humana. O que quer que queiramos incluir num quadro de valores fundamentais a preservar começa por ser uma ideia querida.
É ao nível de cidade que vivemos, que somos seres humanos em contacto com outros seres humanos. Isto ao longo dos vários milhares de cidades e vilas espalhadas pela paisagem europeia.
Algures neste discussão terá de entrar a necessidade de criação de uma rede de Internet pública de acesso universal e gratuita. A rede do cidadão europeu.
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