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sexta-feira, janeiro 30, 2009

Boletim Meteorológico

diz que está tanto frio que os três graus parecem menos um!

Desacordo semântico?

ponho um ponto
canto um canto
pranto um pranto
começo no começo
sossego no sossego
parece e pareço
estudo o estudo
falo a fala
caminho o caminho
gosto do gosto
testo o texto

vejo-o o tejo

Um mundo de Paz

se a crise vem da medicina,
se o doente requer um médico
que a cura saiba para nos salvar,
então como esperar
que os remédios existentes possam servir para esta doença?
pensar. é preciso de novo pensar.
não quero remédio velho para crise nova.
mas se a crise é velha então prenda-se o médico.
ou estamos perante um caso de pura imprudência mundial.
globalizada que está a economia e global que se estende a crise.
ou procuramos uma solução global honesta e clara
ou caímos nas velhos remédios. Não se lembram?
1939-1945
antes amar.
se voltamos a cair nessa, juro que vou para outro mundo.um mundo de paz.

Pensionário

Crise - momento para amar intensamente.

Fantasia

os poemas de amor são patéticos.
em parte por serem sempre verdade.
o amor é universal.
se disser que a minha nuvem se aclara quando penso no teu amor.
não é nada de original.
não é fácil sê-lo.
no amor nada é novo e nem é preciso inventar.
preciso é só amar. amar. ser verdadeiro.
não ter medo de nada.
gostar de dentro para fora. gostar por inteiro.
gostar tanto.
gostar até ter frio só de em ti pensar.
sobe o sangue ao coração e aí permanece.
deixa de dar calor à minha mão que a pensar em ti escreve.
pensar que de novo te posso sonhar é remédio para a maior crise.
se no fim for apenas fantasia, que seja a de um conto de amor.

EU JÁ NÃO SEI

Domingos Gonçalves Costa / Carlos Rocha

Eu já não sei
Se fiz bem ou se fiz mal
Em pôr um ponto final
Na minha paixão ardente
Eu já não sei
Porque quem sofre de amor
A cantar sofre melhor
As mágoas que o peito sente

Quando te vejo e em sonhos sigo os teus passos
Sinto o desejo de me lançar nos teus braços
Tenho vontade de te dizer frente a frente
Quanta saudade há do teu amor ausente
Num louco anseio, lembrando o que já chorei
Se te amo ou se te odeio
Eu já não sei

Eu já não sei
Sorrir como então sorria
Quando em lindos sonhos via
A tua adorada imagem
Eu já não sei
Se deva ou não deva querer-te
Pois quero às vezes esquecer-te
Quero, mas não tenho coragem

Entre a dor e o nada

Dói-me.
O pé dói-me tanto!
É naquele sítio do calcanhar já a subir para a perna.
Quando o pé acaba.
Dói-me o fim do pé e o fim da perna.
Dói-me o pé.
Dói-me a perna.
Dói-me tanto!
Parece que apenas tenho o fim do pé e o fim da perna.
Nem sinto mais corpo.
Já me dói tudo.
Tanto!
Não tivesse esta dor no fim do pé.
Não tivesse esta dor no fim da perna.
Não tinha mais corpo.
Não tinha nada.
Vivo ligado a um fim de pé e um fim de perna que me doem.
Não me doesse nada e nada era.
Era apenas aquele fim de fronteira.

Era a dor.

-Era tudo?
-Sim, era.

A perna agarrada a mim faz-me doer.
O pé que ali começa anda a doer-me.
A dor que ali trago prolonga-me.
Do pé para a perna vamos andando.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

adn

Há noites em que é tudo o que eu queria.

perdido no fundo do meu exílio.

sinto dor é um martírio

como quando não sabia o que fazia.

 

 Ai! Era a alma que me doía

Tornaste-te para nós num círio

 onde encontramos o único sitio

 que pelos dias anónimos nos seguia.

 

 Os amigos ou a música nos chamam

 Isto não é para os que não amam

De olhos abertos

Eu transcendo. Nada transcende. Os conceitos
não me deixam transcender. Liberto-me
pela transcendência. Pela transcendência
sou o poder. Criador de novos significados
respigados pela imaginação, quando
liberto dos poderosos grilhões olimpicos.
A minha transcendência é intransmissivel.
Sempre que vejo a lua, porque se interpõe
entre mim e o infinito, petrifico.
Transcendo. Quando acompanhados
apreciamos o nascer do dia, cada um
transcende individualmente. tu transcendes.
Eu transcendo. Nós transcendemos.
Nada no mundo transcende fora de nós.
A transcendência é aquela experiencia
de sair para fora de nós. Eu gostava de
transcender pelas palavras, pairar no intervalo
entre dois impulsos eléctricos cerebrais e
assim como que sentir-lhes o fluxo e
dominar as suas linhas de força e frear
ou acelerar a corrente. Depois temos que
regressar a nós, a casa. Eu transcendo a
ideia de um espelho de água calmo e
sereno quando mergulho e abro os olhos
debaixo de água. Mas de olhos abertos
transcendo.

Monotonia

Tenho uma página rasgada.

Será apenas neste livro?

Dia após dia encontro novas páginas que quero rasgar. De novo encontro páginas em branco que me fazem querer escrever. Quero escrever nas suas almas. É isso acima de tudo o que me dá prazer. Nem as loucuras que se arrastam, nem o cansaço do dia nem mais nada. Só ler e isto, escrever nas almas de pessoas singulares, estimulantes e por vezes fugazes.

Na tentativa de encontrar a alma inerente a cada página.

De forma a quebrar a monotonia, sentida por uma página, cheia de linhas por preencher, continuo a escrever.

Agora, devido ao medo que sinto dos dias monótonos e insignificantes começo a ganhar a coragem para sair deste lugar sem lugar para mim.
Preciso de reunir as condições urgentemente. Ainda acredito na minha ideia.

Sem terceira via

"Desejo contém futuro. É por isso uma boa palavra.
A fragilidade das relações humanas torna as pessoas mais sóbrias."

David Grossman

Acrescento eu, amargas.

A coragem de se colocar no papel do nosso adversário e aí analisar a versão contraria à nossa, dá-nos a verdadeira e completa realidade.

A nossa e a outra.

O seu a seu dono

"Pensar é um perigo. Para o mundo capitalista."

Tom Zé

9-05-06

Tenho frio

Há um lugar dentro de mim que tarda em ser preenchido.
Num passado não muito distante, três anos, a presença na mesma cidade de uma pessoa muito especial, afastava de mim a sensação de estar perdido, num imenso espaço de pessoas desconhecidas.

Embora não tivesse um contacto muito frequente com Sofia, a sua presença em Lisboa dava-me a sensação de ter um abrigo no seu ombro e enchia a cidade agora vazia.

Sofia partiu para um país distante. Começou uma vida nova noutro país.

Eram completamente alucinantes os nossos encontros. Havia sempre a certeza de bons momentos, a possibilidade do inesperado se concretizar, a beleza de uma conversa inteligente, o deslumbramento com a sua enorme alma.

Por diversas vezes, foi também possível viver a cidade. Jantares, concertos, idas ao Teatro, entre outros momentos, davam-me a sensação de estar no sítio certo na fase certa da minha vida.

A sua partida foi um grande abalo. Disse-lhe no noite da nossa despedida: Fizeste com que a cidade parecesse mais pequena, mais acolhedora, menos fria.
Tenho a certeza de que apesar de ires para o país do frio, serei eu a tremer.
Entre nós há uma sucessão de voltas que, ora nos separam, ora nos aproximam.

Sobre a morte

A morte não tem pressa. Há cidades em que se vive

a correr, sempre cheio de pressa. Quase não se

dá pela morte. E no entanto, morre-se

em cada dia que passa e de repente, sem

nos apercebermos, morremos.


Lisboa é uma dessas cidades. Raramente

nos apercebemos da morte sempre

presente.

"antes a morte que tal sorte"

haverá uma resposta satisfatória para a ilusão?

existe um problema perigosissimo em basear uma relação numa ilusão

um dia ela pode acabar

arrastando dessa forma muitas das certezas que assim descobres não serem afinal mais do que ilusões

sonhas, constróis ilusões, prossegues num caminho e de repente esse caminho acaba.

funde-se num mar de ilusões e entras em queda livre por te faltar um chão por onde avançar.

assim, de repente.

ainda mais rápido do que o tempo necessário para construir uma ilusão.

claro que o amor é uma ilusão

não serve portanto para ser a base de uma relação

no entanto acho-me incapaz de fazer um investimento de tipo especulativo em relação a alguém.

quando as acções têm margem de progressão compras e assim que encontras outro investimento

que consideras mais rentável vendes tudo e refazes a tua aposta

nem se trata de retirar mais valias

se sobe, apostas.

''Fragmentos diários''

Há um determinado objecto que pertence ao guarda-fatos.

Cá em casa esse objecto pertence ao guarda-fato.

Fato usado, gasto pelo tempo.

sábado, dezembro 13, 2008

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Pós materialistas

Vós fazeis viagens sem ter fito no destino
Nós vemos fotografias em revistas ou sofás
Pós de descobertas de lugares tão esquecidas após

Vós correis léguas em escadas rolantes
Nós trepamos colinas em escadas de pedra
Pós que sujam sapatos tão brilhantes já não após

Vós tendes três carros em garagem pessoal
Nós esperamos em filas para o passe mensal
Pós no pára-brisa que esperam sedentos após

Vós viveis cercados, filmando o que é fora
Nós amontoamo-nos em ruas que duram a hora
Pós tão presos que se desprendem das flores após

Vós morreis isolados da matéria fundamental
Nós mortos cansados de etérea ornamental
Pós materialistas somos todos, vós, nós, após

segunda-feira, novembro 24, 2008

Janelas

São janelas. Tantas, fechadas, abertas, cobertas.
São elas que marcam o ritmo.
Umas seguidas por outras, acima, abaixo, ao lado.
Transformam muros em casas. Dão luz ao interior do sossego.
São a espinha dorsal de uma vida que se esconde, vista de fora.
Abertas, transformam em gruta a morada tão vetusta.
A graça é a minha janela sobre a cidade.
Daqui, vejo o mundo reflectido nas janelas da História,
símbolos erguidos no passado, construídos com suor.
A cada monumento associamos gente, um homem que o sonhou.
Mandado erguer, fez-se.

Nos vossos parapeitos, fincaram cotovelos as testemunhas do passado.
Depois de vós, outros fincaram e nelas se debruçaram.
Namoraram. Esperaram. Choraram. De vós saltaram. Acordaram.
Janelas negras. As do Carmo. Finas as da Estrela e do Castelo. Janelas.
Largas as de seda. Verdes as da Rua. Pequenas nas águas furtadas.
No cimo das casas belas noites passadas.

Cliché de Lisboa. Escrever numa esplanada.
São eles que estão de passagem.
Levarão a memória de um pôr de Sol na Graça.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Silêncio

Acabou mais uma vez.
No final apenas um um longo silêncio.
Esta Rocha dura e fria em que me transformei apenas grita o mudo adeus.
Por sabê-la tão perto, temo falar demasiado.
A proximidade amordaçante não permite que diga em voz alta que acabou.
Está tudo redito.

Da caneta não pingam palavras como era costume.
O meu silêncio secou a pena de escriba.
Será uma simples recusa solidária ou falta de tinta?
Se de falta se trata, maior será o meu problema.
Onde vou agora encontrar, à venda, a tinta do amor?
Procuro pacificar a alma escrevendo. Não consigo.
-Silêncio!
-??!
-A vossa vida atribulada perturba o meu silêncio.