sábado, março 05, 2011

Sinfonia em Helsínquia

Através de notícia da RTP, ficamos a saber que “A chanceler alemã participou hoje num encontro de centro-direita”, acrescentando-se de seguida que” o ministro das Finanças finlandês defendeu que Portugal “tem de fazer mais” para combater o défice orçamental”. Antes de apresentar os factos, pode-se ler também na notícia o que defende a chanceler e o que pretende fazer o BCE. Por serem duas coisas muito distintas vamos por partes. Factos são coisas distintas de desejos e prováveis decisões.

Quanto aos primeiros, o encontro foi entre “líderes europeus de centro-direita” e teve lugar em Helsínquia. Jyrki Katainen, ministro das Finanças da Finlândia faz o aviso sobre o défice em Portugal. Já no caso dos prováveis e desejos, apelou Merkel, em conferência de imprensa, aos líderes da EU por uma resposta convincente. O Banco Central Europeu anuncia a provável subida das taxas de juros. O que está em causa é a Zona Euro e um pacote conjunto a aprovar no final do mês.

Acontece que distintas são ainda outras coisas que aparecem agrupadas no texto. Líderes europeus de centro-dereita é coisa diferente de líderes da EU. O anfitrião até é candidato a futuro primeiro-ministro dos Finlandeses. A quem a chanceler se referia só podem ser os membros das Instituições e seus líderes.

Quando os chefes de Estado ou de Governo dos Estados-Membros e o Presidente da Comissão Europeia, em reunião presidida por Herman Van Rompuy, se juntam em Conselho Europeu fazem-no em nome dos povos que representam. Os líderes com quem Angela Merkel se reuniu fazem parte de outro campeonato. Emitiram opiniões de cariz político, proferiram a sua Politics.

A polity Europeia manda reunir de três em três meses, e os líderes dos povos falam. A consulta prévia entre camaradas é normal em Democracia. Mal seria se assim não fosse. De forma a concertar algumas posições bem como a discutir previamente outras tantas, Helsínquia foi palco deste outro encontro.

No próximo dia 11 de Março a reunião será na sede do Conselho Europeu em Bruxelas, no edifício Justus Lipsius, sendo o presidente assistido pelo Secretariado­‑Geral do Conselho. Aqui os lideres Europeus irão reunir extraordinariamente e de forma informal. Vão por em dia as conversas, vão sondar, pressionar, encorajar, avisar, em nome de quem representam, os seus homólogos e parceiros. A política de centro-direita foi apresentada pela voz do ministro das Finanças Finlandês. Apenas essa. Ali falaram de peito aberto, disseram o que defendem para os seus países e para os outros.

Os comentários recaíram sobre os aflitos, alvos fáceis e mesmo a jeito. Elogios para um, Espanha, pressão sobre outros, Portugal, Irlanda e Grécia. Entre almoços servidos, intransigência para reestruturar dívida e conselhos aos mercados de ordem psicológica pois podem ficar nervosos, lá proferiu os seus desejos para Portugal. Tem o Governo Português de fazer mais para combater o défice e para reformar a economia. O que, de Portugal, dizem ter feito não chega e de nada lhe serve que seja o melhor que sabem.

Aponta para os assuntos estruturais que tão bem parece conhecer e sugere o mercado de trabalho como ponta por onde pegar. Jyrki Katainen, talvez o próximo primeiro-ministro da Finlândia, está imparável na sua corrida política. Aponta para Portugal para ganhar a Finlândia.

Quanto à Policy Europeia, pretende que se sossegue os mercados (ainda chocados pelo anúncio de Jean-Claude Trichet), aumentando um Fundo de Resgate não disponível para nenhum outro país. Triste nome para um plano de salvação de Bancos Privados, justificado pelo vil rapto. Os mercados, investidores privados com acesso a capital, os próprios Bancos Privados, preferem poder continuar a elevar os juros. Até é sabido o montante que vai ser pedido aos mercados. Parece-me que se pretende sarar as feridas dos mercados, à custa dos juros cobrados aos fracos, usando o Fundo como instrumento libertador, garantindo que não se perderão nos braços do raptor.

O rapto de Helena sempre me deixou de nariz torcido.. Já o Rapto de Europa tem o seu encanto. Leva um Deus, eleito o Deus dos outros Deuses, a assumir o corpo de um Touro que atravessa os mares. Seduzida por tão dócil Touro, Europa parte Encantada no regaço do seu raptor para espanto de todos. Ficou declarado por Zeus que todos os seus filhos hão de reinar entre os homens.

Uma forma de interpretar os factos é dizer que a Irlanda terá de pagar o almoço a uma taxa de juros de 5,8 por cento e não menos. Para poder desapertar um pouco a corda no pescoço, tem de alterar compromissos fiscais. Menos corda à volta da cintura e falta de ar poderiam querer indicar mais atenção. Este médico é convocado para tratar a Europa e só olha para a Espartana Helena. O interesse privado dos mercados é fundamental para os líderes europeus de centro-direita.

Os outros líderes vão numa sexta informal tentar salvar a Zona Euro, já alargada a dezassete Estados-Membros. Jean-Claude Juncker, “que dirige o grupo dos ministros das Finanças da Zona Euro” fará tudo o que for necessário para ter uma moeda forte. A provável decisão anunciada pelo BCE agrada-lhe, está de acordo com os desejos da coligação que suporta a chanceler na Alemanha e com as pressões do Banco Central alemão. O fundo de estabilidade financeira foi criado para disponibilizar dinheiro aos Bancos Privados. Com as taxas de juro a subir os privados vão colocar esse dinheiro na economia e também comprar dívida pública. O fundo de estabilidade financeira acaba assim por tapar os buracos que de repente os bancos mostraram ter. Como o dinheiro que sumiu era virtual bem podem deixar cair os telhados. Os deficites orçamentais de cada país nada têm a ver com os mesmos buracos, a não ser em alguns casos de maior compaixão pelo pobre depositante. Para Merkel nada está excluído das discussões mas esteve a discutir com camaradas políticos, líderes nos seus países, defensores de uma agenda bem conhecida.

Para terminar há ainda que referir algumas curiosidades da política nos dias de hoje. Dois dias depois de receber em Berlin o Primeiro-Ministro de Portugal, detentor de mais um record, a execução orçamental mensal mais rápida da História (deve ter pensado que com a sua rapidez podia alterar a política de centro-direita europeia), é curioso ver como cabe a um Ministro das Finanças de um terceiro país anunciar o resultado do exame. Ao nível do aluno adequa-se o do professor. Nada de desperdícios com a gestão do pessoal. Angela Merkel fala para outro patamar, para os líderes da EU.

A chanceler Alemã quer garantir o trunfo eleitoral a apresentar mais tarde ao eleitorado alemão. Limitar o campo de aplicabilidade do Fundo de Estabilidade Financeira, ainda que o deixe engordar. Os contribuintes alemães não estão dispostos a pagar as folias a que se assiste nas nossas arenas. A boa nota com que Espanha foi distinguida não está em nada relacionada com a dimensão daquele. Se é verdade que não se caçam baleias com anzóis, também se sabe que quanto maior a presa maior o engodo. Almeida Garrett, em Viagens na Minha Terra compara a bravura do homem que enfrenta o touro com a bravura daquele que enfrenta as ondas. Em ambos os casos, Espanha conta mais do que nós.

Em Portugal repete-se que já não são precisas eleições, que é certa a vitória da direita. Com aliados deste calibre não admira. A reboque de uma reunião informal de sexta-feira, dar-se á cobertura política ao que vai acontecer nas próximas semanas. Há que garantir que se percebe de onde vem o mal.

sexta-feira, março 04, 2011

A Bela Adormecida





Esperando o príncipe encantado

Subiu um monte vizinho

Sozinha, perdeu-se p'lo caminho

Não via o rio a seu lado.


Outrora fora ele envenenado

Foi-se assim embora o golfinho

-Neste rio não faço mais ninho

Voltarei se voltar a ser Sado


Acorda cidade adormecida

Como é bela a vista do monte!

É tempo de sarar essa ferida.

Como o rio, continua a corrida

Não deixes secar essa fonte

A tanto tua beleza convida.

quinta-feira, março 03, 2011

moots - 4 dictionary results

German central banker moots automatic bond moratorium

03 March 2011, 12:29 CET


moots

- 4 dictionary results

adjective
1.
open to discussion or debate; debatable; doubtful: a mootpoint.
2.
of little or no practical value or meaning; purely academic.
3.
Chiefly Law . not actual; theoretical; hypothetical.
–verb (used with object)
4.
to present or introduce (any point, subject, project, etc.) fordiscussion.
5.
to reduce or remove the practical significance of; makepurely theoretical or academic.
6.
Archaic . to argue (a case), especially in a mock court.
–noun
7.
an assembly of the people in early England exercisingpolitical, administrative, and judicial powers.
8.
an argument or discussion, especially of a hypothetical legalcase.
9.
Obsolete . a debate, argument, or discussion.
Origin:
before 900; Middle English mot ( e ) meeting, assembly, Old Englishgemōt; cognate with Old Norse mōt, Dutch gemoet meeting.