sexta-feira, outubro 14, 2011
domingo, outubro 09, 2011
O Sol em Portugal
O Sol em Portugal.
por Sandro Cândido Marques a Sexta-feira, 20 de Maio de 2011 às 13:31
A imagem exterior de Portugal é ainda a de um país pobre, de gente que não quer trabalhar, gosta de vinho e barriga ao Sol. Mesmo a canção "A Luta é Alegria", foi vista como um exemplo da miséria nacional. No Facebook circulava uma causa a apelar ao voto nos HdL como forma de apoiar a pobreza. O sarcasmo europeu é imune a ideais de revoluções baseadas em cantigas. O que conta é o pedido de ajuda externa e isso é visto como o sinal do nosso atraso e da nossa miséria histórica.
A verdade é que somos o mesmo país pobre que sempre fomos. As gentes e a cultura são a nossa única riqueza. O capital humano e social só pode ser valorizado se continuarmos a apostar em políticas que o valorizem, e quebrem de vez com a espiral de empobrecimento a que estivemos condenados até 1974.
A gastronomia, as praias, os tesouros naturais, fazem de nós um dos povos que maiores índices de felicidade apresentam. Podemos ser pobres mas aquilo de que dispomos oferece-nos ainda assim uma excelente qualidade de vida. A aposta no Turismo como fonte de receitas mostra que o nosso tesouro só assim é exportável. Na verdade a imagem que constato haver de Portugal é a um sítio junto a Espanha, que não compete com as delícias mediterrânicas da Grécia, Turquia ou Chipre, e em todo o caso a de um país pobre e pouco atractivo. Claro que há quem saiba mais do que isso, mas não são a maioria.
Quanto ao resto, só com uma boa base educacional podemos vencer noutros sectores que competem a nível global, como de resto vai acontecendo em pequenos nichos. Os dois maiores grupos económicos liderados por portugueses, SONAE e AMORIM, não se baseiam em grandes apostas na investigação. Baseiam-se sim na única aposta que era interessante para eles, a mão-de-obra barata. A indústria conserveira que ainda resta foi deslocalizada para o norte de África, o resto foi afundado, desertificado e abandonado por não ser mais competitivo. Quando em 1986 aderimos à C.E.E. a nossa vantagem competitiva era a mão-de-obra barata, devido ao atraso na formação, herdado do passado. Termos vivido 48 anos em Ditadura, quando todo o mundo se desenvolvia e dava saltos qualitativos deixou-nos muito para trás. A única vantagem de que dispúnhamos para competir num mercado aberto e livre, o espaço económico europeu, esfumou-se quando países como China, Índia, Bangladesh, Indonésia, entre outros entraram na competição. Basta ir ver as etiquetas da roupa e sapatos que usamos e percebemos que as, ainda, marcas europeias, deslocalizaram as suas produções para outros competidores. A vantagem deles: mão-de-obra barata.
Se passamos a última década com crescimentos anémicos, como poderíamos responder à crise actual? A promessa de Sócrates em 2005 de criar 150 mil novos empregos, foi vista com aceitação, porque estávamos a sair da dupla crise que se abateu sobre nós e da qual nunca saímos. Tinha-se esgotado o nosso modelo de desenvolvimento, miseravelmente baseado no preço da mão-de-obra, em Portugal. A taxa de desemprego rondava na altura das eleições os 7%. Este facto explica a aceitação pelos portugueses de uma proposta de criação de 150 mil novos postos de trabalho. Vimos depois que a turva proposta não era mais que demagogia. Como se um Governo pudesse, por decreto, criar emprego. Poder até pode mas será sustentável? Já a aposta nas Novas Oportunidades, na qualificação dos portugueses, no investimento em investigação e tecnologia aplicada às empresas, esse indicador mostra uma alteração no paradigma do desenvolvimento. Foi uma boa aposta, já deu frutos, é uma tarefa de todos e a meu ver a chave para termos um futuro mais risonho. O resto, os défices estruturais e conjunturais, isso é coisa de menor importância, quando é o futuro de um povo que está em causa.
Porque os atrasos foram reconhecidos, Portugal sempre fez parte do grupo dos países da coesão. Os fundos de coesão pretendiam responder a essa chaga, o nosso atraso estrutural. Qual foi a aposta? Destruição da Agricultura e Pescas, construção de auto-estradas para melhor ligar, não o país mas, os mercados e a aposta num único sector industrial, o cluster automóvel, como forma de baixar os custos de transporte e assim integrar os mercados numa perspectiva Regional, à escala europeia. Ainda a crise de 2001 e os anos que lhe seguiram fez com que as liberalizações a nível global aumentassem e as deslocalizações nesse nicho se expandissem primeiro a Oriente e mais tarde, em 2004, ao Leste europeu. Ficou a Autoeuropa e pouco mais. Vamos ver até quando. Os benefícios fiscais e a rede de infra-estruturas criada de propósito para a suportar ainda a vão aguentando como um activo do Grupo VW.
Desenvolveram-se grupos de investigação dedicados a esse sector. Conseguirão eles inovar e criar algo de raiz? Carros menos poluentes pelo recurso a energias de fontes renováveis? Haverá capacidade financeira para investir nesse sector? A cortiça e os Colombos são ainda a jóia, nas coroas que os nossos reis ostentam.
O país do Sol não consegue fazer uma aposta séria e democrática na energia solar? Através da instalação de painéis solares em todas as casas, tal como entendemos o saneamento básico, electricidade, telefone e demais infra-estruturas, como sendo uma obrigação do estado? A possibilidade de em cada casa haver uma fonte de energia com capacidade de alimentar a rede energética tem de ficar apenas nas mãos dos mais afortunados? Será isso sustentável ou justo? Alguém hoje aceitaria que lhe dissessem: água canalizada em casa não porque é caro e os senhores são pobres? E tornar-nos independentes do exterior em termos energéticos, para consumo doméstico, não é um bom desafio? E baixar a factura da electricidade ou até mesmo transformá-la numa fonte de receita para cada família, é assim tão utópico? A produção em massa faz baixar os preços de produção, isso é básico. Os custos ambientais, se confrontados com os proveitos, aposto que são, assim, reduzidos e por isso uma boa aposta. Para mais, o conhecimento actual já é suficiente para reciclar e reutilizar tudo o que existe já que tudo isso foi produzido pelo homem e sobre o mesmo objecto tem um pleno conhecimento. Mais uma vez, os custos baixam com a generalização das práticas.
O mundo não pode suportar que os pobres sejam excluídos da possibilidade de ter energia solar. O desafio é global. Podemos começar em nossa casa.
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segunda-feira, agosto 22, 2011
Estudantes
João entra no café com um passo apressado. Pela forma demorada com que olha para os poucos clientes presentes, parece procurar alguém. Afinal chegara antes da hora marcada. Tem assim tempo para procurar a mesa que mais lhe parece apropriada para o encontro.
Numa mesa junto à parede, está um homem com para lá de meia-idade. Sozinho com o seu copo de três e o maço em cima da mesa, fuma outro cigarro para não dar pelo tempo que não passa. O jornal, dobrado, já foi lido. Não encontrou nada que lhe dissesse respeito. Eram sempre as notícias do costume. Mais uma visita de sua eminência o Cardeal à Província, mais uma vitória do Benfica. Não tem pois, João, nada com que se preocupar. Dali não vem perigo. E porque haveria de vir?
Senta-se na mesa junto à janela. Aquela que lhe parece mais resguardada dos restantes clientes. Levanta a cabeça na direcção do empregado e aguarda que este lhe dirija o olhar. Debaixo do braço, João trazia um embrulho que colocou sobre o colo assim que se sentou.
– O que vai tomar? – Diz o empregado entretanto chegado à sua beira.
– Espero por companhia. Se não se importa peço depois. – Passando a mão pela garganta diz apressadamente – Mas olhe, traga-me então um de três que mato já, esta secura.
O empregado volta para detrás do balcão e sacode os ombros como que a dizer – Esta juventude nunca sabe o que quer!
Joana chega ao café, no seu plácido passo olha pela vitrina e localiza logo o João. Olha por cima do ombro para certificar-se de que ainda vem sozinha e dirige-se à mesa. Suavemente coloca a mão no ombro direito do João e senta-se à sua frente.
– Que susto! – Diz o rapaz de olhos arregalados. Suspira e sorri-lhe.
– Desculpa o atraso, fiquei a estudar e perdi as horas.
– Chegaste bem a tempo. O que tomas?
Nisto, chega o empregado com o copo de três na bandeja, apoiada no antebraço e com o tradicional pano dobrado suspenso no pulso.
– Aqui tem. Vão desejar mais alguma coisa? A menina? – Olhando para o empregado, responde apenas – O mesmo.
– Então e a aula? Valeu a pena?
– Sabes como são as coisas, uma chatice. Mas no intervalo falei com uma colega que nos pode ser muito útil. – E de que forma – responde o João pondo a cabeça meio de lado e a franzir o sobrolho. – Ela é filha de papás ricaços e a família tem uma casa ali para os lados de Paço d’Arcos. Convidou-me para ir passar o fim-de-semana e disse para levar quem quisesse. Podíamos ir com o Fonseca e com o Zé Pires e tratávamos de tudo. Que achas?
– Não sei, e o resto da família? Não vai ser fácil esconder…
– Não tens com que te preocupar, tirando os caseiros não vai lá estar mais ninguém, para além de nós e de dois outros amigos da Filomena.
– Sendo assim até pode ser bom mesmo. Temos que acabar depressa com isto. Já estou farto de “Democracia” até aos olhos.
O empregado chega mais uma vez junto dos jovens com outro copo de três e com o mesmo ar folgado de antes e coloca o copo em frente de Joana.
Então, a que brindamos? – Diz Joana
– Olha, brindemos à Liberdade!
Erguem os copos olhando-se mutuamente. Levam os copos à boca.
Não passaram do primeiro gole. Enquanto o empregado trazia o pedido, dois homens tinham entrado. Sentaram-se na mesa entre o fumador despreocupado e o empregado. Ao ouvirem o brinde dos jovens, saltaram de uma só vez e, abrindo o casaco com uma mão e retirando as pistolas com a outra, gritaram – Quietos! Somos da Polícia e os jovens vão connosco. Vão-nos acompanhar à “António Maria Cardoso”. Nada de gritaria e ninguém se vai magoar.
João ainda esboçou o movimento para se levantar mas a mão pesada de um dos agentes, no seu ombro direito, convenceu-o. Aquele impulso de resistência, fê-lo esquecer-se do embrulho que com estrondo caiu no chão. Do embrulho apareceram algumas folhas dactilografadas. Numa delas lia-se “Programa Para a Democratização da República”. Trabalho final de curso.
Anónimo
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segunda-feira, agosto 15, 2011
Stop Coddling the Super-Rich By WARREN E. BUFFETT
Para memoria futura.
Stop Coddling the Super-Rich
By WARREN E. BUFFETT
Published: August 14, 2011
Omaha
Kelly Blair
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Times Topic: Income Tax
Related in Opinion
Editorial: The Truth About Taxes (August 7, 2011)
OUR leaders have asked for “shared sacrifice.” But when they did the asking, they spared me. I checked with my mega-rich friends to learn what pain they were expecting. They, too, were left untouched.
While the poor and middle class fight for us in Afghanistan, and while most Americans struggle to make ends meet, we mega-rich continue to get our extraordinary tax breaks. Some of us are investment managers who earn billions from our daily labors but are allowed to classify our income as “carried interest,” thereby getting a bargain 15 percent tax rate. Others own stock index futures for 10 minutes and have 60 percent of their gain taxed at 15 percent, as if they’d been long-term investors.
These and other blessings are showered upon us by legislators in Washington who feel compelled to protect us, much as if we were spotted owls or some other endangered species. It’s nice to have friends in high places.
Last year my federal tax bill — the income tax I paid, as well as payroll taxes paid by me and on my behalf — was $6,938,744. That sounds like a lot of money. But what I paid was only 17.4 percent of my taxable income — and that’s actually a lower percentage than was paid by any of the other 20 people in our office. Their tax burdens ranged from 33 percent to 41 percent and averaged 36 percent.
If you make money with money, as some of my super-rich friends do, your percentage may be a bit lower than mine. But if you earn money from a job, your percentage will surely exceed mine — most likely by a lot.
To understand why, you need to examine the sources of government revenue. Last year about 80 percent of these revenues came from personal income taxes and payroll taxes. The mega-rich pay income taxes at a rate of 15 percent on most of their earnings but pay practically nothing in payroll taxes. It’s a different story for the middle class: typically, they fall into the 15 percent and 25 percent income tax brackets, and then are hit with heavy payroll taxes to boot.
Back in the 1980s and 1990s, tax rates for the rich were far higher, and my percentage rate was in the middle of the pack. According to a theory I sometimes hear, I should have thrown a fit and refused to invest because of the elevated tax rates on capital gains and dividends.
I didn’t refuse, nor did others. I have worked with investors for 60 years and I have yet to see anyone — not even when capital gains rates were 39.9 percent in 1976-77 — shy away from a sensible investment because of the tax rate on the potential gain. People invest to make money, and potential taxes have never scared them off. And to those who argue that higher rates hurt job creation, I would note that a net of nearly 40 million jobs were added between 1980 and 2000. You know what’s happened since then: lower tax rates and far lower job creation.
Since 1992, the I.R.S. has compiled data from the returns of the 400 Americans reporting the largest income. In 1992, the top 400 had aggregate taxable income of $16.9 billion and paid federal taxes of 29.2 percent on that sum. In 2008, the aggregate income of the highest 400 had soared to $90.9 billion — a staggering $227.4 million on average — but the rate paid had fallen to 21.5 percent.
The taxes I refer to here include only federal income tax, but you can be sure that any payroll tax for the 400 was inconsequential compared to income. In fact, 88 of the 400 in 2008 reported no wages at all, though every one of them reported capital gains. Some of my brethren may shun work but they all like to invest. (I can relate to that.)
I know well many of the mega-rich and, by and large, they are very decent people. They love America and appreciate the opportunity this country has given them. Many have joined the Giving Pledge, promising to give most of their wealth to philanthropy. Most wouldn’t mind being told to pay more in taxes as well, particularly when so many of their fellow citizens are truly suffering.
Twelve members of Congress will soon take on the crucial job of rearranging our country’s finances. They’ve been instructed to devise a plan that reduces the 10-year deficit by at least $1.5 trillion. It’s vital, however, that they achieve far more than that. Americans are rapidly losing faith in the ability of Congress to deal with our country’s fiscal problems. Only action that is immediate, real and very substantial will prevent that doubt from morphing into hopelessness. That feeling can create its own reality.
Job one for the 12 is to pare down some future promises that even a rich America can’t fulfill. Big money must be saved here. The 12 should then turn to the issue of revenues. I would leave rates for 99.7 percent of taxpayers unchanged and continue the current 2-percentage-point reduction in the employee contribution to the payroll tax. This cut helps the poor and the middle class, who need every break they can get.
But for those making more than $1 million — there were 236,883 such households in 2009 — I would raise rates immediately on taxable income in excess of $1 million, including, of course, dividends and capital gains. And for those who make $10 million or more — there were 8,274 in 2009 — I would suggest an additional increase in rate.
My friends and I have been coddled long enough by a billionaire-friendly Congress. It’s time for our government to get serious about shared sacrifice.
Warren E. Buffett is the chairman and chief executive of Berkshire Hathaway.
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quarta-feira, agosto 03, 2011
Verão
Um dia verão.
Não só de Sol se faz a estação.
Num dia parece, no outro já não.
Não espero pelo calor para pouco ou nada vestir.
Na minha mente é Verão.
Porque como em tudo,
Há sempre dias que parecem Inverno.
Neste ano, chegou escuro como uma noite qualquer.
Frio, triste, choroso.
Pode a estação dar-se a estados de espírito? E porque não!
Talvez as grinaldas que puxam o astro se tenham perdido na noite, em Berlim.
Nem Sol, nem praia, nem corpos queimados.
Nada disto altera a minha sorte.
Aquece-me o peito algo mais forte.
Assim, tenho mais noite para sonhar contigo.
Não só de Sol se faz a estação.
Num dia parece, no outro já não.
Não espero pelo calor para pouco ou nada vestir.
Na minha mente é Verão.
Porque como em tudo,
Há sempre dias que parecem Inverno.
Um dia verão.
Não só de Sol se faz a estação.
Num dia parece, no outro já não.
Neste ano, chegou escuro como uma noite qualquer.
Frio, triste, choroso.
Pode a estação dar-se a estados de espírito? E porque não!
Talvez as grinaldas que puxam o astro se tenham perdido na noite, em Berlim.
Um dia verão.
Não só de Sol se faz a estação.
Num dia parece, no outro já não.
Nem Sol, nem praia, nem corpos queimados.
Nada disto altera a minha sorte.
Aquece-me o peito algo mais forte.
Assim, tenho mais noite para sonhar contigo.
Um dia verão.
Não só de Sol se faz a estação.
Num dia parece, no outro já não.
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domingo, junho 12, 2011
How two banksters led Europe to ruin | Reflections on a Revolution ROAR
Achtung, Achtung!
How two banksters led Europe to ruin | Reflections on a Revolution ROAR
A outra face desta moeda a que chamam crise das dívidas soberanas, passa por uma questão bem escondida. Na verdade, a aparente falta de solidariedade de que muitos, eu incluído, vêm acusando a União Europeia é apenas reflexo da curta compreensão do problema. Há de facto uma enorme solidariedade escondida entre os líderes europeus, de forma a salvar a Europa de uma convulsão. Pelo caminho sacrificam-se alguns povos retirando-lhes a única soberania ameaçada pela crise; a soberania do povo. No final, vamos perceber que, mais uma vez, foi nas praias gregas que a Europa foi resgatada. Agora como dantes, pela mão do homem. Mesmo com os populismos a crescer, a força Alemã parece ser bastante para que não se chegue ao ponto de não retorno. Até 2013 estaremos tranquilos. Quando chegar a data para substituir a Chanceler, aí sim vamos ver a resposta alemã.
Eu já nem me pergunto porque é que nenhum Banco Europeu faliu, como o Lehman Brothers.
O Casino estava aberto para todos e todos os grandes bancos mundiais jogaram com dinheiro
que nunca existiu.
Eu agora pergunto: para quando o anuncio? A escolha é entre dois ou três países (+- 30 milhões
de europeus), por enquanto, e uns poucos milhares de investidores privados, decerto bem mais
poderosos.
How two banksters led Europe to ruin | Reflections on a Revolution ROAR
A outra face desta moeda a que chamam crise das dívidas soberanas, passa por uma questão bem escondida. Na verdade, a aparente falta de solidariedade de que muitos, eu incluído, vêm acusando a União Europeia é apenas reflexo da curta compreensão do problema. Há de facto uma enorme solidariedade escondida entre os líderes europeus, de forma a salvar a Europa de uma convulsão. Pelo caminho sacrificam-se alguns povos retirando-lhes a única soberania ameaçada pela crise; a soberania do povo. No final, vamos perceber que, mais uma vez, foi nas praias gregas que a Europa foi resgatada. Agora como dantes, pela mão do homem. Mesmo com os populismos a crescer, a força Alemã parece ser bastante para que não se chegue ao ponto de não retorno. Até 2013 estaremos tranquilos. Quando chegar a data para substituir a Chanceler, aí sim vamos ver a resposta alemã.
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12 Março 2011,
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quarta-feira, junho 08, 2011
Europe's New Road to Serfdom
Weekend Edition
June 3 / 5, 2011
Trichet Threatens Greece with Iron Heel
Europe's New Road to Serfdom
By MICHAEL HUDSON
Soon after the Socialist Party won Greece’s national elections in autumn 2009, it became apparent that the government’s finances were in a shambles. In May 2010, French President Nicolas Sarkozy took the lead in rounding up €120bn ($180 billion) from European governments to subsidize Greece’s unprogressive tax system that had led its government into debt – which Wall Street banks had helped conceal with Enron-style accounting.
The tax system operated as a siphon collecting revenue to pay the German and French banks that were buying government bonds (at rising interest-risk premiums). The bankers are now moving to make this role formal, an official condition for rolling over Greek bonds as they come due, and extend maturities on the short-term financial string that Greece is now operating under. Existing bondholders are to reap a windfall if this plan succeeds. Moody’s lowered Greece’s credit rating to junk status on June 1 (to Caa1, down from B1, which was already pretty low), estimating a 50/50 likelihood of default. The downgrade serves to tighten the screws yet further on the Greek government. Regardless of what European officials do, Moody’s noted, “The increased likelihood that Greece’s supporters (the IMF, ECB and the EU Commission, together known as the “Troika”) will, at some point in the future, require the participation of private creditors in a debt restructuring as a precondition for funding support.”
The conditionality for the new “reformed” loan package is that Greece must initiate a class war by raising its taxes, lowering its social spending – and even private-sector pensions – and sell off public land, tourist sites, islands, ports, water and sewer facilities. This will raise the cost of living and doing business, eroding the nation’s already limited export competitiveness. The bankers sanctimoniously depict this as a “rescue” of Greek finances.
What really were rescued a year ago, in May 2010, were the French banks that held €31 billion of Greek bonds, German banks with €23 billion, and other foreign investors. The problem was how to get the Greeks to go along. Newly elected Prime Minister George Papandreou’s Socialists seemed able to deliver their constituency along similar lines to what neoliberal Social Democrat and Labor parties throughout Europe had followed –privatizing basic infrastructure and pledging future revenue to pay the bankers.
The opportunity never had been better for pulling the financial string to grab property and tighten the fiscal screws. Bankers for their part were eager to make loans to finance buyouts of public gambling, telephones, ports and transport or similar monopoly opportunities. And for Greece’s own wealthier classes, the EU loan package would enable the country to remain within the Eurozone long enough to permit them to move their money out of the country before the point arrived at which Greece would be forced to replace the euro with the drachma and devalue it. Until such a switch to a sinking currency occurred, Greece was to follow Baltic and Irish policy of “internal devaluation,” that is, wage deflation and government spending cutbacks (except for payments to the financial sector) to lower employment and hence wage levels.
What actually is devalued in austerity programs or currency depreciation is the price of labor. That is the main domestic cost, inasmuch as there is a common world price for fuels and minerals, consumer goods, food and even credit. If wages cannot be reduced by “internal devaluation” (unemployment starting with the public sector, leading to falling wages), currency depreciation will do the trick in the end. This is how the Europe’s war of creditors against debtor countries turns into a class war. But to impose such neoliberal reform, foreign pressure is necessary to bypass domestic, democratically elected Parliaments. Not every country’s voters can be expected to be as passive in acting against their own interests as those of Latvia and Ireland.
Most of the Greek population recognizes just what has been happening as this scenario has unfolded over the past year. “Papandreou himself has admitted we had no say in the economic measures thrust upon us,” said Manolis Glezos on the left. “They were decided by the EU and IMF. We are now under foreign supervision and that raises questions about our economic, military and political independence.” On the right wing of the political spectrum, conservative leader Antonis Samaras said on May 27 as negotiations with the European troika escalated: “We don’t agree with a policy that kills the economy and destroys society. … There is only one way out for Greece, the renegotiation of the [EU/IMF] bailout deal.”
But the EU creditors upped the ante: To refuse the deal, they threatened, would result in a withdrawal of funds causing a bank collapse and economic anarchy.
The Greeks refused to surrender quietly. Strikes spread from the public-sector unions to become a nationwide “I won’t pay” movement as Greeks refused to pay road tolls or other public access charges. Police and other collectors did not try to enforce collections. The emerging populist consensus prompted Luxembourg’s Prime Minister Jean-Claude Juncker to make a similar threat to that which Britain’s Gordon Brown had made to Iceland: If Greece would not knuckle under to European finance ministers, they would block IMF release of its scheduled June tranche of its loan package. This would block the government from paying foreign bankers and the vulture funds that have been buying up Greek debt at a deepening discount.
To many Greeks, this is a threat by finance ministers to shoot themselves in the foot. If there is no money to pay, foreign bondholders will suffer – as long as Greece puts its own economy first. But that is a big “if.” Socialist Prime Minister Papandreou emulated Iceland’s Social Democratic Sigurdardottir in urging a “consensus” to obey EU finance ministers. “Opposition parties reject his latest austerity package on the grounds that the belt-tightening agreed in return for a €110bn ($155bn) bail-out is choking the life out of the economy.”
At issue is whether Greece, Ireland, Spain, Portugal and the rest of Europe will roll back democratic reform and move toward financial oligarchy. The financial objective is to bypass parliament by demanding a “consensus” to put foreign creditors first, above the economy at large. Parliaments are being asked to relinquish their policy-making power. The very definition of a “free market” has now become centralized planning – in the hands of central bankers. This is the new road to serfdom that financialized “free markets” are leading to: markets free for privatizers to charge monopoly prices for basic services “free” of price regulation and anti-trust regulation, “free” of limits on credit to protect debtors, and above all free of interference from elected parliaments. Prising natural monopolies in transportation, communications, lotteries and the land itself away from the public domain is called thealternative to serfdom, not the road to debt peonage and a financialized neofeudalism that looms as the new future reality. Such is the upside-down economic philosophy of our age.
Concentration of financial power in non-democratic hands is inherent in the way that Europe’s centralized planning in financial hands was achieved in the first place. The European Central Bank has no elected government behind it that can levy taxes. The EU constitution prevents the ECB from bailing out governments. Indeed, the IMF Articles of Agreement also block it from giving domestic fiscal support for budget deficits. “A member state may obtain IMF credits only on the condition that it has ‘a need to make the purchase because of its balance of payments or its reserve position or developments in its reserves.’ Greece, Ireland, and Portugal are certainly not short of foreign exchange reserves … The IMF is lending because of budgetary problems, and that is not what it is supposed to do. The Deutsche Bundesbank made this point very clear in its monthly report of March 2010: ‘Any financial contribution by the IMF to solve problems that do not imply a need for foreign currency – such as the direct financing of budget deficits – would be incompatible with its monetary mandate.’ IMF head Dominique Strauss-Kahn and chief economist Olivier Blanchard are leading the IMF into forbidden territory, and there is no court which can stop them.” (Roland Vaubel, “Europe’s Bailout Politics,” The International Economy, Spring 2011, p. 40.)
The moral is that when it comes to bailing out bankers, rules are ignored – in order to serve the “higher justice” of saving banks and their high-finance counterparties from taking a loss. This is quite a contrast compared to IMF policy toward labor and “taxpayers.” The class war is back in business – with a vengeance, and bankers are the winners this time around.
The European Economic Community that preceded the European Union was created by a generation of leaders whose prime objective was to end the internecine warfare that tore Europe apart for a thousand years. The aim by many was to end the phenomenon of nation states themselves – on the premise that it is nations that go to war. The general expectation was that economic democracy would oppose the royalist and aristocratic mind-sets that sought glory in conquest. Domestically, economic reform was to purify European economies from the legacy of past feudal conquests of the land, of the public commons in general. The aim was to benefit the population at large. That was the reform program of classical political economy.
European integration started with trade as the path of least resistance – the Coal and Steel Community promoted by Robert Schuman in 1952, followed by the European Economic Community (EEC, the Common Market) in 1957. Customs union integration and the Common Agricultural Policy (CAP) were topped by financial integration. But without a real continental Parliament to write laws, set tax rates, protect labor’s working conditions and consumers, and control offshore banking centers, centralized planning passes by default into the hands of bankers and financial institutions. This is the effect of replacing nation states with planning by bankers. It is how democratic politics gets replaced with financial oligarchy.
Finance is a form of warfare. Like military conquest, its aim is to gain control of land, public infrastructure, and to impose tribute. This involves dictating laws to its subjects, and concentrating social as well as economic planning in centralized hands. This is what now is being done by financial means, without the cost to the aggressor of fielding an army. But the economies under attacked may be devastated as deeply by financial stringency as by military attack when it comes to demographic shrinkage, shortened life spans, emigration and capital flight.
This attack is being mounted not by nation states as such, but by a cosmopolitan financial class. Finance always has been cosmopolitan more than nationalistic – and always has sought to impose its priorities and lawmaking power over those of parliamentary democracies.
Like any monopoly or vested interest, the financial strategy seeks to block government power to regulate or tax it. From the financial vantage point, the ideal function of government is to enhance and protect finance capital and “the miracle of compound interest” that keeps fortunes multiplying exponentially, faster than the economy can grow, until they eat into the economic substance and do to the economy what predatory creditors andrentiers did to the Roman Empire.
This financial dynamic is what threatens to break up Europe today. But the financial class has gained sufficient
power to turn the ideological tables and insist that what threatens European unity is national populations acting to resist the cosmopolitan claims of finance capital to impose austerity on labor. Debts that already have become unpayable are to be taken onto the public balance sheet – without a military struggle, needless to say. At least such bloodshed is now in the past. From the vantage point of the Irish and Greek populations (perhaps soon to be joined by those of Portugal and Spain), national parliamentary governments are to be mobilized to impose the terms of national surrender to financial planners. One almost can say that the ideal is to reduce parliaments to local puppet regimes serving the cosmopolitan financial class by using debt leverage to carve up what is left of the public domain that used to be called “the commons.” As such, we now are entering a post-medieval world of enclosures – an Enclosure Movement driven by financial law that overrides public and common law, against the common good.
Within Europe, financial power is concentrated in Germany, France and the Netherlands. It is their banks that held most of the bonds of the Greek government now being called on to impose austerity, and of the Irish banks that already have been bailed out by Irish taxpayers.
On Thursday, June 2, 2011, ECB President Jean-Claude Trichet spelled out the blueprint for how to establish financial oligarchy over all Europe. Appropriately, he announced his plan upon receiving the Charlemagne prize at Aachen, Germany – symbolically expressing how Europe was to be unified not on the grounds of economic peace as dreamed of by the architects of the Common Market in the 1950s, but on diametrically opposite oligarchic grounds.
At the outset of his speech on “Building Europe, building institutions,” Trichet appropriately credited the European Council led by Mr. Van Rompuy for giving direction and momentum from the highest level, and the Eurogroup of finance ministers led by Mr. Juncker. Together, they formed what the popular press calls Europe’s creditor “troika.” Mr. Trichet’s speech refers to “the ‘trialogue’ between the Parliament, the Commission and the Council.”
Europe’s task, he explained, was to follow Erasmus in bringing Europe beyond its traditional “strict concept of nationhood.” The debt problem called for new “monetary policy measures – we call them ‘non standard’ decisions, strictly separated from the ‘standard’ decisions, and aimed at restoring a better transmission of our monetary policy in these abnormal market conditions.” The problem at hand is to make these conditions a new normalcy – that of paying debts, and re-defining solvency to reflect a nation’s ability to pay by selling off
its public domain.
“Countries that have not lived up to the letter or the spirit of the rules have experienced difficulties,” Trichet noted. “Via contagion, these difficulties have affected other countries in EMU. Strengthening the rules to prevent unsound policies is therefore an urgent priority.” His use of the term “contagion” depicted democratic government and protection of debtors as a disease. Reminiscent of the Greek colonels’ speech that opened the famous 1969 film “Z”: to combat leftism as if it were an agricultural pest to be exterminated by proper ideological pesticide. Mr. Trichet adopted the colonels’ rhetoric. The task of the Greek Socialists evidently is to do what the colonels and their conservative successors could not do: deliver labor to irreversible economic reforms.
“Arrangements are currently in place, involving financial assistance under strict conditions, fully in line with the IMF policy. I am aware that some observers have concerns about where this leads. The line between regional solidarity and individual responsibility could become blurred if the conditionality is not rigorously complied with. “In my view, it could be appropriate to foresee for the medium term two stages for countries in difficulty. This would naturally demand a change of the Treaty.
“As a first stage, it is justified to provide financial assistance in the context of a strong adjustment program. It is appropriate to give countries an opportunity to put the situation right themselves and to restore stability.
“At the same time, such assistance is in the interests of the euro area as a whole, as it prevents crises spreading in a way that could cause harm to other countries.
It is of paramount importance that adjustment occurs; that countries – governments and opposition – unite behind the effort; and that contributing countries survey with great care the implementation of the programme.
But if a country is still not delivering, I think all would agree that the second stage has to be different. Would it go too far if we envisaged, at this second stage, giving euro area authorities a much deeper and authoritative say in the formation of the country’s economic policies if these go harmfully astray? A direct influence, well over and above the reinforced surveillance that is presently envisaged? … (my emphasis)
The ECB President then gave the key political premise of his reform program (if it is not a travesty to use the term “reform” for today’s counter-Enlightenment):
“We can see before our eyes that membership of the EU, and even more so of EMU, introduces a new understanding in the way sovereignty is exerted. Interdependence means that countries de facto do not have complete internal authority. They can experience crises caused entirely by the unsound economic policies of others.
“With a new concept of a second stage, we would change drastically the present governance based upon the dialectics of surveillance, recommendations and sanctions. In the present concept, all the decisions remain in the hands of the country concerned, even if the recommendations are not applied, and even if this attitude triggers major difficulties for other member countries. In the new concept, it would be not only possible, but in some cases compulsory, in a second stage for the European authorities – namely the Council on the basis of a proposal by the Commission, in liaison with the ECB – to take themselves decisions applicable in the economy concerned.
“One way this could be imagined is for European authorities to have the right to veto some national economic policy decisions. The remit could include in particular major fiscal spending items and elements essential for the country’s competitiveness. …
By “unsound economic policies,” Mr. Trichet means not paying debts – by writing them down to the ability to pay without forfeiting land and monopolies in the public domain, and refusing to replace political and economic democracy with control by bankers. Twisting the knife into the long history of European idealism, he deceptively depicted his proposed financial coup d’état as if it were in the spirit of Jean Monnet, Robert Schuman and other liberals who promoted European integration in hope of creating a more peaceful world – one that would be more prosperous and productive, not one based on financial asset stripping.
“Jean Monnet in his memoirs 35 years ago wrote: ‘Nobody can say today what will be the institutional framework of Europe tomorrow because the future changes, which will be fostered by today’s changes, are unpredictable.’
“In this Union of tomorrow, or of the day after tomorrow, would it be too bold, in the economic field, with a single market, a single currency and a single central bank, to envisage a ministry of finance of the Union? Not necessarily a ministry of finance that administers a large federal budget. But a ministry of finance that would exert direct responsibilities in at least three domains: first, the surveillance of both fiscal policies and competitiveness policies, as well as the direct responsibilities mentioned earlier as regards countries in a ‘second stage’ inside the euro area; second, all the typical responsibilities of the executive branches as regards the union’s integrated financial sector, so as to accompany the full integration of financial services; and third, the representation of the union confederation in international financial institutions.
“Husserl concluded his lecture in a visionary way: ‘Europe’s existential crisis can end in only one of two ways: in its demise (…) lapsing into a hatred of the spirit and into barbarism ; or in its rebirth from the spirit of philosophy, through a heroism of reason (…).’”
As my friend Marshall Auerback remarked in response to this speech, its message is familiar enough as a description of what is happening in the United States: “This is the Republican answer in Michigan. Take over the cities in crisis run by disfavored minorities, remove their democratically elected governments from power, and use extraordinary powers to mandate austerity.” In other words, no room for any agency like that advocated by Elizabeth Warren is to exist in the EU. That is not the kind of idealistic integration toward which Trichet and the ECB aim. He is leading toward what the closing credits of the film “Z” put on the screen: The things banned by the junta include: “peace movements, strikes, labor unions, long hair on men,The Beatles, other modern and popular music (‘la musique populaire’),Sophocles, Leo Tolstoy, Aeschylus, writing that Socrates was homosexual,Eugène Ionesco, Jean-Paul Sartre, Anton Chekhov, Harold Pinter, Edward Albee, Mark Twain, Samuel Beckett, the bar association, sociology, international encyclopedias, free press, and new math. Also banned is the letter Z, which was used as a symbolic reminder that Grigoris Lambrakis and by extension the spirit of resistance lives (zi = ‘he (Lambrakis) lives’).”
As the Wall Street Journal accurately summarized the political thrust of Mr. Trichet’s speech, “if a bailed-out country isn’t delivering on its fiscal-adjustment program, then a ‘second stage’ could be required, which could possibly involve ‘giving euro-area authorities a much deeper and authoritative say in the formation of the county's economic policies …’” Eurozone authorities – specifically, their financial institutions, not democratic institutions aimed at protecting labor and consumers, raising living standards and so forth – “could have ‘the right to veto some national economic-policy decisions’ under such a regime. In particular, a veto could apply for ‘major fiscal spending items and elements essential for the country’s competitiveness.’”
Paraphrasing Mr. Trichet’s lugubrious query, “In this union of tomorrow ... would it be too bold in the economic field ... to envisage a ministry of finance for the union?” the article noted that “Such a ministry wouldn’t necessarily have a large federal budget but would be involved in surveillance and issuing vetoes, and would represent the currency bloc at international financial institutions.”
My own memory is that socialist idealism after World War II was world-weary in seeing nation states as the instruments for military warfare. This pacifist ideology came to overshadow the original socialist ideology of the late 19th century, which sought to reform governments to take law-making power, taxing power and property itself out of the hands of the classes who had possessed it ever since the Viking invasions of Europe had established feudal privilege, absentee landownership and financial control of trading monopolies and, increasingly, the banking privilege of money creation.
But somehow, as my UMKC colleague, Prof. Bill Black commented recently in the UMKC economics blog: “One of the great paradoxes is that the periphery’s generally left-wing governments adopted so enthusiastically the ECB’s ultra-right wing economic nostrums – austerity is an appropriate response to a great recession. ... Why left-wing parties embrace the advice of the ultra-right wing economists whose anti-regulatory dogmas helped cause the crisis is one of the great mysteries of life. Their policies are self-destructive to the economy and suicidal politically.”
Greece and Ireland have become the litmus test for whether economies will be sacrificed in attempts to pay debts that cannot be paid. An interregnum is threatened during which the road to default and permanent austerity will carve out more and more land and public enterprises from the public domain, divert more and more consumer income to pay debt service and taxes for governments to pay bondholders, and more business income to pay the bankers.
If this is not war, what is?
Michael Hudson is a former Wall Street economist. A Distinguished Research Professor at University of Missouri, Kansas City (UMKC), he is the author of many books, including Super Imperialism: The Economic Strategy of American Empire (new ed., Pluto Press, 2002) and Trade, Development and Foreign Debt: A History of Theories of Polarization v. Convergence in the World Economy. He can be reached via his website, mh@michael-hudson.com
segunda-feira, junho 06, 2011
A terceira metamorfose alemã: recusar a grandeza?
Neste artigo publicado no DN de 6 de Junho de 2011, o autor alerta-nos para alguns dos desafios que temos para superar. O maior deles é o de nos superarmos a nós próprios. A força do medo não nos pode paralisar, pelo contrário, só nos pode, através de muita inteligência, e toda a paciência, fazer encontrar as saídas do labirinto e libertar o amor próprio. Haverá maior ambição? A inteligência para vencer o mestre, a paciência para aprender quem somos. Nenhuma está fora do alcance individual.
A terceira metamorfose alemã: recusar a grandeza?
por VIRIATO SOROMENHO-MARQUES
Em 1951, num contexto bem diferente - o do rearmamento alemão no quadro da guerra da Coreia e do conflito Leste-Oeste -, Eduard Spranger escreveu que a Alemanha se tornara, outra vez, no povo que transportava consigo o destino da Europa (Schicksalsvolk). Sessenta anos depois, Spranger volta a ter razão. Só Berlim está em condições de impedir que a crise das dívidas soberanas provoque a implosão da Europa. Só a força da Alemanha poderá promover a refundação da Europa com novas vestes, aprofundando os processos de legitimação e fazendo a União Europeia caminhar numa lógica de solidariedade e destino comum que está hoje em perigo. Se a moeda única cair (e os efeitos de contágio de uma reestruturação da dívida grega ou mesmo do regresso ao dracma não podem ser menosprezados), a União Europeia fragmentar-se-á, e com isso todos os cavaleiros do Apocalipse europeu regressarão da sua longa letargia.
Nos últimos cento e quarenta anos, a Alemanha passou por três metamorfoses fundamentais na afirmação da sua identidade. Em duas delas, uma Alemanha desmesurada conduziu o mundo a duas guerras mundiais. Hoje, a destruição da Europa pode ter origem no contrário. Numa Alemanha, sem memória, que pensa pequenino, e que recusa ser aquilo que é: um país excepcional com responsabilidades maiores do que qualquer outro país do Velho Continente.
Primeira metamorfose: o império apressado
Em 1871, depois de vencer a França, Bismarck conseguia um duplo sucesso: criar um Estado alemão e restaurar o império germânico. O êxito do II Reich era ameaçador não só para os seus vizinhos, mas também para os representantes mais lúcidos da inteligência alemã. Nietzsche foi um dos pensadores que retomou a velha pergunta, que já era possível descortinar em Fichte e Heine, bem como nas meditações de Saint-Simon e Goethe: será adequada a relação existente entre o Estado alemão e a alma alemã? Será que a nova vocação imperial se coadunaria com a vocação e o potencial expressivo e produtivo da cultura germânica? A resposta de Nietzsche, dada em 1888, era negativa e perturbante. O nacionalismo e a vocação imperial condenavam a cultura alemã à menoridade. Perante o fracasso de uma ideia cosmopolita de Europa, vencida pela barragem poderosa dos nacionalismos, a Alemanha teria de escolher entre ser uma potência militar e económica, ou uma potência cultural. Não haveria meio-termo.
Em 1871, a Alemanha iniciou um processo em que iria, progressivamente, tornar-se cada vez menor, quando medida pela bitola exigentemente crítica e universalista dos seus maiores pensadores "clássicos", e cada vez maior, quando avaliada pelas expectativas e receios dos seus vizinhos e parceiros do condomínio europeu. Em 1914, na eclosão da tragédia, coube a um filósofo judeu, Hermann Cohen, fazer o mais impressionante requiem sobre esse ideal de Alemanha espiritual e cosmopolita, que Nietzsche advertira estar em risco de morte iminente.
Segunda metamorfose: Derrota, desmesura e catástrofe
Em 1918, a Alemanha saiu exangue dos quatro terríveis anos de guerra total, mas apesar de esgotada na sua juventude dizimada e no seu orgulho nacional ferido pelo injusto Tratado de Versalhes, a nação alemã ainda manifestou um enorme potencial de recomeço. A intensidade cultural, a fertilização cosmopolita, a coragem de experimentar e de provocar fazem dos escassos anos da República de Weimar uma luz intensa e trágica que faz a diferença, por contraste com o cinzento panorama do espírito na Alemanha e na Europa do século XX.
Em 1945, na derrocada do III Reich, a Alemanha foi literalmente despedaçada. Às suas próprias mãos, e por sua própria responsabilidade, a senda imperial hitleriana esteve prestes a conduzir os alemães a um destino idêntico ao dos polacos em 1772, quando o seu país se viu espartilhado pela Rússia, Áustria e Prússia. Mas foi pior ainda. Em 1945, a Alemanha não se limitou a ser derrotada numa guerra apocalíptica, a que só faltou o iminente bombardeamento nuclear de cidades germânicas para que o cataclismo fosse irreversível. A Alemanha foi despedaçada, amputada, ferida no corpo, mas também na alma. O nome do país tornou-se sinónimo de opróbrio e holocausto. Sessenta e seis anos passados, as ondas de choque de 1933 e 1945 ainda se fazem sentir. Já não são sombras simplesmente europeias, ou mesmo exclusivas do Velho Continente. São anátemas mundiais, perigos globais. Incontornáveis.
Um dos maiores de todos os danos globais herdados da II Guerra Mundial é, sem dúvida, a destruição e/ou exílio das comunidades judaicas que durante séculos foram um fermento vigoroso para o desenvolvimento da economia e da cultura europeias. Hitler conseguiu, pelo menos no Velho Continente, "resolver" a "questão judaica" (Judenfrage) à sua maneira. O que sobreviveu do enorme potencial criativo das comunidades judaicas europeias brilha hoje nos EUA, ou transferiu-se para a zona mais fracturante do planeta, a estreita faixa de terra, na margem oriental do Mediterrâneo, onde se construiu o Estado de Israel. Neste domínio, a II Guerra Mundial não foi uma derrota só alemã, mas de toda a Europa. Estamos hoje mais pobres e somos nós, os europeus, os primeiros responsáveis pelo impasse trágico a que as relações de Israel com o mundo árabe conduziram.
Terceira metamorfose: Liderar ou destruir a União Europeia
De Konrad Adenauer a Helmut Kohl, passando por Willy Brandt e Helmut Schmidt, a Alemanha foi sempre o motor e o banco da construção europeia. Uma liderança discreta, fundada numa combinação feliz entre o reconquistado poderio do milagre económico e a expiação da "culpa alemã" (die deutsche Schuld) pela guerra e pelo holocausto. A pressão da ameaça soviética ajudava à coesão da Europa Ocidental. Pelo contrário, o colapso da URSS, a reunificação alemã, o alargamento acelerado da União e a usura do esquecimento (é de notar que na RDA, onde nasceu e foi educada Angela Merkel, a questão da culpa alemã sempre foi tratada como um problema do regime nazi e não do povo alemão...) foram reduzindo a ideia que a Alemanha tinha da sua centralidade para a viabilidade da União Europeia. Um sinal disso: no início de 2004, o governo alemão (da coligação de sociais-democratas e verdes) juntou-se aos outros cinco países que mais contribuem para o orçamento da União Europeia, numa carta exigindo ao presidente da Comissão Europeia (então o italiano Romano Prodi) que o orçamento da União não ultrapassasse a pobre fasquia de 1% do produto interno total da UE, apesar dessa redução ocorrer precisamente numa altura em que a União passava de 15 para 25 Estados-membros!
A condução alemã do combate à crise das dívidas soberanas, em que países inteiros são tratados como criminosos, ou vencidos de uma guerra económica não declarada, tem sido desastrosa. Atenas, Dublim, ou Lisboa têm responsabilidades. Mas não é verdade que a Alemanha também violou o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC)? E não é verdade que foi precisamente nessa sequência que o PEC foi flexibilizado (2005), legitimando políticas orçamentais mais aventureiras? E não é verdade que entre Maio de 2001 e Dezembro de 2005 a taxa principal das operações de refinanciamento do BCE passou de 4,75% para 2% mantendo--se nesse nível entre Junho de 2003 e Dezembro de 2005? E não é verdade que as autoridades nacionais estiveram aquém das suas responsabilidades em matéria de controlo prudencial e comportamental? E, sobretudo, não é verdade que toda a arquitectura da UEM carecia de um cimento político para não vacilar sob o ímpeto das primeiras tempestades?
Sendo tudo isto verdade, importa recolocar a questão crucial: será que a Alemanha tem hoje uma clara imagem de si própria? A Alemanha é, hoje, mais ainda do que no passado, o país-chave da União. Da capacidade germânica de actuar no longo prazo, para além da agenda dos seus problemas domésticos imediatos, dependerá uma parte substancial do futuro, cheio de incertezas e esperanças, de mais de 493 milhões de europeus. Sem a liderança da Alemanha, a União Europeia perderá a energia que garante a possibilidade de manter um rumo e uma finalidade estratégicas, garantindo a procura da sustentabilidade numa atmosfera de paz e cooperação mútua.
Não é grande quem quer, mas sim quem pode. Mas só permanece na grandeza quem faz por merecê-lo em cada gesto quotidiano. Este é um princípio de orientação válido para os indivíduos e para povos. Continuar a persistir na viabilidade de uma estratégia de "isolamento" dos países em crise financeira, em vez de avançar para a governação económica europeia e para o federalismo político, é um erro, que vai contra o próprio interesse nacional da Alemanha.
Será preciso que a Espanha, a Bélgica e a Itália sigam as pisadas da Grécia, da Irlanda e de Portugal, para que a Alemanha perceba que o seu interesse nacional, afinal, coincide com o interesse europeu?
Nessa altura poderá ser demasiado tarde. Mesmo para o poder da Alemanha. Teremos uma resposta, para o bem ou para o mal, nos próximos um a dois anos. Esperemos que a Europa lhe sobreviva. Caso contrário, seremos apenas aquilo a que a geografia nos destinou: uma península da Ásia onde durante milénios habitou, como disse um grande alemão, o filósofo Hegel, o "espírito do mundo" (Weltgeist).
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