quarta-feira, agosto 26, 2009

De novo na Graça

Hoje dei uma grande volta para cá chegar.

Ao sair de casa, nem de cá voltar tinha certeza.

Hoje dei uma bonita volta, pelos bairros orientais de Lisboa.

Beato, Marvila, Xabregas, Olivais, Chelas.

Saí em busca da minha identidade perdida.

Custou-me uma fortuna. A perda. Mas voltei a encontrá-la.

Encontrada, desci à cidade para senti-la,

sentir-lhe o cheiro, o canto, o ritmo, o sentido.

Vai bem a cidade cujas praças se enchem de esplanadas cheias.

No 28, para casa, sobe-se e desce-se pelas colinas,

mas o caminho não me deixa chegar a casa.

Fica a caminho da Graça e ora que aqui fiquei.

Estando o céu encoberto por nuvens cheias, o Sol sente-se tímido.

O seu calor é levado pela brisa forte e sinto-o fraco.

Por outro lado, como a hora é já de Sol que se põe,

fica a cidade mais à vista por não sentir o seu calor nos olhos.



Estou triste por mim.

Aliviado por ter encontrado a identidade perdida.

Alegremente embriagado pela possibilidade desejada.

É a razão da minha alegria que me deixa assustado.


Temo revelar que, no fundo, a minha identidade, profunda,


permanente e nua, seja de um vazio profundamente escuro e sem sentido.