Não sei bem porque gosto tanto desta parte de "Caro Diário", se é só pela música, se pela poesia da imagem, se pela beleza e mestria do take (começa aos 59''). Merecida homenagem.
quarta-feira, setembro 16, 2009
sexta-feira, setembro 11, 2009
Na Praça
Inspirado por Calvino, nas locuções proferidas em contextos de que só ele saberá a glosa completa, venho à Praça, ao Mercado do Livramento, em busca de tesouros que, só aqui, sei poder encontrar.
Ora são os vegetais, frescos, policromados, que observo cá do alto, ora os produtos habituais, para mim, na Praça. O queijo, o pão, o peixe, talvez, fruta, e hoje coentros de certeza, para a massa de peixe de que desfrutarei por certo em casa.
Para mim, casa é em Lisboa. Um quarto, sem sala, com cozinha e pouco mais.
Que importa ao pombo o poleiro da janela, se o que lhe interessa é mesmo a pomba, ou seja, o prazer. O Desejo é o sentimento que o faz correr por entre folhas de alface, cenouras ou uvas doces.
O chá não vem, não sei que faça. Quase durmo, é preguiça. Dormir posso sempre mais tarde.
Quero um queijo, um pão, uvas, figos, coentros e salsa, cebolas se forem boas, que não façam chorar muito, também levo.
Vou procurar a menina mais bonita, que me vende estes tesouros pelos quais anseio, seja doce e bonita, nova ou velha, eu levo um conto.
Talvez amanha leve o peixe que, de certeza, me agrade.
Ora são os vegetais, frescos, policromados, que observo cá do alto, ora os produtos habituais, para mim, na Praça. O queijo, o pão, o peixe, talvez, fruta, e hoje coentros de certeza, para a massa de peixe de que desfrutarei por certo em casa.
Para mim, casa é em Lisboa. Um quarto, sem sala, com cozinha e pouco mais.
Que importa ao pombo o poleiro da janela, se o que lhe interessa é mesmo a pomba, ou seja, o prazer. O Desejo é o sentimento que o faz correr por entre folhas de alface, cenouras ou uvas doces.
O chá não vem, não sei que faça. Quase durmo, é preguiça. Dormir posso sempre mais tarde.
Quero um queijo, um pão, uvas, figos, coentros e salsa, cebolas se forem boas, que não façam chorar muito, também levo.
Vou procurar a menina mais bonita, que me vende estes tesouros pelos quais anseio, seja doce e bonita, nova ou velha, eu levo um conto.
Talvez amanha leve o peixe que, de certeza, me agrade.
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"Cheers"
Pensando nas personagens da série, devo estar mais próximo de Cliff Clavin, o carteiro de Boston.
Não quero dizer que é o único carteiro em Boston, mas é o único que entra no Cherrs no final da ronda.
Penso em Cliff por me identificar com a personagem que pensa que sabe muita coisa, que até sabe, que pensa que são coisas interessantes para "revelar", que não são, e que pensa que eles não fazem ideia do facto que irá lançar como grande novidade.
Cliff é aquela personagem que quando é chamado para informar, ser um programa ao vivo, isto é, gravado perante um público, como se de teatro se tratasse, aviso para os tele-espectadores, claro, fá-lo convencido de que pouca gente tem conhecimento que "Cheers" é gravado perante uma audiência, viva.
Hoje sinto-me o Cliff, embora haja sempre uma parte, em cada um deles, com a qual nos identificamos, por instantes. Será esse o segredo do sucesso deste clássico?
Não quero dizer que é o único carteiro em Boston, mas é o único que entra no Cherrs no final da ronda.
Penso em Cliff por me identificar com a personagem que pensa que sabe muita coisa, que até sabe, que pensa que são coisas interessantes para "revelar", que não são, e que pensa que eles não fazem ideia do facto que irá lançar como grande novidade.
Cliff é aquela personagem que quando é chamado para informar, ser um programa ao vivo, isto é, gravado perante um público, como se de teatro se tratasse, aviso para os tele-espectadores, claro, fá-lo convencido de que pouca gente tem conhecimento que "Cheers" é gravado perante uma audiência, viva.
Hoje sinto-me o Cliff, embora haja sempre uma parte, em cada um deles, com a qual nos identificamos, por instantes. Será esse o segredo do sucesso deste clássico?
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Guernica II - Eu político me confesso
Deixando seguir a leitura jornalística, tento recordar-me então, a quais momentos vividos poderei eu vir a ser, por isso , considerado um homem político, num futuro distante, caso alguém se dê ao trabalho.
Espero que conste no testamento o meu primeiro acto consciente e recordado. Um funeral. Dia de "feriados" escolares, no ano da morte de Zeca Afonso. Entrei pela primeira vez num cemitério para assistir ao seu enterro. Teria 13, 14 anos. Que não quero fazer as contas. Para lá do caos, devido à multidão, recordo caras conhecidas a segurar a urna, ou na marcha que se fez, lenta, até à sua cova funda. O Janita?, o Vitorino, O Manuel Alegre. Acerca do último, vejo uma reportagem no "Público", a propósito da sua despedida do cargo de Deputado na Assembleia da República. Coincidências entre homens políticos? A sua despedida e a minha lembrança? Os comícios, no tempo dos comícios, não contam, que ia à Praça apenas para ver os artistas.
As manifestações contra as propinas, na 5 de Outubro, mas principalmente em frente à casa da qual o outro senhor se despede, deixaram, sem dúvida, marca profunda em mim. Também a Ponte, as portagens, as cargas policiais então muito na moda, a mando de um outro senhor que nada sabe ou de pouco se lembra.
Testamentado pode ficar também, uma participação efectiva como candidato, nas listas para a Associação de Estudantes de Ciências, a tal Lista que foi "apenas pagar" as contas da "S", mas da qual me afastei de imediato, ao ver a fome que por ali havia. Não de Feijoada mas do seu tacho.
Alegro-me (já sem referência ao senhor Deputado Poeta) apenas do facto de ter participado, como membro da Assembleia de Representantes da Universidade, na eleição do Reitor. Votei, sem problema pela franquesa, no Professor Barata-Moura. Por mais nada, os tempos da Joana que não comia o prato mas a papa foram importantes mas, à data era também o artista que ia ver. Fique ainda a participação na manifestação contra a Guerra de Invasão do Iraque (2003), no dia de aniversário de minha mãe. A figura de cartaz, de cartola à Tio Sam e pistola em riste, chamava-nos, de cara alegre (igualmente não pondo o senhor Deputado no barulho), e quer-me ainda parecer que o senhor Deputado Poeta também por lá se manifestava.
Se alguém o disser de mim, eu confirmo. Pela amostra podem imaginar o autor tão político como o artista de Guernica? Eu político me confesso.
Espero que conste no testamento o meu primeiro acto consciente e recordado. Um funeral. Dia de "feriados" escolares, no ano da morte de Zeca Afonso. Entrei pela primeira vez num cemitério para assistir ao seu enterro. Teria 13, 14 anos. Que não quero fazer as contas. Para lá do caos, devido à multidão, recordo caras conhecidas a segurar a urna, ou na marcha que se fez, lenta, até à sua cova funda. O Janita?, o Vitorino, O Manuel Alegre. Acerca do último, vejo uma reportagem no "Público", a propósito da sua despedida do cargo de Deputado na Assembleia da República. Coincidências entre homens políticos? A sua despedida e a minha lembrança? Os comícios, no tempo dos comícios, não contam, que ia à Praça apenas para ver os artistas.
As manifestações contra as propinas, na 5 de Outubro, mas principalmente em frente à casa da qual o outro senhor se despede, deixaram, sem dúvida, marca profunda em mim. Também a Ponte, as portagens, as cargas policiais então muito na moda, a mando de um outro senhor que nada sabe ou de pouco se lembra.
Testamentado pode ficar também, uma participação efectiva como candidato, nas listas para a Associação de Estudantes de Ciências, a tal Lista que foi "apenas pagar" as contas da "S", mas da qual me afastei de imediato, ao ver a fome que por ali havia. Não de Feijoada mas do seu tacho.
Alegro-me (já sem referência ao senhor Deputado Poeta) apenas do facto de ter participado, como membro da Assembleia de Representantes da Universidade, na eleição do Reitor. Votei, sem problema pela franquesa, no Professor Barata-Moura. Por mais nada, os tempos da Joana que não comia o prato mas a papa foram importantes mas, à data era também o artista que ia ver. Fique ainda a participação na manifestação contra a Guerra de Invasão do Iraque (2003), no dia de aniversário de minha mãe. A figura de cartaz, de cartola à Tio Sam e pistola em riste, chamava-nos, de cara alegre (igualmente não pondo o senhor Deputado no barulho), e quer-me ainda parecer que o senhor Deputado Poeta também por lá se manifestava.
Se alguém o disser de mim, eu confirmo. Pela amostra podem imaginar o autor tão político como o artista de Guernica? Eu político me confesso.
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"Guernica"
" Picasso era um artista muito mais político do que habitualmente se imagina." Segundo o artigo (P., Ípsilon, 24-07-2009), a justificação para a afirmação acima transcrita estará exposta na Tate Liverpool na próxima Primavera.
"...tudo isso estará na exposição...", sendo "isso", algo relacionado com a sua filiação no PCF, entre outros envolvimentos em causas que hoje se dizem cívicas. Certo!
Quer então dizer que há quem imagina o autor de "Guernica" outra coisa que não um homem político. Genialidade na obra faz do homem um artista e a bem do decoro público e do politicamente correcto, será bom que o homem seja apenas um artista. É a ideia de obra sem mensagem. Sem vontade de comunicar. O homem como intérprete que não tem a noção que pinta, escreve, musíca o mundo, com os seus sentidos, ainda sem a noção de que alguém será interprete posterior da sua afirmação estética.
Como eu vejo, o símbolo artístico de duas décadas de abomináveis actos, feitos pelo homem contra o homem, é Guernica. É-o por ser uma imagem do início. É-o por não ter sido suficiente, o que nela se relata, para parar de imediato a loucura humana. Desconheço o impacte na época e o momento da sua revelação. Terá a sua beleza estética encorajado a futura loucura de 20 anos?
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Sobre Camões
de Fernando Pessoa in Diário de Lisboa, de 4 de Fevereiro de 1924.
"Luís de Camões"
"...
Em certo modo viveu o que cantou, sendo, assim,
o único épico que foi lírico ao sê-lo.
Essa sua singularidade, que é uma virtude,
é, como todas as virtudes, origem de vários defeitos."
"Luís de Camões"
"...
Em certo modo viveu o que cantou, sendo, assim,
o único épico que foi lírico ao sê-lo.
Essa sua singularidade, que é uma virtude,
é, como todas as virtudes, origem de vários defeitos."
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