quarta-feira, abril 25, 2007

25 de Abril...ás vezes!!! Fascismo nunca mais!!

Relato de acontecimentos, dirigido a um director de jornal.Caro Sr. Director,
  • - Por volta das 19.30 H do dia 25 de Abril de 2007, em plena Rua do Carmo, junto ao c.c. do Chiado, decorria uma manifestação autorizada pela polícia, tendo em conta que a acompanhava, tal como é costume em qualquer manifestação
  • - Após alguns indivíduos terem pintado numa parede algumas palavras, cerca de 6 elementos das forças policiais, apenas identificáveis pelos cacetetes que empunharam depois, agarraram os prevaricadores.
  • - Tendo os detidos manifestado alguma resistência, o caso, até aí banal, mudou completamente de figura.

  • - Os manifestantes, voltaram-se para trás, subiram a rua do Carmo e tentaram resgatar os seus companheiros de manifestação. Os elementos policiais, que não ostentavam qualquer identificação, repito, chamaram obviamente reforços.

  • - Em apenas um minuto, a Rua do Carmo estava cercada por cima e por baixo, por forças policiais anti-motim.

  • - É claro que devido ao dia em questão e à zona em causa, estavam muitos turistas, crianças, idosos, meros transeuntes e clientes do comércio que envolve toda a zona do chiado, na Rua do Carmo, no preciso momento em que o motim começou.

  • - A natureza contestatária dos manifestantes (devo referir também que se tratava de uma manifestação contra o neo-fascismo e contra a xenofobia), bem conhecida anteriormente pela polícia, podia ter sugerido aos responsáveis policiais, adoptar uma posição mais cautelosa.

  • - Mostraram no entanto, muita coragem e sentido do dever, pois, não se detiveram perante a primeira provocação fora da lei.

  • - Eu, tendo saído do c.c. do Chiado naquele momento, resolvi deixar passar a manifestação e segui calmamente na traseira da demonstração, pretendendo sair dali na rua do elevador de Santa Justa, em direcção a casa.

  • - Em dois segundos estava no meio da confusão. Dirigi-me, descendo o Carmo, para o local onde estava a maior parte da polícia de choque.

  • - Reconhecendo, pela posição e atitude, aquele que me pareceu ser o responsável máximo pela força policial, tentei perguntar-lhe se devia e podia passar para trás da barreira policial.

  • - Apenas ouvi um outro elemento policial, dizendo ao seu superior - Sr. Intendente (não me recordo se era mesmo intendente ou comissário…), saia daí (qual general, estava na frente do barreira policial) - e claro, não obtive resposta, ou melhor percebi logo que ali é que eu não ficava e passei por eles bem encostadinho à parede, sempre olhando-lhes nos olhos (que os meus mostravam claramente por quem eu estava; pela minha Saúde e Liberdade).

  • - Olhei então para trás e foi ver os manifestantes, que pena tive deles, a uns bons 15 metros da polícia, espremendo-se uns contra os outros, sem possibilidade de fuga, como rebanho cercado por lobos esfomeados.

  • - Deu-se a carga, fugiram por onde conseguiram os jovens manifestantes, levando tanta pancada quanta lhes conseguiram dar os polícias, e tudo isto sem ter ouvido uma só palavra pela parte do Sr. comissário. Foi só após uns bons minutos que se ouviu da parte de um dos policiais, um igual a todos os outros corajosos policias, uma palavra na direcção dos transeuntes que como eu estavam no meio daquela trapalhada. -Saiam já daqui! Para baixo! Fora!- e foi um pandemónio.

Uma bela imagem de Democracia oferecida aos inúmeros turistas que ainda vêm a Portugal para celebrá-la.


Já agora, devo também relatar que não vi ninguém a oferecer cravos.

Nem a Polícia, nem os manifestantes, nem os turistas, nem os comerciantes.

Já não se dão cravos no dia em que se comemora a Revolução dos cravos.

Dá-se pancada.

Dão-se péssimos exemplos de tolerância.

Mas continua a ser legal o cartaz do PNR em pleno Marquês de Pombal. Tem, mesmo, direito a protecção policial.

Verifiquei hoje que 6 elementos da PSP o guardam bem guardado.
Quando a Faculdade de Letras foi vandalizada com símbolos fascistas onde é que andava a PSP?
A guardar o dito cartaz?
Viva a Liberdade!

14 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Eu também vi e escrevi:
Como é que ninguém viu a polícia de choque hoje na Rua do Carmo?

Incrível como ninguém viu a polícia de choque, hoje, dia 25 de Abril de 2007, na Rua do Carmo, em Lisboa, cerca das 19h, carregar em força e indiscriminadamente sobre grupo de manifestantes “Contra o fascismo e o capitalismo”.
Eu estava à porta da Fnac e vi com os meus olhos os manifestantes desfilarem à minha frente. Eram talvez uns cem, a gritar palavras de ordem desconexas e inconsequentes contra o fascismo, mas sem qualquer violência, para além da que resultava das indumentárias negras e das caras tapadas por lenços pretos, sabe-se lá porquê... Que palermas, estes miúdos! Passados poucos segundos, ia o grupo uns 30 metros mais abaixo, num ponto da Rua do Carmo de onde não era possível fugir, positivamente encurralados, ouvi gritos e pareceu-me ver alguns clarões. Logo a polícia de choque a avançar em bloco, saíam da Rua Nova do Almada e do Chiado, e lançaram-se sobre os manifestantes, poucos metros abaixo do sítio onde eu e outros tentávamos ver o que se passava. Ouvimos gritos e o som dos bastões a bater, em pessoas, suponho. Confusão, muita. Ninguém entendia o que estava a acontecer e a polícia continuava a vir de todos os lados e a entupir a rua. A impressão que tive era de que havia mais polícias do que manifestantes. Depois foram três ou quatro carrinhas da polícia a entrar pela Rua do Carmo abaixo. Para além do condutor, iam vazias. Eu já nem percebia bem como cabia tanta coisa na Rua do Carmo. O alarido continuava lá em baixo e algumas pessoas subiam agora a correr na direcção da Rua Nova do Almada e diziam que a polícia de choque ia começara a carregar pela rua acima e que era melhor fugir.
A minha filha de dez anos puxava-me para eu me ir embora. Estava, naturalmente, assustada. Há menos de meia hora tinha estado a brincar com outros amigos, no meio dos manifestantes que agora estavam a ser espancados, na relva de festa com que a Câmara Municipal e o CEM tinham atapetado o Largo Camões para que os lisboetas pudessem gozar os dias da festa da liberdade.
Descemos pela Rua Nova do Almada e depois para a Rua do Ouro. Quando chegámos ao Rossio a confusão continuava. Fui-me embora.
Ao chegar a casa descobri que a minha filha de 21 anos tinha sido apanhada em plena confusão a meio da Rua do Carmo, depois de sair da Fnac. Por sorte, quando a polícia começou a bater em toda a gente, uma senhora de uma livraria puxou-a a ela e a mais três pessoas para dentro da livraria, mas uma das raparigas não escapou a tempo e levou uma bastonada na cara e o sangue jorrava-lhe da boca. A minha filha estava desnorteada, não acreditava no que estava viver, perguntava-se pelo país em que estava, enquanto via através da janela a polícia a bater em novos, velhos, rapazes ou raparigas.
Chamaram o 112 para acudir à rapariga ferida. Veio um polícia e perguntou o que lhe tinha acontecido, se tinha sido algum dos manifestantes que lhe tinha batido, responderam-lhe que não, que quem lhe tinha batido tinha sido um bastão de um polícia. Foi-se embora!
Em casa, ligo a televisão, procuro nos noticiários a notícia dos acontecimentos. Nada. Venho a internet e dou com o mesmo silêncio. Será que só nós é que vimos?

Anónimo disse...

Eu estive na manifestação e vi tudo o que se passou, há mias skins na psp do que no pnr. Vergonhoso, ontem até chorei pelas imagens fascistas que vi no dia 25 de abril, tou revoltado...




Tiago

Sandro Marques disse...

Eu disponibilizo-me para testemunhar a favor dos detidos. Posso relatar o que vi e a falta de bom senso por parte da polícia.

Anónimo disse...

Voçês não passam de uns insignificantes desconhecedores das leis que vigoram no pais ao qual pertencem! A vossa voz não chega ao ceu!

Sandro Marques disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sandro Marques disse...

Já agora, aproveito para manifestar aqui solenemente que o Sr. Secretário de estado José Magalhães está tão mal informado como mente mal.
O que acabei de ouvir na rádio é uma pura fantasia. Nada daquilo que ele afirma teve algo a ver com os acontecimentos de dia 25 de Abril.
O que é realmente importante nesta história é a falta de bom senço por parte da polícia, expressa na forma como actuou. Volto a afirmar que os elementos que tentaram prender os manifestantes ( os que estavam a pintar a parede)não estavam fardados e para os restantes até podiam ser elementos de outra qq galáxia.
Foi só ali que a confusão se instalou. E voltando às palavras do Sec. Estado, se é verdade que as manifestações em Portugal têm regras (vai ter já dia 1 de Maio uma ocasião para ser coerente), não percebo como é que uma manifestação que começa no Largo do Camões, desce a Rua Garret, vira para a Rua do Carmo,(são pelo menos 10 minutos tendo em conta a velocidade da marcha), sempre com elementos da polícia na sua frente, o que para mim deu a entender que se tratava de uma manifestação legalmente autorizada, é considerada ilegal.
Não se percebe.
Em pleno dia 25 de Abril, não será normal ver uma manifestação a descer o Chiado? Se ainda por cima é acompanhada pela polícia como em todas as manifestações legalmente autorizadas, o que é que distingue esta das demais? Será a natureza do protresto? Continuem a mentir e acabam com a Democracia.
E isto é verdade para todos os políticos profissionais portugueses. Mintam, Neguem, Fujam, que o Zé POvinho ainda se faz POVO.

Anónimo disse...

nao tenho pena nenhuma daqueles anarquistas arruaceiros.. vivo na rua do carmo e fiquei aterrorizada com os actos de vandalismo "dos pobres coitados".. ainda haviam era ter levado mais, pa aprenderem a respeitar as leis e a liberdade dos outros

Anónimo disse...

olá, minha senhora. eu um dos tais "anarquistas arruaceiros" de que a senhora fala. não posso deixar de achar estranho que a senhora tenha mais medo de miudos com latas de tinta do que de uma carga policial a varrer a rua de bastão em riste. ah, mas é óbvio que a senhora não estava lá no meio; é óbvio que a senhora viu tudo (se é que viu) de uma zona segura e talvez sem sair do conforto da sua casinha porque, se estivesse lá no meio, garanto-lhe que os zelosos agentes da "ordem" também lhe teriam batido a sí, sem se importarem minimamente com o que a senhora fez ou deixou de fazer. a esmagadora maioria das pessoas ESPANCADAS pela policia, incluindo homens de sessenta anos e miúdas adolescentes não cometeu desacato algum. eu não cometi desacato algum e, contudo, os dois agentes que me batiam pareciam muito interessados em mandar-me para o hospital, batendo-me repetidamente na cabeça e na nuca com os seus bastões. pús o braço á frente para proteger-me e ainda agora tenho dificuldades em rodar o pulso por causa disso. se as dores continuarem vou ter que ir ao hospital para ver se está partido. pior ficou uma companheira anarquista que eu conheço: encontrei-a sábado de braço ao peito. e que dizer de um companheiro que partiu uma perna? ah, mas é evidente que para a senhora vidros partidos são coisa muito mais importante que ossos partidos, não é verdade?

quanto a mim, peço-lhe encarecidamente que não se arme em estúpida e a não venha para aquí dizer baboseiras do tipo "deviam era ter apanhado mais" porque é óbvio que a senhora nunca apanhou uma única bastonada na sua vida.

Anónimo disse...

Viva, foi criado uma plataforma de recolha e divulgação de testemunhos, relatos, fotos, videos...
www.CravadoNoCarmo.pt.vu

Sandro Marques disse...

Para o "Klatuu o embuçado"
e com o0 meu pedido de desculpas.

Klatuu o embuçado disse...

Então? Apagaste isto por engano?

Sandro Marques disse...

não me enganei mas o importante era deixar o relato. Como ele já ganhou vida... e passou a estar no site cravado no carmo, achei cumprida a função e que não devia ficar aqui. Se o post se sentir bem aqui, pode ficar...

Klatuu o embuçado disse...

Eu acho que está aqui muito bem... ;)

Abraço.