sexta-feira, setembro 14, 2007

01/01/07


Falam em voz baixa, quase sussurrando. Entre os dois, decidem o que vão pedir, aguardando pela chegada do empregado.

A sua aproximação à mesa foi curiosa, diferente.
Junto à mesa havia apenas uma cadeira. Um olhar demorado levou o homem a procurar uma outra para completar o quadro.

Ficou implícito no olhar desolado da senhora que era tarefa para o seu acompanhante. O marido.
Com a cabeça inclinada para o chão deu dois passos na direcção de uma cadeira recentemente abandonada. Pegou-lhe com ambas as mãos e ergueu o corpo deixando os braços esticados. Dirigiu-se então, com passos miudinhos e com a cadeira à sua frente, na direcção da esposa que o aguardava ainda de pé.

Tendo então a esposa decidido sentar-se na cadeira que os esperava, foi ternurenta a mudança de expressão que se lhe estampou no rosto. De um ar subserviente e amestrado de pessoa bem comportada adquiriu então aquela expressão de felicidade. Tinha composto o quadro.

Apenas os seus pedidos tardavam. Valia bem a espera. A cidade abria a noite.

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