“ Quando chegar a minha vez de ir para Nova Iorque será para publicar livros. Muitos.”
Ela senta-se com um bloco de notas e uma caneta e assim, cria as suas histórias. Quando li, num jornal de domingo, esta revelação do seu método, de imediato fiquei com a sensação de que é clara a vantagem do bloco de notas. Hoje, ao reparar na companhia momentânea da mesa ao lado, nota que também ela usa um bloco de notas, com espiral à cabeça. Fiquei de imediato com vontade de escrever. Como ela. Como ele.
Como é desordenada a construção em Lisboa. Entre amarelo, branco, e cor de tijolo, Amontoam-se sonhos de vidas que nem sempre podem sonhar. Nem sempre têm tempo. Como uma trave mestra que suporta o telhado, aberto para o céu, o tabuleiro da ponte limita os que não sonham. Aqui.
Se eu pudesse, traçaria em papel e com carvão, um sonho por casa, por telhado onde habita um coração.
Mas são tantas as janelas, fechadas pela mão, que não mais fecho os olhos, fujo da escuridão.
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