terça-feira, julho 23, 2013

Ideias para a nova Esquerda



Pontos de partida: sentido crítico; pessimismo; utopia.

Zizek descreve o quadro filosófico-político actual como um lugar sem lugar para a esquerda. Apresenta como essencial o surgimento de uma esquerda radical. Quer isto significar que a esquerda desapareceu. Perdeu o seu lugar no debate e na forma de fazer agenda. Ao invés, é a direita radical e populista que marca lugar ao lado de um bloco extremamente alargado que vai do centro esquerda ao centro direita. Os tradicionais partidos de governo europeus, dos sociais democratas aos conservadores de base social mais ou menos marcada pala doutrina social cristã.

Como o debate se faz entre estes dois blocos ideológicos, é natural que a agenda não inclua nunca no debate as propostas de uma esquerda que saiu de cena.

Exige-se portanto um sentido crítico que obviamente emana da esquerda, o único lugar de onde pode provir. Uma outra possibilidade a considerar ainda é o papel dos partidos ecologistas. Eu ainda consigo ver o aparecimento, desde os últimos sete, oito anos, de novos movimentos que, embora de pequena dimensão e com expressão eleitoral diminuta, podem prefigurar os futuros partidos a nível europeu.

Berlin, 8 October 2011

Berlin, 8 October 2011

Por mais que eu tente resolver conflitos, só consigo
acrescentar confusão. Em nome de alguns
princípios que me parecem importantes
confronto as pessoas e acabo por acrescentar
problemas ao problema. As pessoas são
muito complicadas. Não me excluo desta
apreciação. Poderia tentar fechar os olhos e
ficar calado mas, já seriam dois sentidos
perdidos. Ter o coração muito perto da boca
tem as suas consequências. É assim.

Ondas se levantam nas tempestuosas furnaças
onde se aquecem no tempo de gelo as almas
por cada onda de frio que se levanta uma
outra de calor se destapa. morninho fico
no embaraçado lugar em que escrevo.

Fecha a porta, pára o frio, aquece a alma.

Que péssimo começo. O constrangimento da
situação em que escrevia, igual à que agora
prossegue, fez com que as pausas na escrita
me deixassem desconfortável.
Escrever no Metro é coisa rara em Berlim.

As palavras, as pausas, devem-se à falta de uma ideia
concreta sobre a qual escrever. Escrevo
para preencher a primeira página do
tão aguardado, novo Moleskine.

sábado, julho 20, 2013

Von Berlin

Von Berlin





A Universidade de Lisboa



a pensar a "salvação nacional1"



e a continuação de Portugal.




Depois da estratégia de Lisboa


e do Tratado de Lisboa


algo haveria de sair



mesmo de Lisboa.





Não de Bruxelas



ou de Berlim.





Berlim, 20 de Julho de 2013.






Nota: 1- na escolha de sentido dada nos tempos que correm pelas praias ocidentais da antiga província romana. A salvação de Portugal pode não ser a continuação nacional. Numa Europa das cidades, Lisboa é um ator maior.

quinta-feira, julho 11, 2013

A NÁUSEA


Gezi Park, Istanbul 2013




Através dos social media recebi este relato de um académico a viver em Istambul. O relato foi escrito e lançado ao mundo da Internet nos primeiros dias do levantamento de Istambul. Penso estar certo se disser que foi lançado no primeiro fim de semana após o levantamento.

"In Ankara, tweets and two very brave television channels reported the police have been using rubber bullets. The injuries are said to be severe. We kept on communicating (mainly through the social media) to know what was happening.
In Istanbul, crowds took over Taksim Square on Saturday afternoon after a day of being sprayed. The police retreated, but there was a tense lull since protesters were still being sprayed in other neighborhoods throughout Istanbul, mainly Beşiktas.
The prime minister declared that he would not back down on his plans for the transformation of everything under the sun into malls and upper-class residences."

Fui tirando notas e armazenando fotografias provindas das mesmas redes sociais, lembrando-me dos acontecimentos do Egipto, em 2011. A benigna inundação de informação foi uma das principais novidades desse fenómeno revolucionário. Os acontecimentos foram gravados, fotografados, escritos e depois divulgados pelas redes sociais.

A par das redes sociais, a Internet permitia também ter acesso aos meios de comunicação social disponíveis então. Dos tradicionais, os jornais de referência a nível mundial, as televisões que assim se difundem e as agências noticiosas faziam e fazem ainda parte do meu leque de canais informativos.

Em 2011, as filmagens e emissão em direto pela Aljazeera dos acontecimentos foram uma das principais fontes. Por si esse fenómeno foi de certa forma um marco histórico. A Revolução Egípcia foi, a seu modo, a primeira a ser vista pela televisão através da Internet. Em direto e em emissão quase contínua. Outras, dos anos 80 principalmente, tinham sido já emitidas em pequenos diretos, com repórteres na rua, mas ainda com poucos diretos. Eram essencialmente imagens gravadas e depois enviadas para as redações. Ainda que emitidas no mesmo dia, eram sempre emitidas em diferido, nos serviços noticiosos das programações.

Agora, as edições especiais, em televisão, acontecem a qualquer hora, acompanhando os acontecimentos e sublinhando-os com comentários. Para lá dos irritantes e distratores rodapés com publicidade ou informação extra sobre o que acontece no mundo das artes, do desporto, da economia, entretanto. Aqueles comentários são difundidos por um grupo de fazedores de opinião. São um grupo muito restrito e constituido por académicos, por jornalistas e por ex-responsáveis políticos, na maior parte a exercer funções privadas em empresas que antes tutelaram. São dadas três leituras por três formas distintas de olhar para o mundo.

Sendo um comentário, é sempre um ponto de vista baseado na informação que detêm antes e durante os acontecimentos. Os académicos são conhecedores de estatísticas, da história, da cultura, da língua e da sua evolução. Dão-nos o seu olhar diacrónico e distanciado, tanto quanto a paixão que os move na acumulação desse conhecimento lhes permite. Os jornalistas dão-nos o seu olhar mais ou menos sincrónico de acordo com a sua idade. Dão-nos ainda o seu olhar ideológico do mundo. Já os políticos, dão-nos o seu conhecimento pessoal e próximo dos atores políticos, funcionando muitas vezes como correias de transmissão do que públicamente esses atores não nos dizem privadamente. Já para não falar dos interesses dos accionistas das empresas em que desempenham funções.

Os comentadores são sempre aqueles que o canal informativo convida. Ou porque tem acesso, o seu contacto, ou porque faz parte do leque de influências privadas no canal de comunicação. Raramente os canais tradicionais alargam o leque de peritos , de influências e de favores, ou alteram esse mesmo leque.

É por isso de suspeitar que os interesses que suportam e coincidem com a posição dos detentores do canal sejam os mesmos em 2011 e agora. Não consta que a Aljazeera tenha mudado de dono. Muito menos que a ideologia de quem a suporta se tenha alterado ou mudado de intérprete. Concluo-o por tanto que a Aljazeera que nos mostrou o Egipto era a mesma que nos deu Taksim, Istambul, Ankara, a Turquia em 2013.

No bloco "Opinião", ao dia 12 de Junho desse ano, um artigo da autoria de Ali Murat Yel e Alparslan Nas tem por título: Taksim Square is not Tahrir Square; e como subtítulo: The main actors in Turkey's ongoing protests are motivated by reactionary ideology, not environmental concerns. Antes disso temos que ir até ao dia 5 do mesmo mês, uma semana antes, para encontrar a opinião de que Taksim não é Tahrir Square. Existem similaridades mas não é ainda uma revolução: ...but they are not yet a revolution.


Lembrando-me eu também de Tahrir Square, lá fui ver as emissões da cadeia Árabe. Foi um choque o contraste entre aquilo que as redes sociais mostravam em Livestream, por fotografia e por escrito em comparação com o que era mostrado, comentado e relatado acerca dos acontecimentos desse início de mês na Turquia. O choque provocou-me alguma náusia própria do marujo que enjoa em alto mar.


Os relatos em direto eram telefónicos, com as imagens em fundo a desmentir em tempo real aquilo que os jornalistas nos relatavam, num completo desacerto com a realidade. O momento mais nauseante foi quando a jornalista começou a falar em feridos e acabou a perder a ligação com o direto no estúdio. Estava a dar um relato que saía fora do enquadramento que a estação nos quiz mostrar. Os restantes relatos foram todos dentro desse enquadramento e por isso não foram prejudicados pela precariedade das ligações.

De Londres, um comentador mostrava-se agastado com os protestos de rua, não próprios de uma democracia. Sugeria que os manifestantes se contentassem com um pedido de desculpas. Colocava-se no papel de defesa da atuação policial, não sendo ela a respnsável pelo queimar de carros.

No momento, comecei a escrever este post e ainda só via o acontecido segundo o ponto de vista da censura:

Depois destas perguntas, a Aljazeera continua com a ronda de entrevistados, de Londres, de Istambul, e de um terceiro lugar. No momento em que o último entrevistado vai dizendo que a Imprensa não está a ser livre de reportar o que vai acontecendo a pivot interrompe o entrevistado devido a falta de tempo. A falta de tempo em televisão pode por vezes funcionar como o lápis azul da censura.
Nesta altura a Aljazeera reporta um alerta do ministro do interior acerca de ataques a edifícios públicos. A corse of revoltion but no violence.
…Próxima história,

E assim mudei a minha fotografia de perfil, mostrando o motivo da minha profunda náusea.

segunda-feira, junho 10, 2013

O esclarecimento num político

autor desconhecido. fonte:


Disse poiares Maduro, que 

"aqueles que nos levaram ao tapete, procuram de novo fazer Política, uma forma diferente, mas é fazer Política; e criam de novo uma realidade alternativa. Agora, como estudaram filosofia, isto até tem uma expressão em termos filosóficos, chamam-lhe narrativa. Passa-se por Paris e subitamente fica-se mais sofisticado. A narrativa (dito de dedo no ar), o que é um paradoxo, para quem conhece filosofia, a narrativa é a construção de uma realidade que não existe. É particularmente Adacre que, quem usa essa expressão, que se refira a ela dessa forma. Mas é uma realidade falsa, mas que, constantemente repetida, procura passar pela verdade. Mas o país não pode viver de narrativas!", com as eleições em mira.

Em Mira, o ministro foi recebido com protestos. A notícia diz que, apesar dos protestos, Maduro conseguiu discursar. A notícia, lida na RTP, e que conta com um vídeo, não nos diz no entanto quem recebeu Miguel Poiares, maduro. Deslocou-se no no passado sábado, ao Concelho de Mira, para falar a militantes do PSD, no âmbito da preparação das próximas eleições Autárquicas. Pelo que se depreende que, Miguel Poiares Maduro, quer seja no papel de ministro da República, quer seja no de simpatizante ou apoiante de alguma candidatura, ou ainda simplesmente no de homem Político, tem algo a dizer ao Partido Social Democrata. Tem para lhes dizer, jogando o jogo da política que consegue fazer milagres, não assentar bem a Sócrates defender a sua narrativa. Vem assim, uma vez que está a fazer politiquice, substituir o argumento de Sócrates pela sua retórica política em vésperas de eleições. 

A Sócrates, por estar-lhe vedada a ideia de poder fazer de novo política, não cabe contar-nos a sua, sempre pessoalmente distorcida, leitura do presente, usando para isso o seu conhecimento íntimo do passado tal como o seu desconhecimento. Se Sócrates está a usar a narrativa mais adequada para ler os últimos anos em Portugal e na Europa não está aqui em causa.

Sócrates, o que "nos levou ao tapete", exerce semanalmente a sua função de cidadão. De acordo com os critérios editoriais da RTP haverá interesse em ouvir a voz desta personagem da vida política recente. Tal como a cada um dos mortais, o papel que desempenha é uma semi-obrigação com algum carácter optativo. Talvez para aqueles que se satisfaçam com uma Democracia Representativa, sem escrutínio para lá do ato eletivo, isso baste. Estão tranquilos os conservadores, a vida não os obriga a procurar mudanças significativas, preferem preservar o status quo,.

As formas participativas de fazer política, reconhecem e consideram  a existência de grupos de interesse potencialmente influenciadores dos partidos políticos. No final esse exercer de influência pode ajudar a moldar as políticas públicas escolhidas pelo poder executivo eleito. Atualmente, entre os grupos de interesse figuram empresas transnacionais, organismos internacionais, burocracias instaladas, tribunais de foro nacional e supranacional. Pouco ou nenhum lugar há para os cidadãos expressarem a sua voz, no que diretamente lhes interessa, fora dos circuitos semi-fechados que são os partidos políticos. Ou não trazem a sua narrativa para a discussão ou a narrativa contrária ao poder é consecutivamente classificada de protesto ou incidente. Numa boa ficção, trata-se de levantar um anti-herói. Sem Heitor o que seria de Aquiles? Sem Agamemnon conheceríamos nós Electra? Quem são hoje as Antigonas? Para que queremos nós valores políticos?

A ausência de valores, de um determinado jogo de valores, era o papel do Niilismo. Mas não lhe cabia o papel de cárcere. Era suposto dele sair um homem novo. Feito de valores por si eleitos como os melhores para si e para os seus concidadãos. Aos fracos cabia o papel de destruir em vez de criar, ou então o se deixar ficar preso, prolongando assim a existência ao seu guarda. Esta é também a opção dos que se perderam no modernismo do centro comercial.

Parte das pressões ou simples manifestações de interesses expressas por empresários, banqueiros e ideólogos favorecem uma narrativa económica, financeira e política. A sua intensão nunca é prejudicar-se nos seus interesses. Não faz parte da natureza do grupo de interesse dar tiros no pé, falhar a mira. Seja um grupo maioritário ou minoritário, todo o grupo de interesse, que pode até ser apenas uma só pessoa, pretende que lhe seja dado o direito de fazer algo em seu benefício; de exercer certo tipo de atividade económica, que a sua ideia seja contemplada no desenhar da política pública. Quer seja por regulamento, ou por eliminação de regulamento em vigor. Por regulação ou por afrouxar essa regulação.

Acerta portanto Miguel Poiares Maduro, quando reconhece que há várias formas de fazer política. Penso que se identifica com a narrativa de dividir a política em três dimensões. A da estrutura política, a da política como um processo e a dos resultados após aplicação. A narrativa alheia, quando classificada de construção de realidade alternativa, passa a falsidade por ser uma construção quando baseada numa fé. Tem-se fé de que é assim. Não se sabe bem como explicar, não se compreende na totalidade o processo, o fenómeno ou até a estrutura.

Existem posições a favor e contra, a validade da narrativa. Como processo metodológico de compreensão da realidade, está limitado pelo tempo empregue na recolha de dados. Quanto mais tempo melhor mas, mais tempo também significa maior distancia em relação ao fato em análise. Não só distancia temporal como também distanciamento. A utilização de personagens e de um enredo com a existência ou não de um público, obrigam ao distanciamento necessário para a reflexão, no ato da construção da narrativa. O tempo apenas altera a realidade porque a vida conta-se em todos os segundos. Cada segundo conta.

A crítica à excessiva quantidade de tempo necessária para a recolha de dados é uma crítica impulsionada pela economia de tempo mas também pela preguiça. Usada de forma adequada, a narrativa é um  método tão válido como qualquer outro método do processo político. Se sujeita a regras, pode ser incorporada em teorias existentes e em modos de ver a realidade, em ideologias, em novas normas, em novos regulamentos. As narrativas podem ser utilizadas para estabelecer consensos, para favorecer a difusão de políticas, para por fim, levar à adoção de determinada política pública. Não há outro fim para a política que não seja a da adoção de políticas públicas. Na literatura sobre políticas públicas, a narrativa aclara como e porquê os dados são interpretados e transformados em novos regulamentos, no ato de regulação. Quando ouvimos falar em ausência de regulação, todas as narrativas contam ou contaram. A própria ausência faz parte de uma narrativa que foi contada a quem tem o poder de decidir. Não é necessariamente a mesma narrativa que, aquele que tem o poder de decidir, expõe publicamente. Basta alguma imaginação para abrir as possibilidades de interpretação de um regulamento. Se ninguém se queixar, pode até ser uma possibilidade muito lucrativa. Poucos são os regulamentos que se auto-denunciam. O ato de protestar não deveria nunca ser classificado como um incidente em política. 

Para os pós-estruturalistas a crítica era direcionada essencialmente para as metanarrativas, pelo seu perigo totalizador. Mas isso já é Filosofia e isso é outra coisa. Os homens providenciais, ou que se acham como tal, são os mais perigosos. É para eles que devemos olhar com maior atenção, para nos precavermos da deriva ditatorial. As avaliações de conjunto só são perigosas se baseadas em fracos valores.

Por ausência de políticas públicas que se conheçam, o ministro Poiares Maduro assume todas as que herda de Relvas. Veio mais tarde mas assinou por baixo todas as anteriores decisões do Governo. Falou em estabelecimento de consensos mas nega o valor das narrativas para a eles poder chegar. É já um homem do aparelho partidário.

segunda-feira, junho 03, 2013

sábado, junho 01, 2013

Biciclette al cinema

La critical mass è un movimento nato a San Francisco, California, nel 1992 per sostenere l’uso delle bici in città e chiedere più piste ciclabili. Questo video raccoglie le più belle scene del cinema che hanno per protagonista la bicicletta. C’è anche una scena di un film del 1976 che per primo aveva immaginato una critical mass. Provate a indovinare da quali film sono tratte queste scene. Se non ci riuscite ecco la soluzione. Il montaggio è a cura di Giulio e Michele Toffoli.


 

quarta-feira, maio 29, 2013

Expletiva

expletiva | s. f.
fem. sing. de expletivo

Sabia que? Pode consultar o significado de qualquer palavra abaixo com um duplo clique.Experimente em:
Voltar ao Site da PriberamDicionário Priberam da Língua Portuguesa


expletiva |eisplè|

s. f.

Palavra ou expressão redundante ou desnecessária, mas que dá ênfase, força, graça, etc.


expletivo |eisplè|

adj.

1. Redundante; desnecessário.

2. Epentético.
3. [Gramática]  Que é usado sem qualquer necessidade semântica ou sintática, mas apenas por questões de estilo ou de ênfase.

terça-feira, maio 28, 2013

“Sr. Euro” debaixo de fogo


Lido no Presseurope.eu
JEROEN DIJSSELBLOEM: “Sr. Euro” debaixo de fogo

NRC HANDELSBLAD AMESTERDÃO

28 maio 2013



Hajo / Caglecartoons

O presidente do Eurogrupo está a receber cada vez mais críticas. Depois de algumas gafes políticas, é agora acusado de ser excessivamente influenciado pela sua equipa de arrogantes funcionários do Ministério das Finanças holandês.
Às oito da noite de 13 de maio ficou a saber-se que os 17 ministros das Finanças da zona euro tinham acabado a sua reunião. “Finalmente, o Eurogrupo tem um gestor eficiente”, foi o comentário de um diplomata de um dos países do euro. Que gosta de manter as rédeas curtas quando lidera reuniões é um dos poucos elogios que o ministro holandês Jeroen Dijsselbloem recebeu desde que assumiu a presidência do Eurogrupo, em janeiro.
Basta fazer algumas perguntas a altos funcionários europeus e de governos nacionais e a outras partes envolvidas para obter uma longa ladainha de queixas. Um dos aspetos que irrita muita gente é o facto de os funcionários holandeses do Ministério das Finanças estarem paulatinamente a assumir a coordenação do Eurogrupo. Como resultado, os pontos de vista coletivos têm um pendor holandês muito maior do que era costume até então.

Nomeação orquestrada pelos alemães

Ao contrário do seu antecessor, Jean-Claude Juncker, Dijsselbloem contratou um grande número de funcionários do Governo holandês para o Eurogrupo, o que parece confirmar a antiga fama de que os holandeses “falam muito e gostam de dizer aos outros como devem fazer”.
A nomeação de Dijsselbloem foi orquestrada pelos alemães. Quando, no ano passado, Juncker anunciou que deixava o cargo, o ministro alemão das Finanças Wolfgang Schäuble quis ser o seu sucessor. No entanto, quase toda a gente discordou dessa ideia porque uma Alemanha já dominante passaria a ser dona e senhora da zona euro. Quando, em novembro, Dijsselbloem sucedeu a [Jan Kees] de Jager e a Holanda pareceu adotar uma postura mais moderada, Schäuble passou a olhá-lo como uma alternativa leal. Não faltou quem manifestasse as suas dúvidas. Outros perguntaram: “Esta é uma missão que um ministro pode desempenhar ‘a meio tempo’?”, “especialmente alguém novo no cargo”, acrescentavam outros. Mas Schäuble, no entanto, não queria um presidente permanente e a tempo inteiro, temendo vir a deparar-se com mais uma instituição europeia. Schäuble queria que a presidência continuasse nas mãos de uma “capital europeia” porque, pelo menos ali, sabe-se o que se passa no mundo.
Mas, aparentemente, Schäuble mudou de opinião. Segundo algumas fontes bem informadas, a chanceler alemã Angela Merkel começa a estar convencida de que a Europa deve ter uma presidência e, isto, por várias razões.

Nostalgia de Juncker em Bruxelas

Para começar, em fevereiro, Dijsselbloem recusou excluir a possibilidade dos titulares de contas terem de ajudar a pagar as perdas dos bancos de Chipre. E isso acabou por provocar uma fuga de capitais. Depois, em março, aconteceu a tristemente célebre longa noite de negociações sobre Chipre. Foram tantos os participantes a ameaçarem opor o seu veto que contornar todos esses vetos se tornou um objetivo em si mesmo. E isso acabou numa decisão lamentável: os aforradores que tinham menos de €100 mil no banco, cobertos pelo Sistema Europeu de Garantia de Depósitos, perderam parte do seu dinheiro. Muitos observadores se perguntaram se Juncker teria permitido tal coisa. “Mas Jeroen Dijsselbloem, que ouve sobretudo os seus colaboradores em Haia, não fez nada”, diz um alto funcionário europeu.
Outro dos problemas que Dijsselbloem enfrenta é um certo vento de nostalgia a favor de Jean-Claude Juncker que sopra em Bruxelas. Juncker, o único outro presidente que o Eurogrupo alguma vez teve (desde 2005), é um federalista de uma espécie rara: tem autoridade. O seu espírito confuso e o seu problema de álcool parecem esquecidos.

Berlim irritada

A seguir, no final de março, Berlim não gostou das declarações de Jeroen Dijsselbloem ao Financial Times. O presidente do Eurogrupo defendeu que os titulares de contas bancárias deveriam, a partir de agora, dar uma contribuição financeira mais frequente em caso de resgate dos bancos. Os países europeus ainda estão a negociar este assunto. Nem todos os países são favoráveis a esta solução. Entre os seus partidários, o calendário suscita desacordo, bem como a questão de saber quem devem ser os primeiros sacrificados: os acionistas, os detentores de obrigações ou os titulares de contas?
Depois destas declarações de Dijsselbloem, as ações dos bancos europeus caíram. Isso não lhe custará a cabeça, diz um funcionário europeu. “Mas basta que a notação de um único banco europeu desça para que a cabeça dele role.”

Uma pessoa a tempo inteiro para o cargo

Pode perguntar-se se a escolha de um outro ministro como presidente do Eurogrupo não levantará os mesmos problemas. Assim, em vez de encararem a possibilidade de o substituírem, alguns defendem, para aquele cargo, uma pessoa a tempo inteiro, que não esteja à frente de um ministério nacional e que possa servir o interesse coletivo. “A melhor solução para o Eurogrupo”, diz Peter Ludlow, reconhecido historiador do Conselho Europeu, “seria a nomeação de um presidente permanente e com experiência. Uma pessoa a meio tempo e com dois cargos, não funciona”.
Toda a gente concorda que não é fácil liderar o Eurogrupo. Para além de 17 ministros é também composto por três membros da troika: o BCE, a Comissão Europeia e o FMI. Por vezes, as reuniões são tão tensas que há pequenos grupos que se isolam para tentarem primeiro entender-se entre si e, depois, convencerem os outros. Umas vezes, são os países dotados de um “triplo A” que preparam as decisões, nos bastidores. Outras, é o “clube de Frankfurt”: alguns dos maiores países da zona euro, o BCE e o FMI. Tudo se passa fora das estruturas, de maneira que os grandes, por vezes, espezinham os mais pequenos.

“O Eurogrupo é do século passado”

“O Eurogrupo é do século passado. Simboliza todos os falhanços da arquitetura da Europa”, diz Guntram Wolff, do grupo de reflexão Bruegel. No entanto, para retirar o direito de veto aos países do Eurogrupo e funcionar com votações por maioria, se os governos assim quiserem, será preciso alterar o tratado europeu.
Uma tal alteração do tratado pode demorar anos a ser feita. Uma alternativa poderia ser a celebração de um tratado diferente para a zona euro, que dissesse unicamente respeito aos países da zona euro. Mas essa iniciativa também não pode ser posta em prática de um dia para o outro. Enquanto espera, o Eurogrupo tem de fazer aquilo que pode. É por isso que tudo depende do peso e do tato do presidente. Talvez seja pedir demais a um ministro.

A Maria

À porta de casa,

Maria
bateu com a boca
no vidro
da janela
fechada
do carro.

Álvaro,
sentado,
no lado de dentro,
ao volante,
tinha esticado o braço,
levando a mão à frente,
para com o dedo abrir a porta.

O seu gesto
foi,
por Maria,
entendido
como
o pedido de lambidela
carinhoso.

O terceiro milagre da política

Quanto a méritos pessoais já falámos e quase tudo deve estar melhor escrito e mais bem dito. Miguel Poiares Maduro passará o teste a que se apresentou se decidir de acordo com a sua melhor consciência e o seu melhor conhecimento. Não conheço outra forma de um humano decidir.

Um dos lados positivos da experiência em curso a que damos o nome de União Europeia era, até há algum tempo atrás, a decisão em grupo, em equipa, no Conselho e agora apenas no Conselho Europeu nas matérias que lhe está reservado esse privilégio.
Necessariamente, as decisões suportadas por uma base alargada terão maior tempo de vida, se se revelarem acertadas. Diz-nos a História que as tomadas por consenso, mas erradas, podem conduzir e acabar através de uma Guerra.

Miguel Poiares Maduro é responsável pela sua equipa. Não acredito que lhe tenham sido impostos os nomes: de António Leitão Amaro como Secretário de Estado da Administração Local, de Joaquim Pedro Cardoso da Costa como Secretário de Estado para a Modernização Administrativa, de Manuel Castro Almeida como Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional e por fim de Pedro Lomba como Secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional.

Ficamos assim a saber que temos um doutorando em Direito nomeado adjunto do Ministro Adjunto, um belo estágio, em pleno Governo; um doutorando em Direito Público, ex Secretário-Geral da JSD, promovido de Deputado a Secretário de Estado da Administração Local; temos como Secretário de Estado para a Modernização Administrativa um fundador e vice-presidente do partido político Movimento Esperança Portugal, que anda nos gabinetes do poder desde 1988, teria à data uns 23 anos; por fim, como Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Manuel Castro Almeida, homem que subiu a escada do poder e a escada social, sempre com a bengala partidária, começando como Deputado na Assembleia da República, com menos de 35 anos, apesar dos seus já longos 19 anos de vida profissional.


A responsabilidade por estas escolhas é de quem? Tratam-se de imposições partidárias, presidenciais, de ambas ou de sua livre, ponderada, conhecedora e esclarecida vontade? Ficam as perguntas.
Há sempre o terceiro lado da política, normalmente o mais baixo. Aquele que nos tempos de hoje está completamente dominado pelos aparelhos dos partidos. Todo e qualquer outro grupo de pressão não passa de pedra no sapato. A menos que diga ámen, discuta futebol e de Cultura apenas conheça fado. Em suma, a alma da raça lusitana.
É um caso, multiplicado por quatro, em que claramente o elevado desemprego pressionou para baixo as decisões políticas. A escolha de uma equipa é já um ato político de decisão, que se quer esclarecida.





segunda-feira, maio 27, 2013

O Político

Miguel Poiares Maduro chegou apenas recentemente à Política. À chegada, foi, devido às suas capacidades e ao nível de conhecimento, já sobejamente provados, agraciado por outros de igual valia

Como académico tem e dá provas de Macau a Chicago, passando, entre outras, por Londres, Florença, Madrid e Lisboa.

Como político, digamos que a sua capacidade estava como que adormecida. Em termos apenas de intervenção porque, o processo indispensável de aquisição de conhecimento necessário à tomada de decisão leva o seu tempo. Antes de emergir está como que adormecido, em estado latente.

Apenas alguns se dão ao trabalho de formiga que é armazenar conhecimento e apenas esses poderão estar na posição de decisores políticos.

Estas duas fases e formas de se ser político são as que mais falta fazem à Política.

A Política vem sempre antes e só depois o Político.

Em construção...

Busco, Pedro, Miguel Poiares Maduro. Fico a saber que nomeou, entre os secretários de estado, Pedro Lomba. Pesquiso Pedro Lomba e chego ao artigo por si assinado, como jurista, e publicado num blog de jornal. Isto de escrever e gravar o texto num blog tem o que se lhe diga. Associada à ideia de blog está a perenidade que a Internet pode oferecer. Por vezes dá-se o fenómeno da multiplicação e os nossos escritos podem fugir do nosso controlo. Por mais que se elimine um endereço, coisa possível, há sempre um registo atrás de qualquer esquina. A Internet também tem esquinas, muitas.

Que lamentável! De nada.






Quinta-feira, 17 de Março de 2011; Lamentável é a ingratidão; Público, 2011-03-17; Pedro Lomba.


"A guerra colonial começou há 50 anos. Não é do meu tempo.
Só não tem o significado da guerra do Peloponeso,
porque,
digamos,
foi uma guerra que envolveu Portugal,
e Portugal sempre é o país onde nascemos.

É difícil falar dela sem ceder às brigadas do politicamente correcto.
Não foi o caso do Presidente da República,
que,
numa cerimónia
de homenagem
aos antigos combatentes,
invocou o exemplo 
da "coragem"
e do "desprendimento
com que os jovens de há 50 anos
assumiram a sua participação
na guerra do Ultramar".


Isto, que em qualquer democracia digna não mereceria mais do que uma nota de pé de página, no nosso
Portugalinho ainda não se pode dizer.
O policiamento a que somos invariavelmente sujeitos deprime.
A terreiro tinha logo de vir o Danton do burgo, Francisco Louçã, criticar 
Cavaco por "reescrever a História"
e "distinguir a intervenção militar".
E acrescentou a seguir o líder do Bloco de Esquerda:
"Cavaco Silva está em guerra com o passado. Só assim se compreende
comparar as "Forças Armadas de hoje com as da ditadura e do colonialismo."

Nunca me ocorreu fazer o mais leve reparo
sobre aqueles que, tendo sido forçados pelo regime
a combater
uma guerra
de que discordavam frontalmente,
resolveram desertar,
fugir
ou exilar-se.

(Recordo que essa infâmia
foi arremessada contra Manuel Alegre
nas últimas presidenciais.)

Não é só por falta de legitimidade histórica ou política.
Por uma questão básica de respeito:
eles tinham convicções
e se há exercício que testa
genuinamente
a consciência liberal de uma pessoa
é esse.

Nenhum Estado,
nem mesmo numa democracia
quanto mais numa ditadura,
pode dispor
em absoluto
das convicções de consciência
de uma pessoa.

E não preciso dizer que muitos são credores do nosso agradecimento:
lutaram por uma democracia que,
apesar de ter chegado a este estado doentio,
será
sempre
superior
às alternativas.

Pelas mesmas razões,
tenhamos a coragem de "vestir a pele"
dos muitos portugueses nascidos na década de 30-40
que tomaram a decisão precisamente contrária.


Melhor,
que não tomaram qualquer decisão,
porque encararam a participação
na guerra
como
um facto inevitável.


Foram muitos.
Entenderam que o seu dever era estar ali.
Fizeram-no pagando um preço pessoal elevado.

Para a maioria, presumo, não era Salazar nem Caetano.


Eram eles próprios,
era o sentido do dever,
da dignidade
e da sobrevivência.

Muitos eram milicianos,
não eram bem-nascidos nas burguesias
de Lisboa como o próprio Louçã e outros,
não tinham tempo para pensar em política.

E o que tem Louçã para dizer a esses portugueses:
que estavam enganados,
que todo aquele empenho,
coragem
e honra
não merecem nenhum respeito,
reverência
ou admiração.

Que eles não são,
nem podem
ser
exemplo
para
ninguém.


É isto que a cabeça totalitária de Francisco Louçã tem para lhes dizer.

Pois, como outros dizem,
não apaguem a memória.

Os antigos combatente são mesmo um exemplo.
E isto, repito, não é reescrever a História.
A História está escrita.
Tem sido escrita.
Não pode é ser a História contada pelos que dela se apropriaram.


Se Louçã percebesse,
já não digo valorizasse,
um mínimo da ética militar,
um mínimo da continuidade
de valores
que deve animar um país,
não diria que existiam
umas Forças Armadas
da "ditadura e do colonialismo"
e outras da democracia.


Existia um regime da ditadura,
tal como existe outro regime da democracia.
Sim,
não são iguais.

Mas
o dever militar,
que, entre outras coisas,
requer obediência e prontidão,
esse tem de ser o mesmo.

A culpa e a responsabilidade
pertencem aos políticos.

Os portugueses impreparados
que irresponsavelmente
partiram para a Flandres
em 1918
sabiam disso.

Louçã e companhia,
na sua falta de gratidão
e respeito pelo passado,
gostariam de esconder
os antigos combatentes,
fechá-los num armário
para que eles não apareçam,
porque
são a memória de um tempo iníquo.
E dizem-se eles democratas e liberais."


Não vejo onde, Jurista!



quinta-feira, maio 23, 2013

Um desaguisado

A propósito de uma suposta Ratoeira Alemã, vem, num artigo de opinião, André Macedo alertar para um suposto desaguisado entre a Comissão Europeia e a Alemanha. Tudo se passa em volta do encontrar de alvo a quem apontar por responsável no falhanço social - o mais sofridamente  experienciado, ainda que não resignadamente - e político em que nos vemos mergulhados desde o verão de 2010.
Como refere no artigo acima mencionado:
"...depois de termos engolido tudo, depois de termos sido acusados de todas as patifarias e desperdícios, agora que estamos de joelhos, com a dívida pública nas nuvens, agora que falta um ano para o fim do resgate... os pretensos salvadores zangam-se e reconhecem: este modelo não funciona e está carregado de erros".
O plural empregue no sujeito, o nós, que tem a barriga cheia e sente dores de acusação injusta, representa hoje 199 658 281 cidadãos. Salvo algum erro meu no uso da ferramenta excel, trata-se da população da Islândia, do Reino Unido, da Grécia, da Irlanda, de Portugal, de Itália, de Espanha, do Chipre e com a da Eslovénia já incluída. Esta é apenas uma das dimensões do falhanço, pois outros tantos podem juntar-se nem que seja por adesão empática. Em qual destas regiões da Europa se podem sentir os seus cidadãos a salvo da onda de insanas - pela excessividade e continuidade - decisões políticas?

Os programas de assistência estão na base da discórdia entre a Comissão Europeia e a Alemanha, ao que parece. Por mim, manifesto o conflito que me leva a discordar do suposto desaguisado. Um barulho surge através dos meios de comunicação social como um lavar de mãos seguido de um elogio. Nada mais errado para o meu ouvido. Se a poderosa região alemã é a quem se aponta, então é porque se reconhece implicitamente que é de lá que vem a liderança europeia. Não é César que lava as mãos mas sim Pilatos. Não passa o apontar, no entanto, de um erro de percurso. Também não é à Comissão Europeia que cabe o papel de administrador provincial. Para quem sentiu vocação para Administrador, o lavar de mãos ainda está por fazer. Mais tarde virá o dia, quem sabe.

O papel da Comissão Europeia na sinfonia de Bruxelas, no que de forma direta se relaciona com o desaguisado, resume-se a administrar a competência exclusiva da União no que concerne ao "Estabelecimento das regras de concorrência necessárias ao funcionamento do mercado interno"; e à "Política monetária para os Estados-Membros cuja moeda seja o euro1"; de acordo com o Tratado que em Lisboa foi assinado, depois de escrito em primeira mão na língua alemã. A primeira competência abrange os quase duzentos milhões de europeus em cima contabilizados. A segunda quase exclui cerca de 63 000 000 de europeus, mas apenas quase.

As assimetrias no mercado interno sempre existirão e, ao seu funcionamento, de pouco lhe valem as regras, estabelecidas ou não pela União. Os excedentes comerciais apenas deixarão de ser vistos com maus olhos, ou até como excedentes, quando vivermos de fato em União. Já alguém ouviu um texano a queixar-se da balança comercial comercial californiana? Ou vice versa? Um lisboeta de um berlinense ou parisiense? No tempo de Trajano, a Capadócia tinha ainda administrador romano mas, por certo, um que falava a língua dos cultivadores de trigo e dos chicoteadores de cavalos.

Se os erros apontados são de diagnóstico ou de má prescrição pouco ou nada interessa aos mais de 500 000 000 de europeus e seus associados. Parece sim que voltámos ao tempo das províncias imperiais e dos estados-clientes. No entanto, nem o Império Romano sofria ainda do complexo de Ingenuity Gap nem a televisão é hoje o único fornecedor de critical actors.

"In this new world we are entering, producers of content for electronic media, especially television, are critical actors: In a time of increasing fragmentation of audiences and message, they must work to build that broader moral community - and the global human identity - that will allow us to bridge the widening gulfs of wealth and power, and to begin the common search for solutions to the enormous problems we face"2.

Temos por hábito o apontar de dedo que não é mais do que aquela posição de chofer que comenta o texto no Correio da Manhã. Mas teremos ainda dinheiro para nos sentarmos no banco de trás?


1- Tratado de Lisboa que altera o Tratado da União Europeia e o Tratado que institui a Comunidade Europeia, assinado em Lisboa em 13 de Dezembro de 2007; in Jornal Oficial da União Europeia, de 17 de Dezembro de 2007; 2007/C 306/01

2 - The Ingenuity Gap in a Fragmented World, Thomas Homer-Dixon, address to Banff TV Festival, June 11, 2001

quarta-feira, maio 08, 2013

Keynes, Keynesians, the Long Run, and Fiscal Policy


Keynes, Keynesians, the Long Run, and Fiscal Policy

One dead giveaway that someone pretending to be an authority on economics is in fact faking it is misuse of the famous Keynes line about the long run. Here’s the actual quote:
But this long run is a misleading guide to current affairs. In the long run we are all dead. Economists set themselves too easy, too useless a task if in tempestuous seasons they can only tell us that when the storm is long past the ocean is flat again.
As I’ve written before, Keynes’s point here is that economic models are incomplete, suspect, and not much use if they can’t explain what happens year to year, but can only tell you where things will supposedly end up after a lot of time has passed. It’s an appeal for better analysis, not for ignoring the future; and anyone who tries to make it into some kind of moral indictment of Keynesian thought has forfeited any right to be taken seriously.
And there’s an important corollary: how you should go about getting to some desired long-run outcome may depend a lot on how you think the economy works in the short run.
I don’t like the framing of this Blanchard-Leigh piece , which simply takes it as a given that we should be engaged in fiscal consolidation even in the short run, and the only question is how much. The truth is that the economics suggests strongly that we should be engaged in fiscal expansion right now. Still, framing aside, Blanchard and Leigh do get at the right issue: because the short-run effects of fiscal policy may differ greatly depending on the state of the economy, appropriate policy depends hugely on where we are right now.
And look, this isn’t hard. The overwhelming fact about our current situation is that conventional monetary policy is played out, with short-run interest rates at zero. This means that there is no easy way to offset the contractionary effects of fiscal austerity (maybe there are exotic ways to do something, but they’re tricky and unproved). And this in turn means that austerity right now is a terrible idea: any fiscal savings come at the expense of reduced output and higher unemployment. Indeed, even the fiscal savings are likely to be small and maybe even nonexistent: lower output and employment reduces revenues, and may inflict long-run economic damage that actually worsens the long-run fiscal position.
The other things B-L mention,like credit constraints, just reinforce this basic point. (By the way: Gillian Tett notes today that consumer spending is now fluctuating dramatically with the timing of paychecks, suggesting a lot of people living hand to mouth. What she doesn’t point out is that this is a world in which Ricardian equivalence, in which expectations of future taxes drive current spending, is even wronger than usual — and fiscal multipliers will be large).
The point, then, is not to ignore the long run; it is to recognize that the boom, not the slump, is the time for austerity, and spending cuts right now are disastrous policy. In the long run we are all dead; the point is to avoid killing our economy before its time.