Parado. Este sinal vermelho segura-me, sem possibilidade de avançar ou recuar.
Não é por isso que aqui estou mas já que assim é, aproveito. A dúvida que me mantém neste ponto, qual zero absoluto, prende-se com a incerteza, ponderável, sobre qual a direcção a percorrer em pensamento.
Ao focar a reflexão no espectro temporal passado, deparo-me com uma dispersão considerável de factos, tão concretos como a minha visão permite que os absorva, tendo em conta a desfocagem da memória. Neste ponto, a dúvida reside em retirar daqui algo de válido para o que no futuro vou poder realizar.
É também incerto e quem sabe igualmente vasto, o espectro futuro.
Da decomposição destes dois periodos devem sobressair algumas certezas que se possam considerar válidas para construir um desígnio.
Como acontece com a neutralidade. Se colocarmos um corpo neutro num universo de entidades positivas e negativas, com igual representatividade e densidade de carga, em equilibrio, de que lado surgirá o elemento neutro? É tentador dizer- No meio pois então!-Apesar de ser quase impossível conceber esse ponto, quando não nos é possível ter a percepção do todo.
De forma natural diremos que é fácil escolher por onde não queremos ir. Ainda que consigamos identificar esse conjunto descontinuo de nãocaminhos, estaremos sempre perante um universo igualmente vasto e imensurável de possibilidades.
Será portanto uma questão de propôr e isolar cada uma das infinitas possibilidades com que nos poderiamos deparar do ponto exterior a esse imenso conjunto que é o universo de possíveis.
O espectro futuro, quando decomposto, é constituido sem qualquer dúvida por sonhos. Não podemos ser hipócritas e negá-lo. Trata-se de escolher os diversos sonhos que se combinarão de determinada forma e com aquela sequência, levando a um final idealizado.
Quanto maior fôr o número de micro-sonhos, dimensão justa quando comparado com o todo das possibilidades, maior é a incerteza associada a esse caminho, traçado.
Velho paradigma. Ao considerar a vida constituida por ciclos que se podem ou não repetir, a importância do passado é incontestável.
Da análise consciente dos factos antes referidos e sem perder a noção da incerteza a eles associada, podemos, igualmente, encontrar o tal desígnio.
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