Fadista Louco
A ideia de existir
Um Fadista Louco
Que não 0 melhor
Nos poemas cantados
No Fado,
Ou melhor
A ideia,
De ser eu,
O "Fadista Louco",
Será a razão
Para aprender
A cantar, a cantar
O Fado,
Ou melhor,
A ser eu
Fadista, Fadista
Louco.
_Nunca apanhei o vício do cigarro_ lançou ele, _Aos 9 anos comecei a trabalhar, cavando a terra. Custava naquele tempo 12 tostões, uma porção de tabaco._ Continuou, sem que eu o interrompesse, contando que naquela altura o isqueiro era proibido. Usavam uma pedra, que raspada noutra superfície, acendia o cigarro._Era para descançar as costas, fumava 5 ou 6 cigarros por dia. Eram os cinco minutos do descanço. Terminou, libertando por espanto, _ Nunca apanhei o vício.
Entre trabalhar na ponte de Lisboa, vender queijos de terra em terra e o trabalho "na lavra", fez de tudo. Fugiu com o pai de setúbal para a Comporta, por ser o seu velho Comunista e parecia agora fazer de memória viva da aldeia.
A aldeia da comporta está, hoje, maior. Mais casas de aluguer, mais turismo, mais gente. Há trinta anos tinha tudo isto mas em menor dimensão. As minhas recordações desses tempos são de uma época em que não se esperava por nada.
Desfrutava-se do Verão, das brincadeiras de criança, ao ritmo dos mais crescidos, sempre a lembrar-nos da hora de jantar, de tomar banho, dormir e da hora de parar de sonhar.
Afinal, o sr. Resistente e eu temos, como sempre e com todos, tudo isto em comum. Esperamos, sentados, pelo início da próxima viagem, recordando o tempo que passou.
Tendo escolhido aquela aldeia como refúgio para continuar a resistir, não sendo filho da terra, conhecia todos os que tinham um nome ligado à terra. Da minha madrinha dizia ser um amor de pessoa e que até lhe tinha feito uns cortinados que ainda lhe decoram a sala. Pareceu-me ser a única pessoa de quem tem uma boa recordação. Com o autocarro chegou o momento da despedida.
Boa Tarde.
By Johan Galtung - 13 Jul 09 We find it all over, right now in the streets of Tegucigalpa, Tehran, Urumqi; as massive killing in connection with US-Allies attacks on Iraq, Afghanistan and Somalia, and elsewhere. There will probably be much more, looking at the world conflict maps. |
Há noites em que é tudo o que eu queria.
perdido no fundo do meu exílio.
sinto dor é um martírio
como quando não sabia o que fazia.
Ai! Era a alma que me doía
Tornaste-te para nós num círio
onde encontramos o único sitio
que pelos dias anónimos nos seguia.
Os amigos ou a música nos chamam
Isto não é para os que não amam
Ó rio que corres por entre as pedras!
Foges da turbulência da tua nascente.
Jovem, com pressa em ser grande,
Serás mar salgado, enorme, pesado e turbulento?
E que importa ao rio que, grande se desfaz,
Que se entrega de braços abertos ao oceano, em paz.
Terás memória suficiente para reconhecer
de que nascente és filho permanente?
És livre quando rio.
Corres desde fio
Até mar solto, profundo, frio.
Quantas vezes visitaste a nascente!
Diferente de ti sou, eu que embora quente,
Sou superfície sem espelho, tão indiferente.
Só corro, lento, parado por vezes.
Sem certeza de que mar será meu fim.
Diferente de ti, sendo eu água de ti,
Choro-te já turbulento, salgado, sem lamento.
Profunda tristeza nesta melancolia tranquilamente indiferente.
Eu, rio, sou mar e sou desalento.
Cada dia que se acaba eu aumento.
Já agora, devo também relatar que não vi ninguém a oferecer cravos.
Nem a Polícia, nem os manifestantes, nem os turistas, nem os comerciantes.
Já não se dão cravos no dia em que se comemora a Revolução dos cravos.
Dá-se pancada.
Dão-se péssimos exemplos de tolerância.
Mas continua a ser legal o cartaz do PNR em pleno Marquês de Pombal. Tem, mesmo, direito a protecção policial.
Uma sociedade dita activa, quando se trata de defender as melhores soluções para os seus problemas, que alicerça essas soluções em valores e que os projecta numa forma de organização política a que chamamos Democracia, é, a meu ver, uma sociedade que intervém.
Quanto à forma individual de participar nessa escolha, surgem então as seguintes questões – Como pode um indivíduo, membro desta comunidade, com pleno direito a participar na sua construção, escolher a melhor alternativa, não para si, apenas, mas para o bem comum, sem estar devidamente informado acerca das diversas possibilidades de escolha? A quem cabe o dever de informar?
Em primeiro lugar e desde logo, às instituições que dispõem de informação oficial, formalizada através de um quadro de valores estabelecidos o mais consensualmente possível. Esta pode parecer uma conclusão demasiado óbvia, e por isso, de certa forma irrelevante. Mas será mesmo assim?
No que concerne com esse suposto quadro de valores, cabe claro, às instituições, às organizações e a todos os particulares que o defendam, transmitir essa informação. É pois uma responsabilidade que obriga a todos. Esta é, também, a raiz da organização da sociedade, politicamente falando, por partidos.
No plano das instituições, e tratando-se de valores fundacionais de uma sociedade, parece-me perigoso que defendam uma orientação oficial desses valores já que estes não são referendáveis.
O processo eleitoral, quando transparente e livre, “dita” a força do partido, da ideia, do valor, do modelo mais votado para a construção dessa sociedade, bem como para o seu desenvolvimento.
Posto isto, vou então voltar à questão formulada anteriormente sobre o dever de informar. A responsabilidade de fornecer / obter informação.
Numa sociedade evoluída, democrática e em plena era da Informação, cabe às suas instituições, em primeiro lugar, aquelas que têm precisamente como função defender e fazer aplicar os valores normalizados e aceites, fornecer toda a informação. Aqui, há que ultrapassar a ideia mais ou menos plasmada no inconsciente individual, referindo-me às leis, de que o desconhecimento não desculpa o incumprimento. Princípio com o qual discordo em grande medida. Punir sem informar previamente é tanto uma chantagem como é também uma forma ditatorial de fazer valer a lei.
Para cada grupo social que se torne isolável por partilhar um mesmo conjunto de características, deve, a instituição, recorrendo a todos os meios postos ao seu dispor, fornecer a informação necessária. Educar. Transmitir o conhecimento para que possa ser replicado nos actos individuais desse grupo isolado. Cabe igualmente ao interessado manter-se disponível para receber a informação mais actualizada.
Resumindo, o indivíduo dá à organização, à instituição, os meios para que forneça informação e a responsabilidade de a transmitir. Processo dialéctico e dialogante, de preferência.
Apenas atingido o estado de conhecimento necessário e suficiente, pode o indivíduo, o grupo, escolher conscientemente, racionalmente. Ou seja, exercer a liberdade que advém da escolha racional.
Quando o problema que se põe é novo, não normalizado, não se pode pedir à instituição que nos representa e à qual incumbimos o dever de nos informar e proteger, que escolha por nós. Cabe-nos então, como sociedade activa, estabelecer a nova norma que queremos ver defendida e aplicada.
A sociedade vê-se então perante uma nova questão, um novo desafio e tem, apenas ela, a responsabilidade de encontrar a solução que melhor se adapta ao problema colocado. Como chegar lá é agora a questão.
Em primeiro lugar fomentando o livre debate de ideias, seguido da divulgação e transmissão das possibilidades encontradas, tendo no fim lugar o processo decisório.
Aqui, convém garantir a existência de um órgão neutro que se encarregue de todo o processo e de garantir a sua democraticidade. Se possível, esse órgão deve ser exterior ao grupo para legitimar no exterior, a solução encontrada.
Toda a instituição é questionável, destituível, estando o processo que leve a que tal aconteça, consagrado.
Neste momento da reflexão surge então o papel das elites. Penso na elite como corpo da arête, como o defendiam e ensinam os “Clássicos”. Quem dispõe do conhecimento retrospectivo, quem pode reflectir com base na História, tal como nos ensinam, dispõe das melhores ferramentas para orientar ou então para colocar as hipóteses mais adequadas, de acordo com o quadro de valores perpetuados ao longo das gerações que nos antecedem.
Onde está então a nossa elite?
Venho convocá-la para a discussão que se impõe. Questionando tudo e todos. Sem receios ou complacências. É preciso chamar os membros da sociedade para que falem.
Tahar Djaout era o nome de um escritor e jornalista argelino, morto em 1993, no período em que aquele país se viu confrontado com um tortuoso processo político e eleitoral. Este escritor, defensor em primeiro lugar da Liberdade, escreveu, entre outros, o livro “Os Vigilantes”.
Na edição portuguesa, este livro contém uma nota editorial antecedida por uma reflexão de Tahar Djaout que deixo agora à vossa consideração:
“ O silêncio é a morte
E tu, se falas, morres
Se te calas, morres
Então, fala e morre.”
E vós, como quereis morrer?