terça-feira, janeiro 26, 2010
NE CHANGE RIEN
sexta-feira, outubro 02, 2009
O Falcão
Fui guloso e comecei pela queijada. Seguida pelo café em chávena grande.
Nos mercados há regras. -"Só pode entrar às 7!"
- Começamos todos ao mesmo tempo? Mesmo sendo o primeiro? Ninguém com vontade de comprar tesouros! Eu não posso comprá-los?
Agora sim! Está tudo a postos.
Todos prontos para servir os prazeres que pessoas como eu procuram.
As cenouras parecem bonitas, estão demasiado bonitas, aliás.
Comprava uma couve, ali do meio do corredor.
Tenho comprado boas uvas. Irei, pois, procurar por boas uvas e baratas.
O fiscal é como o Falcão que afugenta os Pombos da pista.
Ningém vende nada, ninguém compra nada.
Levo daqui um pimento, um queijo, um pão, uvas.
Caminho
Não vejo nada.
Encontro-me numa sala,
sem tecto.
De cima entra uma luz tão limpa e clara,
branca,
como o branco das ondas a desfazerem-se na areia.
Não se vê nada.
Sinto o crepitar do fogo preso nas velas,
que iluminam o chão,
delimitando o caminho a percorrer.
quarta-feira, setembro 16, 2009
Pour Pasolini
Não sei bem porque gosto tanto desta parte de "Caro Diário", se é só pela música, se pela poesia da imagem, se pela beleza e mestria do take (começa aos 59''). Merecida homenagem.
sexta-feira, setembro 11, 2009
Na Praça
Ora são os vegetais, frescos, policromados, que observo cá do alto, ora os produtos habituais, para mim, na Praça. O queijo, o pão, o peixe, talvez, fruta, e hoje coentros de certeza, para a massa de peixe de que desfrutarei por certo em casa.
Para mim, casa é em Lisboa. Um quarto, sem sala, com cozinha e pouco mais.
Que importa ao pombo o poleiro da janela, se o que lhe interessa é mesmo a pomba, ou seja, o prazer. O Desejo é o sentimento que o faz correr por entre folhas de alface, cenouras ou uvas doces.
O chá não vem, não sei que faça. Quase durmo, é preguiça. Dormir posso sempre mais tarde.
Quero um queijo, um pão, uvas, figos, coentros e salsa, cebolas se forem boas, que não façam chorar muito, também levo.
Vou procurar a menina mais bonita, que me vende estes tesouros pelos quais anseio, seja doce e bonita, nova ou velha, eu levo um conto.
Talvez amanha leve o peixe que, de certeza, me agrade.
"Cheers"
Não quero dizer que é o único carteiro em Boston, mas é o único que entra no Cherrs no final da ronda.
Penso em Cliff por me identificar com a personagem que pensa que sabe muita coisa, que até sabe, que pensa que são coisas interessantes para "revelar", que não são, e que pensa que eles não fazem ideia do facto que irá lançar como grande novidade.
Cliff é aquela personagem que quando é chamado para informar, ser um programa ao vivo, isto é, gravado perante um público, como se de teatro se tratasse, aviso para os tele-espectadores, claro, fá-lo convencido de que pouca gente tem conhecimento que "Cheers" é gravado perante uma audiência, viva.
Hoje sinto-me o Cliff, embora haja sempre uma parte, em cada um deles, com a qual nos identificamos, por instantes. Será esse o segredo do sucesso deste clássico?
Guernica II - Eu político me confesso
Espero que conste no testamento o meu primeiro acto consciente e recordado. Um funeral. Dia de "feriados" escolares, no ano da morte de Zeca Afonso. Entrei pela primeira vez num cemitério para assistir ao seu enterro. Teria 13, 14 anos. Que não quero fazer as contas. Para lá do caos, devido à multidão, recordo caras conhecidas a segurar a urna, ou na marcha que se fez, lenta, até à sua cova funda. O Janita?, o Vitorino, O Manuel Alegre. Acerca do último, vejo uma reportagem no "Público", a propósito da sua despedida do cargo de Deputado na Assembleia da República. Coincidências entre homens políticos? A sua despedida e a minha lembrança? Os comícios, no tempo dos comícios, não contam, que ia à Praça apenas para ver os artistas.
As manifestações contra as propinas, na 5 de Outubro, mas principalmente em frente à casa da qual o outro senhor se despede, deixaram, sem dúvida, marca profunda em mim. Também a Ponte, as portagens, as cargas policiais então muito na moda, a mando de um outro senhor que nada sabe ou de pouco se lembra.
Testamentado pode ficar também, uma participação efectiva como candidato, nas listas para a Associação de Estudantes de Ciências, a tal Lista que foi "apenas pagar" as contas da "S", mas da qual me afastei de imediato, ao ver a fome que por ali havia. Não de Feijoada mas do seu tacho.
Alegro-me (já sem referência ao senhor Deputado Poeta) apenas do facto de ter participado, como membro da Assembleia de Representantes da Universidade, na eleição do Reitor. Votei, sem problema pela franquesa, no Professor Barata-Moura. Por mais nada, os tempos da Joana que não comia o prato mas a papa foram importantes mas, à data era também o artista que ia ver. Fique ainda a participação na manifestação contra a Guerra de Invasão do Iraque (2003), no dia de aniversário de minha mãe. A figura de cartaz, de cartola à Tio Sam e pistola em riste, chamava-nos, de cara alegre (igualmente não pondo o senhor Deputado no barulho), e quer-me ainda parecer que o senhor Deputado Poeta também por lá se manifestava.
Se alguém o disser de mim, eu confirmo. Pela amostra podem imaginar o autor tão político como o artista de Guernica? Eu político me confesso.
"Guernica"
Sobre Camões
"Luís de Camões"
"...
Em certo modo viveu o que cantou, sendo, assim,
o único épico que foi lírico ao sê-lo.
Essa sua singularidade, que é uma virtude,
é, como todas as virtudes, origem de vários defeitos."
quarta-feira, agosto 26, 2009
De novo na Graça
sexta-feira, julho 31, 2009
Lendo "LORD JIM",
"Who? I? said Marlow in a low voice.
"Oh, no! But he was; and try as I may for the success of this yarn
I am missing innumerable shades - they were so fine, so difficult
to render in colourless words.
e J. Conrad continua,
Because he complicated matters by being so simple, too - the simplest poor devil!
By Jove! ...
FADO LOUCO
Fadista Louco
A ideia de existir
Um Fadista Louco
Que não 0 melhor
Nos poemas cantados
No Fado,
Ou melhor
A ideia,
De ser eu,
O "Fadista Louco",
Será a razão
Para aprender
A cantar, a cantar
O Fado,
Ou melhor,
A ser eu
Fadista, Fadista
Louco.
quinta-feira, julho 30, 2009
O sr. Resistente
_Nunca apanhei o vício do cigarro_ lançou ele, _Aos 9 anos comecei a trabalhar, cavando a terra. Custava naquele tempo 12 tostões, uma porção de tabaco._ Continuou, sem que eu o interrompesse, contando que naquela altura o isqueiro era proibido. Usavam uma pedra, que raspada noutra superfície, acendia o cigarro._Era para descançar as costas, fumava 5 ou 6 cigarros por dia. Eram os cinco minutos do descanço. Terminou, libertando por espanto, _ Nunca apanhei o vício.
Entre trabalhar na ponte de Lisboa, vender queijos de terra em terra e o trabalho "na lavra", fez de tudo. Fugiu com o pai de setúbal para a Comporta, por ser o seu velho Comunista e parecia agora fazer de memória viva da aldeia.
A aldeia da comporta está, hoje, maior. Mais casas de aluguer, mais turismo, mais gente. Há trinta anos tinha tudo isto mas em menor dimensão. As minhas recordações desses tempos são de uma época em que não se esperava por nada.
Desfrutava-se do Verão, das brincadeiras de criança, ao ritmo dos mais crescidos, sempre a lembrar-nos da hora de jantar, de tomar banho, dormir e da hora de parar de sonhar.
Afinal, o sr. Resistente e eu temos, como sempre e com todos, tudo isto em comum. Esperamos, sentados, pelo início da próxima viagem, recordando o tempo que passou.
Tendo escolhido aquela aldeia como refúgio para continuar a resistir, não sendo filho da terra, conhecia todos os que tinham um nome ligado à terra. Da minha madrinha dizia ser um amor de pessoa e que até lhe tinha feito uns cortinados que ainda lhe decoram a sala. Pareceu-me ser a única pessoa de quem tem uma boa recordação. Com o autocarro chegou o momento da despedida.
Boa Tarde.
quarta-feira, julho 29, 2009
segunda-feira, julho 13, 2009
Sr. Galtung,
By Johan Galtung - 13 Jul 09 We find it all over, right now in the streets of Tegucigalpa, Tehran, Urumqi; as massive killing in connection with US-Allies attacks on Iraq, Afghanistan and Somalia, and elsewhere. There will probably be much more, looking at the world conflict maps. |
sexta-feira, julho 03, 2009
DEMOCRACIA
«Nos centros alimentaremos a mais cínica prostituição. massacraremos as revoltas lógicas.
«Às terras aromáticas e dóceis! _ ao serviço das mais monstruosas explorações industriais ou militares.
«Até mais ver!, não importa onde. Recrutas do próprio querer, teremos a filosofia feroz; inaptos para a ciência, esgotados para o conforto; e que os outros rebentem. Este é o caminho. Em frente, marcha!»
tra-i-du-ção de Mário Cesariny, do poema DÉMOCRATIE, de Jean-Arthur RIMBAUD
quarta-feira, maio 20, 2009
Precários
sábado, fevereiro 07, 2009
Esperanças concretas em sistemas que se mudam por dentro?
Talvez o conhecimento do que significa a mudança ajudasse para compreender ao que se alude quando de mudança se fala. Aliás era bom saber que a mudança já aconteceu. Como seria possível a eleição de alguém sem o apoio de um partido e sobretudo sem a legal ajuda de financiamentos interessados nas suas causas particulares, que minam a saúde das democracias? Neste caso parece que se deve à esperança.
Para quem vota e sobretudo para quem vota num improvável vencedor é mesmo, a esperança, a única coisa que se pode ter numa democracia. Discutem-se ideias sendo estas opostas por vezes, parecidas noutras, sendo sempre igual o objectivo. O debate que interessa, é o das ideias. A medida do acomodamento ao sistema em vigor vê-se bem pela falta destas.
O caminho das ideias é muito comprido. Para uma boa parte a carga tornou-se demasiado pesada tendo lançado fora o lastro do conhecimento. Também há quem diga que nestes tempos confusos o mais sensato será mesmo repetir as ideias afirmadas no passado, para evitar enganos de trajectória. Goste-se ou não da ideia de democracia, quem nos garante que ela está para ficar? Quantas constituições foram postas na gaveta para dar lugar à escuridão da arbitrariedade e ao abismo da guerra? É sensato defender o menos mau dos sistemas.
É possível melhorar todo e qualquer sistema pelo simples facto de ser uma construção humana. A selecção natural fê-lo por nós.
Se não for pelo sentido de responsabilidade, a que ninguém está obrigado, pode ser pelo desejo de viver, pelo instinto de sobrevivência. A história pode-se prestar às mais variadas leituras mas saibamos que o passado pesa tanto mais quanto mais fundo se escava. Tenho uma forte e cândida esperança em que a consciência do passado não se tenha apagado nesta geração que cresceu com os diversos saneamentos da história. Posso questionar uma leitura mas isso nunca apagará o passado.
O nosso tempo é caracterizado pela falta de memória aos mais diversos níveis. Alguns de nós têm acesso a um mundo de informação, ilusoriamente imaginado como eternamente ao alcance de um clique. Já não vamos a bibliotecas, já não memorizamos nada. Se ainda temos essa capacidade porque não a usamos? Ainda nos arriscamos a ficar conhecidos como a época do esquecimento.
Se um mundo novo surgir desta crise, talvez seja pelo potencial de utilização de outras fontes de energia, que permitem e podem transformar a sociedade. Não tenhamos dúvidas de que essa escolha será feita pelos que elegermos. Será todo um mundo novo mas não ainda o que Ridley Scott projecta para 2019. As possibilidades de progresso não nos levarão, para já, a habitar outros planetas mas a “reforma infalível” de alguns usos, pode estar mais próxima.
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
sábado, janeiro 31, 2009
The Great Illusion
By PAUL KRUGMAN
Published: August 14, 2008
So far, the international economic consequences of the war in the Caucasus have been fairly minor, despite Georgia’s role as a major corridor for oil shipments. But as I was reading the latest bad news, I found myself wondering whether this war is an omen — a sign that the second great age of globalization may share the fate of the first.
If you’re wondering what I’m talking about, here’s what you need to know: our grandfathers lived in a world of largely self-sufficient, inward-looking national economies — but our great-great grandfathers lived, as we do, in a world of large-scale international trade and investment, a world destroyed by nationalism.
Writing in 1919, the great British economist John Maynard Keynes described the world economy as it was on the eve of World War I. “The inhabitant of London could order by telephone, sipping his morning tea in bed, the various products of the whole earth ... he could at the same moment and by the same means adventure his wealth in the natural resources and new enterprises of any quarter of the world.”
And Keynes’s Londoner “regarded this state of affairs as normal, certain, and permanent, except in the direction of further improvement ... The projects and politics of militarism and imperialism, of racial and cultural rivalries, of monopolies, restrictions, and exclusion ... appeared to exercise almost no influence at all on the ordinary course of social and economic life, the internationalization of which was nearly complete in practice.”
But then came three decades of war, revolution, political instability, depression and more war. By the end of World War II, the world was fragmented economically as well as politically. And it took a couple of generations to put it back together.
So, can things fall apart again? Yes, they can.
Consider how things have played out in the current food crisis. For years we were told that self-sufficiency was an outmoded concept, and that it was safe to rely on world markets for food supplies. But when the prices of wheat, rice and corn soared, Keynes’s “projects and politics” of “restrictions and exclusion” made a comeback: many governments rushed to protect domestic consumers by banning or limiting exports, leaving food-importing countries in dire straits.
And now comes “militarism and imperialism.” By itself, as I said, the war in Georgia isn’t that big a deal economically. But it does mark the end of the Pax Americana — the era in which the United States more or less maintained a monopoly on the use of military force. And that raises some real questions about the future of globalization.
Most obviously, Europe’s dependence on Russian energy, especially natural gas, now looks very dangerous — more dangerous, arguably, than its dependence on Middle Eastern oil. After all, Russia has already used gas as a weapon: in 2006, it cut off supplies to Ukraine amid a dispute over prices.
And if Russia is willing and able to use force to assert control over its self-declared sphere of influence, won’t others do the same? Just think about the global economic disruption that would follow if China — which is about to surpass the United States as the world’s largest manufacturing nation — were to forcibly assert its claim to Taiwan.
Some analysts tell us not to worry: global economic integration itself protects us against war, they argue, because successful trading economies won’t risk their prosperity by engaging in military adventurism. But this, too, raises unpleasant historical memories.
Shortly before World War I another British author, Norman Angell, published a famous book titled “The Great Illusion,” in which he argued that war had become obsolete, that in the modern industrial era even military victors lose far more than they gain. He was right — but wars kept happening anyway.
So are the foundations of the second global economy any more solid than those of the first? In some ways, yes. For example, war among the nations of Western Europe really does seem inconceivable now, not so much because of economic ties as because of shared democratic values.
Much of the world, however, including nations that play a key role in the global economy, doesn’t share those values. Most of us have proceeded on the belief that, at least as far as economics goes, this doesn’t matter — that we can count on world trade continuing to flow freely simply because it’s so profitable. But that’s not a safe assumption. Angell was right to describe the belief that conquest pays as a great illusion. But the belief that economic rationality always prevents war is an equally great illusion. And today’s high degree of global economic interdependence, which can be sustained only if all major governments act sensibly, is more fragile than we imagine.
sexta-feira, janeiro 30, 2009
Boletim Meteorológico
Desacordo semântico?
canto um canto
pranto um pranto
começo no começo
sossego no sossego
parece e pareço
estudo o estudo
falo a fala
caminho o caminho
gosto do gosto
testo o texto
vejo-o o tejo
Um mundo de Paz
se o doente requer um médico
que a cura saiba para nos salvar,
então como esperar
que os remédios existentes possam servir para esta doença?
pensar. é preciso de novo pensar.
não quero remédio velho para crise nova.
mas se a crise é velha então prenda-se o médico.
ou estamos perante um caso de pura imprudência mundial.
globalizada que está a economia e global que se estende a crise.
ou procuramos uma solução global honesta e clara
ou caímos nas velhos remédios. Não se lembram?
1939-1945
antes amar.
se voltamos a cair nessa, juro que vou para outro mundo.um mundo de paz.
Pensionário
Pensionário
Fantasia
em parte por serem sempre verdade.
o amor é universal.
se disser que a minha nuvem se aclara quando penso no teu amor.
não é nada de original.
não é fácil sê-lo.
no amor nada é novo e nem é preciso inventar.
preciso é só amar. amar. ser verdadeiro.
não ter medo de nada.
gostar de dentro para fora. gostar por inteiro.
gostar tanto.
gostar até ter frio só de em ti pensar.
sobe o sangue ao coração e aí permanece.
deixa de dar calor à minha mão que a pensar em ti escreve.
pensar que de novo te posso sonhar é remédio para a maior crise.
se no fim for apenas fantasia, que seja a de um conto de amor.
EU JÁ NÃO SEI
Eu já não sei
Se fiz bem ou se fiz mal
Em pôr um ponto final
Na minha paixão ardente
Eu já não sei
Porque quem sofre de amor
A cantar sofre melhor
As mágoas que o peito sente
Quando te vejo e em sonhos sigo os teus passos
Sinto o desejo de me lançar nos teus braços
Tenho vontade de te dizer frente a frente
Quanta saudade há do teu amor ausente
Num louco anseio, lembrando o que já chorei
Se te amo ou se te odeio
Eu já não sei
Eu já não sei
Sorrir como então sorria
Quando em lindos sonhos via
A tua adorada imagem
Eu já não sei
Se deva ou não deva querer-te
Pois quero às vezes esquecer-te
Quero, mas não tenho coragem
Entre a dor e o nada
O pé dói-me tanto!
É naquele sítio do calcanhar já a subir para a perna.
Quando o pé acaba.
Dói-me o fim do pé e o fim da perna.
Dói-me o pé.
Dói-me a perna.
Dói-me tanto!
Parece que apenas tenho o fim do pé e o fim da perna.
Nem sinto mais corpo.
Já me dói tudo.
Tanto!
Não tivesse esta dor no fim do pé.
Não tivesse esta dor no fim da perna.
Não tinha mais corpo.
Não tinha nada.
Vivo ligado a um fim de pé e um fim de perna que me doem.
Não me doesse nada e nada era.
Era apenas aquele fim de fronteira.
Era a dor.
-Era tudo?
-Sim, era.
A perna agarrada a mim faz-me doer.
O pé que ali começa anda a doer-me.
A dor que ali trago prolonga-me.
Do pé para a perna vamos andando.
quarta-feira, janeiro 07, 2009
adn
Há noites em que é tudo o que eu queria.
perdido no fundo do meu exílio.
sinto dor é um martírio
como quando não sabia o que fazia.
Ai! Era a alma que me doía
Tornaste-te para nós num círio
onde encontramos o único sitio
que pelos dias anónimos nos seguia.
Os amigos ou a música nos chamam
Isto não é para os que não amam
De olhos abertos
não me deixam transcender. Liberto-me
pela transcendência. Pela transcendência
sou o poder. Criador de novos significados
respigados pela imaginação, quando
liberto dos poderosos grilhões olimpicos.
A minha transcendência é intransmissivel.
Sempre que vejo a lua, porque se interpõe
entre mim e o infinito, petrifico.
Transcendo. Quando acompanhados
apreciamos o nascer do dia, cada um
transcende individualmente. tu transcendes.
Eu transcendo. Nós transcendemos.
Nada no mundo transcende fora de nós.
A transcendência é aquela experiencia
de sair para fora de nós. Eu gostava de
transcender pelas palavras, pairar no intervalo
entre dois impulsos eléctricos cerebrais e
assim como que sentir-lhes o fluxo e
dominar as suas linhas de força e frear
ou acelerar a corrente. Depois temos que
regressar a nós, a casa. Eu transcendo a
ideia de um espelho de água calmo e
sereno quando mergulho e abro os olhos
debaixo de água. Mas de olhos abertos
transcendo.
Monotonia
Será apenas neste livro?
Dia após dia encontro novas páginas que quero rasgar. De novo encontro páginas em branco que me fazem querer escrever. Quero escrever nas suas almas. É isso acima de tudo o que me dá prazer. Nem as loucuras que se arrastam, nem o cansaço do dia nem mais nada. Só ler e isto, escrever nas almas de pessoas singulares, estimulantes e por vezes fugazes.
Na tentativa de encontrar a alma inerente a cada página.
De forma a quebrar a monotonia, sentida por uma página, cheia de linhas por preencher, continuo a escrever.
Agora, devido ao medo que sinto dos dias monótonos e insignificantes começo a ganhar a coragem para sair deste lugar sem lugar para mim.
Preciso de reunir as condições urgentemente. Ainda acredito na minha ideia.
Sem terceira via
A fragilidade das relações humanas torna as pessoas mais sóbrias."
David Grossman
Acrescento eu, amargas.
A coragem de se colocar no papel do nosso adversário e aí analisar a versão contraria à nossa, dá-nos a verdadeira e completa realidade.
A nossa e a outra.
O seu a seu dono
Tom Zé
9-05-06
Tenho frio
Num passado não muito distante, três anos, a presença na mesma cidade de uma pessoa muito especial, afastava de mim a sensação de estar perdido, num imenso espaço de pessoas desconhecidas.
Embora não tivesse um contacto muito frequente com Sofia, a sua presença em Lisboa dava-me a sensação de ter um abrigo no seu ombro e enchia a cidade agora vazia.
Sofia partiu para um país distante. Começou uma vida nova noutro país.
Eram completamente alucinantes os nossos encontros. Havia sempre a certeza de bons momentos, a possibilidade do inesperado se concretizar, a beleza de uma conversa inteligente, o deslumbramento com a sua enorme alma.
Por diversas vezes, foi também possível viver a cidade. Jantares, concertos, idas ao Teatro, entre outros momentos, davam-me a sensação de estar no sítio certo na fase certa da minha vida.
A sua partida foi um grande abalo. Disse-lhe no noite da nossa despedida: Fizeste com que a cidade parecesse mais pequena, mais acolhedora, menos fria.
Tenho a certeza de que apesar de ires para o país do frio, serei eu a tremer.
Entre nós há uma sucessão de voltas que, ora nos separam, ora nos aproximam.
Sobre a morte
a correr, sempre cheio de pressa. Quase não se
dá pela morte. E no entanto, morre-se
em cada dia que passa e de repente, sem
nos apercebermos, morremos.
Lisboa é uma dessas cidades. Raramente
nos apercebemos da morte sempre
presente.
no 204
as cartas, por ele distribuidas, esperavam, sem mostrar nervosismo, o momento de revelar aquilo que em conjunto ou isoladamente iría acontecer àquela alma.
o destino não eram as cartas, estas eram simplesmente o meio, o objecto, utilizado por ele para transmitir sua mais recente decisão. é certo que o jogador aceitava o jogo. não tinha ele lido as regras antes de entrar no quarto?
ao chegar ao hotel
que tinha sem saber procurado durante duas horas. era guiado por uma morada, expressa num anúncio de jornal; "empobreça, seja feliz. avenida da boa viagem n.º três, segundo andar.
na verdade foi o nome da avenida que lhe despertou a curosidade. aquele nome trouxe-lhe à memória num relampago, recordações de tempos vividos a um ritmo alucinante, cheio de experiências e viagens. era mais do que um sinal. era o destino que o chamava.
chegado ao hotel,
dirigiu-se à recepção e tocou na campainha com um gesto muito suave. não tendo ouvido toque que considerasse suficientemente audível, por quem o deveria receber, esperou alguns segundos e voltou a tocar a campainha, agora com força e de forma enérgica. estava ainda com a mão em cima da sineta quanto á sua frente surgiu um homem de aspecto cuidado, farda de hotel e muito velho de cara.
surgiu por detrás do balcão num impulso comprometido pois, tinha estado a dormir no chão fresco.
-estava à sua espera. o que o demorou? -surpreso, já não pela chegada súbita do homem que se lhe dirigia mas pelas suas palavras, mostrou-lhe o recorte do jornal e com o dedo apontou para a morada.
-sabe me dizer onde posso encontrar este sítio?
- não precisa de continuar a procurar. é aqui. -de súbito lembrou-se das palavras iniciais do velho e apoiando as mãos no balcão aproximou-se e olhando-o nos olhos perguntou-lhe:
-estava à minha espera? como é que me conhece? quem lhe disse que eu vinha? - todas estas dúvidas passaram-lhe pela frente e cairam em cima do velho como uma tempestade.
- calma meu jovem, confíe em mim que sei o que digo. estão à sua espera no 204.- a voz calma e ritmo pausado transmitiu-lhe serenidade e confiança, como é hábito nas pessoas mais idosas.
- então onde me devo dirigir? disse o 204? onde fica?
- sobe no elevador. é no segundo andar. segunda porta à direita.
- ainda o velho não tinha acabado já p.w. alva lhe tinha virado costas, dirigindo-se para o elevador que ficava ao fundo do hall do hotel. não tendo tido tempo de acabar a sua missão, o velho, contornou o balcão e correu a direcção do jovem.
- espere, tenho que lhe dar isto. leia com atenção, antes de entrar, é muito importante.
- alva, surpreendido com a agilidade do velho olhou para a folha azul que aquele lhe entregava e começou a ler.
"bem vindo. prepara-te para um jogo de cartas. por certo reconhecerás facilmente de que jogo se trata. existem duas regras. 1º rejeita uma carta. deixa o jogo proseguir e aproveita esse tempo para pensar no teu passado. com base naquilo em que acreditas, retira outra carta e guarda-a. 2º tens o poder de acabar o jogo quando entenderes. basta-te para isso dizer- termino o jogo. agora entra".
- alva estava bastante confuso. dentro dele, dois sentimentos impediam-no de tomar uma decisão. por um lado sentia-se receoso, que espécie de jogo que ele até conhecia era aquele?, por outro sentia uma enorme curosidade em saber quem iria encontrar dentro daquele quarto de hotel. algo lhe dizia que seria alguem bem conhecido. tratar-se-ia então de uma brincadeira, tipo partida, de um ou vários amigos. foi no entanto por outra razão que se decidiu a bater na porta do 204.
a sua veia de jogador cegou-lhe qualquer tipo de receio. era incapaz de recusar um jogo. preparou-se para bater à porta, pronto que estava para descobrir quem e o que o esperava, quando ouviu a porta do elevador a abrir. atrás de si, num passo lento e seguro viu aproximar-se em sua direcção, uma senhora.
pernas compridas, elegante de roupa e de corpo, com longos cabelos loiros. ficou paralisado com o braço erguido, a um palmo da porta.
ao reparar que estava a ser observada, baixou o olhar continuando a caminhar naquela direcção.
com isto, alva acabou por bater à porta e, ouvindo o som de um trinco de fechadura a estalar, rodou a maçaneta e entrou no quarto. não estava a fugir mas a evitar o embaraço de cruzar o olhar e daí surgir alguma pergunta, que era coisa para a qual não estava por certo preparado.
"antes a morte que tal sorte"
existe um problema perigosissimo em basear uma relação numa ilusão
um dia ela pode acabar
arrastando dessa forma muitas das certezas que assim descobres não serem afinal mais do que ilusões
sonhas, constróis ilusões, prossegues num caminho e de repente esse caminho acaba.
funde-se num mar de ilusões e entras em queda livre por te faltar um chão por onde avançar.
assim, de repente.
ainda mais rápido do que o tempo necessário para construir uma ilusão.
claro que o amor é uma ilusão
não serve portanto para ser a base de uma relação
no entanto acho-me incapaz de fazer um investimento de tipo especulativo em relação a alguém.
quando as acções têm margem de progressão compras e assim que encontras outro investimento
que consideras mais rentável vendes tudo e refazes a tua aposta
nem se trata de retirar mais valias
se sobe, apostas.
''Fragmentos diários''
Cá em casa esse objecto pertence ao guarda-fato.
Fato usado, gasto pelo tempo.
sábado, janeiro 03, 2009
What to Do
What to Do
The first task is the harder of the two, but it must be done, and soon. Hardly a day goes by without news of some further disaster wreaked by the freezing up of credit. As I was writing this, for example, reports were coming in of the collapse of letters of credit, the key financing method for world trade. Suddenly, buyers of imports, especially in developing countries, can't carry through on their deals, and ships are standing idle: the Baltic Dry Index, a widely used measure of shipping costs, has fallen 89 percent this year.
What lies behind the credit squeeze is the combination of reduced trust in and decimated capital at financial institutions. People and institutions, including the financial institutions, don't want to deal with anyone unless they have substantial capital to back up their promises, yet the crisis has depleted capital across the board.
The obvious solution is to put in more capital. In fact, that's a standard response in financial crises. In 1933 the Roosevelt administration used the Reconstruction Finance Corporation to recapitalize banks by buying preferred stock—stock that had priority over common stock in terms of its claims on profits. When Sweden experienced a financial crisis in the early 1990s, the government stepped in and provided the banks with additional capital equal to 4 percent of the country's GDP—the equivalent of about $600 billion for the United States today—in return for a partial ownership. When Japan moved to rescue its banks in 1998, it purchased more than $500 billion in preferred stock, the equivalent relative to GDP of around a $2 trillion capital injection in the United States. In each case, the provision of capital helped restore the ability of banks to lend, and unfroze the credit markets.
It seems doubtful, however, that this will be enough to turn things around, for at least three reasons. First, even if the full $700 billion is used for recapitalization (so far only a fraction has been committed), it will still be small, relative to GDP, compared with the Japanese bank bailout—and it's arguable that the severity of the financial crisis in the United States and Europe now rivals that of Japan. Second, it's still not clear how much of the bailout will reach the components of the shadow banking system—largely unregulated financial organizations including investment banks and hedge funds—that are at the core of the problem. Third, it's not clear whether banks will be willing to lend out the funds, as opposed to sitting on them (a problem encountered by the New Deal seventy-five years ago).
My guess is that the recapitalization will eventually have to get bigger and broader, and that there will eventually have to be more assertion of government control—in effect, it will come closer to a full temporary nationalization of a significant part of the financial system. Just to be clear, this isn't a long-term goal, a matter of seizing the economy's commanding heights: finance should be reprivatized as soon as it's safe to do so, just as Sweden put banking back in the private sector after its big bailout in the early Nineties. But for now the important thing is to loosen up credit by any means at hand, without getting tied up in ideological knots. Nothing could be worse than failing to do what's necessary out of fear that acting to save the financial system is somehow "socialist."
The same goes for another line of approach to resolving the credit crunch: getting the Federal Reserve, temporarily, into the business of lending directly to the nonfinancial sector. The Federal Reserve's willingness to buy commercial paper is a major step in this direction, but more will probably be necessary.
All these actions should be coordinated with other advanced countries. The reason is the globalization of finance. Part of the payoff for US rescues of the financial system is that they help loosen up access to credit in Europe; part of the payoff to European rescue efforts is that they loosen up credit here. So everyone should be doing more or less the same thing; we're all in this together.
And one more thing: the spread of the financial crisis to emerging markets makes a global rescue for developing countries part of the solution to the crisis. As with recapitalization, parts of this were already in place during the autumn: the International Monetary Fund was providing loans to countries with troubled economies like Ukraine, with less of the moralizing and demands for austerity that it engaged in during the Asian crisis of the 1990s. Meanwhile, the Fed provided swap lines to several emerging-market central banks, giving them the right to borrow dollars as needed. As with recapitalization, the efforts so far look as if they're in the right direction but too small, so more will be needed.
Even if the rescue of the financial system starts to bring credit markets back to life, we'll still face a global slump that's gathering momentum. What should be done about that? The answer, almost surely, is good old Keynesian fiscal stimulus.
Now, the United States tried a fiscal stimulus in early 2008; both the Bush administration and congressional Democrats touted it as a plan to "jump-start" the economy. The actual results were, however, disappointing, for two reasons. First, the stimulus was too small, accounting for only about 1 percent of GDP. The next one should be much bigger, say, as much as 4 percent of GDP. Second, most of the money in the first package took the form of tax rebates, many of which were saved rather than spent. The next plan should focus on sustaining and expanding government spending—sustaining it by providing aid to state and local governments, expanding it with spending on roads, bridges, and other forms of infrastructure.
The usual objection to public spending as a form of economic stimulus is that it takes too long to get going—that by the time the boost to demand arrives, the slump is over. That doesn't seem to be a major worry now, however: it's very hard to see any quick economic recovery, unless some unexpected new bubble arises to replace the housing bubble. (A headline in the satirical newspaper The Onion captured the problem perfectly: "Recession-Plagued Nation Demands New Bubble to Invest In.") As long as public spending is pushed along with reasonable speed, it should arrive in plenty of time to help—and it has two great advantages over tax breaks. On one side, the money would actually be spent; on the other, something of value (e.g., bridges that don't fall down) would be created.
Some readers may object that providing a fiscal stimulus through public works spending is what Japan did in the 1990s—and it is. Even in Japan, however, public spending probably prevented a weak economy from plunging into an actual depression. There are, moreover, reasons to believe that stimulus through public spending would work better in the United States, if done promptly, than it did in Japan. For one thing, we aren't yet stuck in the trap of deflationary expectations that Japan fell into after years of insufficiently forceful policies. And Japan waited far too long to recapitalize its banking system, a mistake we hopefully won't repeat.
The point in all of this is to approach the current crisis in the spirit that we'll do whatever it takes to turn things around; if what has been done so far isn't enough, do more and do something different, until credit starts to flow and the real economy starts to recover.
Financial Reform
How did this second great colossal muddle arise? In the aftermath of the Great Depression, we redesigned the machine so that we did understand it, well enough at any rate to avoid big disasters. Banks, the piece of the system that malfunctioned so badly in the 1930s, were placed under tight regulation and supported by a strong safety net. Meanwhile, international movements of capital, which played a disruptive role in the 1930s, were also limited. The financial system became a little boring but much safer.
Then things got interesting and dangerous again. Growing international capital flows set the stage for devastating currency crises in the 1990s and for a globalized financial crisis in 2008. The growth of the shadow banking system, without any corresponding extension of regulation, set the stage for latter-day bank runs on a massive scale. These runs involved frantic mouse clicks rather than frantic mobs outside locked bank doors, but they were no less devastating.
The Power of Ideas
sábado, dezembro 13, 2008
segunda-feira, dezembro 08, 2008
Pós materialistas
Nós vemos fotografias em revistas ou sofás
Pós de descobertas de lugares tão esquecidas após
Vós correis léguas em escadas rolantes
Nós trepamos colinas em escadas de pedra
Pós que sujam sapatos tão brilhantes já não após
Vós tendes três carros em garagem pessoal
Nós esperamos em filas para o passe mensal
Pós no pára-brisa que esperam sedentos após
Vós viveis cercados, filmando o que é fora
Nós amontoamo-nos em ruas que duram a hora
Pós tão presos que se desprendem das flores após
Vós morreis isolados da matéria fundamental
Nós mortos cansados de etérea ornamental
Pós materialistas somos todos, vós, nós, após
segunda-feira, novembro 24, 2008
Janelas
São elas que marcam o ritmo.
Umas seguidas por outras, acima, abaixo, ao lado.
Transformam muros em casas. Dão luz ao interior do sossego.
São a espinha dorsal de uma vida que se esconde, vista de fora.
Abertas, transformam em gruta a morada tão vetusta.
A graça é a minha janela sobre a cidade.
Daqui, vejo o mundo reflectido nas janelas da História,
símbolos erguidos no passado, construídos com suor.
A cada monumento associamos gente, um homem que o sonhou.
Mandado erguer, fez-se.
Nos vossos parapeitos, fincaram cotovelos as testemunhas do passado.
Depois de vós, outros fincaram e nelas se debruçaram.
Namoraram. Esperaram. Choraram. De vós saltaram. Acordaram.
Janelas negras. As do Carmo. Finas as da Estrela e do Castelo. Janelas.
Largas as de seda. Verdes as da Rua. Pequenas nas águas furtadas.
No cimo das casas belas noites passadas.
Cliché de Lisboa. Escrever numa esplanada.
São eles que estão de passagem.
Levarão a memória de um pôr de Sol na Graça.
quarta-feira, novembro 05, 2008
Como escrever: biliões ou milhares de milhões?
Como escrever: biliões ou milhares de milhões?
A escrita dos grandes números obedece às regras aprovadas na 9ª Conferência Geral dos Pesos e Medidas (CGPM), em 1948. Estas regras foram adoptadas oficialmente em Portugal, pelas Portarias nºs 14 608 e 17 052, respectivamente de 11 de Novembro de 1953 e 4 de Março de 1959.
Assim, definiu-se que os milhões, biliões, etc. são formados de acordo com a regra “N”1:
Deste modo, tem-se:
1Nos EUA segue-se a regra “n-1”, originando sempre confusão na comunicação social, falado ou escrita, quando se refere “biliões” que na Europa são “milhares de milhões”
segunda-feira, novembro 03, 2008
Silêncio
No final apenas um um longo silêncio.
Esta Rocha dura e fria em que me transformei apenas grita o mudo adeus.
Por sabê-la tão perto, temo falar demasiado.
A proximidade amordaçante não permite que diga em voz alta que acabou.
Está tudo redito.
Da caneta não pingam palavras como era costume.
O meu silêncio secou a pena de escriba.
Será uma simples recusa solidária ou falta de tinta?
Se de falta se trata, maior será o meu problema.
Onde vou agora encontrar, à venda, a tinta do amor?
Procuro pacificar a alma escrevendo. Não consigo.
-Silêncio!
-??!
-A vossa vida atribulada perturba o meu silêncio.
quarta-feira, setembro 24, 2008
sexta-feira, agosto 01, 2008
Eu-sô-rio.
Ó rio que corres por entre as pedras!
Foges da turbulência da tua nascente.
Jovem, com pressa em ser grande,
Serás mar salgado, enorme, pesado e turbulento?
E que importa ao rio que, grande se desfaz,
Que se entrega de braços abertos ao oceano, em paz.
Terás memória suficiente para reconhecer
de que nascente és filho permanente?
És livre quando rio.
Corres desde fio
Até mar solto, profundo, frio.
Quantas vezes visitaste a nascente!
Diferente de ti sou, eu que embora quente,
Sou superfície sem espelho, tão indiferente.
Só corro, lento, parado por vezes.
Sem certeza de que mar será meu fim.
Diferente de ti, sendo eu água de ti,
Choro-te já turbulento, salgado, sem lamento.
Profunda tristeza nesta melancolia tranquilamente indiferente.
Eu, rio, sou mar e sou desalento.
Cada dia que se acaba eu aumento.
terça-feira, junho 10, 2008
Etnologia
quarta-feira, junho 04, 2008
Adamada
.rasnep ervil od siaidnum soduef soa ecaf
sexta-feira, abril 04, 2008
Longe...
Queria testar o desalento
Lembrei-me de recorrer à poesia
Como forma de fugir deste tormento
Longe do estado habitual, poderia?
Aproveito para espalhar ao vento,
Vozes infectadas com douta alegria
Deste lugar em que hoje me sento.
Toca o telefone, atende a velhinha.
Queria alguém mais novo, que fazer!?
Atende uma voz simpática, vizinha.
Posso pensar neste fado e cobri-lo de prazer
Ajuda a ganhar palha para levar a vidinha
Desta ou d'outra forma, estou longe do meu ser.
terça-feira, abril 01, 2008
Em construção II
Não
Pesado.
Arrastado.
Pendurado pelos suspensórios no ponteiro das horas.
Ainda se fosse no dos segundos!
Nem alucinante viagem nem pausada alegria.
Avanço, por sentir alvescer o pêlo, sei-o.
Cruel tortura. - A hora que não passa!
- Já de nada serve lamentar o avanço, sei-o.
Não servirei para estudo de historiador,
seria uma tarefa monótona, vazia.
A carcaça a ninguém servirá.
Nem abutres em repasto a quererão.
Na marquesa também não me encontrarão.
Vivo sou um peso e depois disso um peso.
Não quero sair deste ano em que completo 35
sem me erguer mais uma vez.